quinta-feira, 31 de março de 2011

Política Ambiental

Frente Ambientalista
- Foi relançada a Frente Parlamentar Ambientalista que atuará na Câmara dos Deputados na 54ª Legislatura que vai até 2014.
- De acordo com o coordenador da Frente, deputado Sarney Filho (PV-MA), o grupo tem como objetivo apoiar políticas públicas, programas e demais ações governamentais e não governamentais que promovam o desenvolvimento sustentável.
- O parlamentar aponta entre os grandes desafios para 2011 impedir que as mudanças no Código Florestal sejam aprovadas de acordo com o projeto do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), e o início das obras da usina de Belo Monte, no Pará, sem o cumprimento das condicionantes ambientais.
Reflorestamento e Maurício Rands - Está pendente de análise da Câmara o projeto de iniciativa do deputado Maurício Rands (PT-PE), que prevê a concessão de incentivos - em pagamento ou compensação - para reflorestamento em assentamento rural, em áreas degradadas ou desapropriadas pelo poder público.
- Segundo o projeto, o governo federal deverá conceder o incentivo por meio de programas ambientais já existentes. As regras serão definidas pelo Executivo, que terá de regulamentar a lei no prazo de 120 dias após sua aprovação.
- Rands lembra que na última Conferência do Clima (COP-15), em 2009, o Brasil assumiu o compromisso de reduzir em até 39% a emissão de gases de efeito estufa até 2020.
- Essa meta - diz o deputado - não pode ficar no papel e apenas como retórica em defesa do meio ambiente. "É preciso concretizá-la."
Crédito Verde e Weliton Prado
- Em tramitação na Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei nº 36, de 2011, que institui o Crédito Verde - Crédito Ambiental de Incentivo aos Agricultores Familiares e Produtores Rurais.
- O objetivo da iniciativa, segundo seu autor, o deputado Weliton Prado (PT-MG), é incentivar a criação de áreas de preservação ambiental.
- Para ter direito ao crédito, o interessado deverá averbar no cartório de registro de imóveis "áreas ambientalmente importantes do ponto de vista da biodiversidade."
- Tais áreas deverão ter restrição de uso no mínimo semelhante à prevista para a reserva legal, e a preservação deverá ser garantida por, pelo menos, dez anos.
Codevasf
- O deputado Weliton Prado (PT-MG), apresentou à Câmara o Projeto de Lei nº 41, de 2011, que inclui os municípios situados na região do Alto Rio Pardo, no norte de Minas Gerais, na área de abrangência da Codevasf.
- Nas localidades onde atua, a Codevasf induz o desenvolvimento e revitaliza a bacia hidrográfica do São Francisco, por meio do apoio sustentável dos recursos naturais e à estruturação das atividades produtivas.
- Atualmente a companhia opera nos vales dos rios São Francisco e Parnaíba, abrangendo municípios de Alagoas, Bahia, Sergipe, Pernambuco, Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal e Maranhão, em um total de 970 mil km².
Código Florestal- Eleito presidente da Comissão da Amazônia, da Câmara dos Deputados, Gladson Cameli (PP-AC), anunciou que a reforma do Código Florestal (PL 1876 e apensados), em análise na Casa, é um dos assuntos prioritários para discussão no colegiado.
- Segundo Cameli. "é um dos temas que vou puxar para a pauta, porque diz respeito à Amazônia." Disse ainda que irá fazer um levantamento das propostas de interesse da comissão para colocá-las em votação o mais rapidamente possível.
Otávio Leite e o aterro sanitário- A Câmara dos Deputados avalia a proposta de criação de um aterro sanitário em uma área da União localizada no bairro de Gericinó-RJ. A medida está prevista no Projeto de Lei nº 62, de 2011, de autoria do deputado Otávio Leite (PSDB-RJ).
- Segundo o parlamentar, o imóvel, que era utilizado como campo de provas para o Exército e está desocupado há anos, é um "espaço perfeito" para o aterro.Ele ressalta que a cidade do Rio, a Baixada Fluminense e a Baía da Guanabara "correm sério risco ambiental por terem esgotados os espaços para despejo sanitário". - Leite lembra que a saturação do aterro de Gramacho e a inviabilidade da im­plan­tação do aterro sanitário em Paciência, na Zona Oeste do Rio, ampliam o problema.
Deputado Otávio Leite (PSDB-RJ)

Sandes Júnior: parecer ambiental
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 A Câmara dos Deputados incluiu na pauta dos trabalhos o Projeto de Lei nº 208, de 2011, do deputado Sandes Júnior (PP-GO), o qual dispõe que a paralisação ou a desativação de estabelecimentos potencialmente poluidores dependerá de parecer favorável do órgão ambiental licenciador.
- O objetivo, segundo o autor, é evitar que esses empreendimentos sejam desativados ou paralisados sem a adoção de providências para preservar o meio ambiente dos locais onde atuavam.
- O projeto altera a lei nº 6.938, de 1981, que define a política nacional do meio ambiente.
- A legislação atual determina que a construção, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades que usam recursos ambientais considerados potencialmente poluidores, dependem de prévio licenciamento de órgão ambiental, mas silencia nos casos de paralisação da obra.
O PMDB e o Código Florestal- A bancada do PMDB na Câmara dos Deputados vai discutir amplamente o projeto de alterações no Código Florestal com o propósito de construir uma posição comum a ser defendida nos debates do plenário.
- Entre os aspectos mais polêmicos do relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), estão a definição do tamanho da reserva legal de área verde e a anistia para quem já desmatou.
- Outros partidos com assento na Câmara dos Deputados também pretendem reunir suas bancadas com o mesmo objetivo.
Japão: tempos heróicos- Não fosse a disciplina, a organização e o respeito do povo japonês, a tragédia que devastou o país teria sido muito pior.
- Com quase 6 mil mortos e 9 mil desaparecidos, não se viu falar em saques e desobediência civil.
- Pelo contrário, técnicos voluntários arriscam a própria vida para salvar outras vidas e bens materiais.
- Um exem no meio de tanta tristeza!


Fonte: Folha do Meio Ambiente

terça-feira, 29 de março de 2011

Estudo diz que falta de água pode atingir mais de 1 bilhão em 2050


Mais de 1 bilhão de pessoas enfrentarão uma grave escassez de água em 2050 na medida em que o aquecimento global piorar os efeitos da urbanização, indicou um estudo nesta segunda-feira (28).

A escassez ameaça o saneamento em algumas das cidades de mais rápido crescimento no mundo, particularmente na Índia, mas também representa riscos para a vida silvestre caso as cidades bombeiem água de fora, afirma o artigo publicado nas Atas da Academia Nacional de Ciências (PNAS).

O estudo concluiu que, se continuarem as atuais tendências de urbanização, em meados deste século em torno de 990 milhões de moradores de cidades viverão com menos de 100 litros diários de água cada um – mais ou menos a quantidade necessária para encher uma banheira -, quantidade que segundo os autores é a mínima necessária.

Além disso, mais 100 milhões de pessoas não terão água para beber, cozinhar, limpar, tomar banho e ir ao banheiro.

“Não tomem os números como um destino. São o sinal de um desafio”, disse o principal autor do estudo, Rob McDonald, do grupo privado ambiental The Nature Conservancy (conservação de recursos naturais), com sede em Washington.

Atualmente, cerca de 150 milhões de pessoas estão abaixo do patamar dos 100 litros de uso diário. A casa de um americano médio gasta 376 litros por dia por pessoa, apesar de o uso real variar dependendo da região, disse McDonald.

Mas o mundo está experimentando mudanças sem precedentes no nível urbano, à medida que as populações rurais de Índia, China e outras nações em desenvolvimento mudam-se para as cidades.

As seis maiores cidades da Índia – Mumbai, Delhi, Kolkata, Bangalore, Chennai e Hyderabad – estão entre as cidades mais afetadas pela escassez de água. O estudo prevê que 119 milhões de pessoas não terão água suficiente até 2050 apenas nas planícies e no delta do rio Ganges.

A África Ocidental também enfrentará escassez em cidades como Lagos, na Nigéria, e Cotonu, em Benin, segundo o estudo. Outras cidades que sofrerão o impacto são Manila (Filipinas), Pequim (China), Lahore (Paquistão) e Teerã (Irã). 

Fonte: Redeambiente

segunda-feira, 28 de março de 2011

Nossa responsabilidade para com o meio ambiente

Autora: Leila Melhado
 
O que iremos deixar para as gerações futuras? Como reatarmos com a mãe Natureza através de pedidos de desculpas por inúmeros atos de insanidade, crueldade e ignorância?
Todos nós poderemos em comunhão com a natureza (ensinam os gloriosos Boff e Hans Jonas" - a ética da responsabilidade associada à ética da compaixão interligando-se ao entendimento com a natureza") modificarmos o nosso ecossistema.
Essa aliança transformará,sim as novas gerações! A perfeita integração de novas atitudes,com os princípios básicos de respeito, amor e compaixão com a natureza.
É preciso ter consciência que cada ação individual contribuirá para melhorar o nosso Meio Ambiente. Entre as várias maneiras de ajudar a preservar o nosso bairro, a nossa cidade,o nosso Estado, o nosso País e por que não o mundo é a integração entre políticas e planejamento. O envolvimento de amplos segmentos sociais, a participação popular, o incremento da cidadania e a consolidação de parcerias são tomadas como premissas básicas. Comecemos a reciclar o lixo e aproveitando os alimentos por inteiro, evitaremos o desperdício.
Também devemos:
  • diminuir o consumo de energia,
  • evitar banhos demorados;
  • utilizar tecnologias com o uso de fontes energéticas renováveis;
  • preocupar-nos em desligar as luzes dos ambientes vazios;
  • evitar o consumo exagerado;
  • não comprar produtos com muitas embalagens(que só multiplicam o lixo);
  • substituir o carro que emite 4,5 toneladas de carbono por ano, pela bicicleta;
  • usar mais o transporte coletivo;
  • andar a pé ou de carona.
Todas estas são atitudes que podem colaborar na minimização do processo de aquecimento pelo qual o planeta vem passando.
É necessário rever comportamentos e, muitas iniciativas individuais, coletivas e empresariais, mostram que é possível mudar!
  • Tirar os aparelhos das tomadas;
  • desabilitar a proteção de tela do computador, que gera um consumo desnecessário de energia;
  • ter a nossa própria caneca para evitar desperdício de copinhos de àgua e café;
  • usar mídias regraváveis, drives USB e o e-mail, ao invés de CDS e DVDS tradicionais feitos de plástico.
  • Evitar trocar de celular por puro impulso e,quando o fizer, deixe o modelo antigo na revendedora para reciclagem.
Com o aumento populacional o setor agrícola teve de produzir mais alimentos e, consequentemente, o uso de fertilizantes químicos corroborou para grandes danos ao solo e a saúde humana. É preciso saber que o amplo emprego de adubos químicos causa desequilíbrio ao ecossistema, como o aumento de insetos e microorganismos nas plantações. Para exterminar o surgimento de doenças e pragas, a prática mais comum é a aplicação de agrotóxicos que culminam por contaminar o solo, os rios, lagos, mananciais, além de interferir na vida aquática.
Os metais pesados presentes nos fertilizantes contaminam os alimentos ingeridos pelo homem trazendo sérios problemas à saúde, como a osteoporose, câncer e doenças no sistema nervoso. Para tentar melhorar essa situação, a Agenda 21 brasileira recomenda criar políticas legais, educacionais e científicas de programas de monitoramento e de controle da presença de resíduos de agrotóxicos em alimentos e na natureza. Então a necessidade da produção de técnicas naturais, alimentos orgânicos, que além de dispensar o uso de agrotóxicos, também incentivam a conservação do solo e da água e a redução da poluição. Mas, para que essa intenção tenha êxito, é necessária a participação de produtores e consumidores.
O álcool(etanol) é um excelente combustível. É uma fonte de energia renovável e menos poluidora que os derivados de petróleo que poluem o ar por conta da emissão dos gases tóxicos que causam o efeito estufa, como o dióxido de carbono(CO2), além de hidrocarboneto, dióxido de enxofre e solventes (todas essas substâncias provocam problemas respiratórios, casos crônicos de bronquites, além de irritabilidade nos olhos e problemas pulmonares; como o enfisema).
Há a necessidade do extermínio das queimadas, pois as plantações de cana de açúcar, ainda utilizam esse método. O excesso de produtos químicos, como os clorofluorcarbonos-CFCs-encontrados em aerossóis, como os extintores de incêndio, alguns solventes, além de aparelhos de ar-condicionado e refrigeração, reduzem o bom ozônio e provocam buracos em sua camada.
Em vinte anos, áreas costeiras como a Baía de Guanabara, estarão sob risco por falta de oxigênio na água; nenhum organismo que depende de oxigênio conseguirá sobreviver. Isto acontecerá porque as águas costeiras recebem uma quantidade cada vez maior de dejetos industriais e residentes e agentes contaminantes, como metais pesados, fertilizantes e agrotóxicos. As águas podem ser povoadas por micróbios que não precisam de oxigênio para sobreviver e que a mantém tóxica. Essas bactérias produzem substâncias como o ácido sulfídrico. A água fica com cheiro de ovo podre e torna-se uma zona morta permanente (a quantidade de oxigênio é menor do que 0,2 milímetro para cada litro de água),isso é conhecido como hipóxia. Ela ocorre quando há multiplicação de bactérias aeróbicas, além do normal, consumindo todo o oxigênio da água.
A fauna e a flora marinhas morrem ou migram para onde há mais oxigênio. Com o tempo a hipóxia mata as bactérias aeróbicas e a água volta a apresentar níveis normais de oxigênio, porém esse processo pode ser interrompido pelos micróbios anaeróbicos.Segundo o professor Alexandre Turra do Instituto Oceanográfico da USP, o mesmo processo ocorrerá em trechos na Baixada Santista e na região portuária de Salvador e a região próxima da Cosipa em Cubatão (SP). O mundo tem cerca de 400 zonas costeiras mortas que cobrem uma área de mais de 245 mil Km2, o equivalente ao Estado de SP.
Todas estão ligadas às explorações humanas, como o Delta do Mississipi, no Golfo do México. Havia uma atividade pesqueira intensa na área até meados da década de 1970; hoje ela está morta. Se o Brasil não investir em saneamento o mesmo acontecerá em grandes áreas brasileiras. É preciso regulamentar as frotas pesqueiras e utilizar uma espécie de radar para evitar a pesca predatória!
O Estado de Minas Gerais derrubou 32.728 hectares de mata atlântica entre 2005 e 2008 (segundo a SOS Mata Atlântica). O consumo inadequado de papel está ocasionando uma irrefreável diminuição das florestas.
Creio que há saídas sustentáveis para assegurar com consciência, atitudes e sentido ético à sobrevivência do nosso amado planeta.

Fonte: CenedCursos

domingo, 27 de março de 2011

Vinte capitais brasileiras ficam no escuro na Hora do Planeta

Ação da ONG WWF ocorreu neste sábado em 130 países em todo o mundo

Entre 20h30 e 21h30 deste sábado, casas, empresas, prédios públicos e monumentos de 123 cidades brasileiras ficaram voluntariamente no escuro por uma hora. A ação batizada de Hora do Planeta foi orquestrada pela organização não-governamental internacional Worl Wildlife Fund (WWF) para alertar o o mundo do perigo do aquecimento global. Além do Brasil, outros 130 países participaram da ação.
No Brasil, 20 capitais participaram da Hora do Planeta, entre elas São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, Manaus, Belo Horizonte, Salvador, Florianopólis, Fortaleza, Curitiba e João Pessoa. Em alguns pontos do País, houve um minuto de silêncio em homenagem às vítimas do terremoto no Japão e das enchentes na serra fluminense.

Leia mais em: Último Segundo

Time-lapse: a Hora do Planeta em Porto Alegre



sexta-feira, 25 de março de 2011

A Educação Ambiental e a Gestão dos Recursos Humanos na Gestão Ambiental

Embora seja lugar comum dizer que a abordagem ambiental deva ser holística e que devemos pensar globalmente e agir localmente, o que percebemos muitas vezes é uma práxis que reforça o ambientalmente incorreto dito popular que diz que em casa de ferreiro o espeto é de pau.


O tema meio ambiente entrou definitivamente na pauta de discussão da nossa sociedade. É verdade que os meios de comunicação, a produção literária - científica e pedagógica, as iniciativas públicas e privadas, as ONG's e as pessoas de uma forma em geral, pressionados pela anunciada catástrofe ambiental a que estamos submetendo o planeta através de práticas danosas cometidas por todos nós, indivíduos e coletividade, ou seja, você e eu, também colaboram para que o assunto tenha tamanha repercussão. Seja através de discussões técnicas e científicas ou de posturas ideológicas e apaixonadas pela causa, o fato é que a temática ambiental vai, pouco a pouco, sendo inserida e incorporada pela nossa sociedade como um divisor de água na busca de uma melhor qualidade de vida.
Pesquisas realizadas com diferentes públicos - professores universitários e de ensino fundamental, alunos universitários e empregados de grandes empresas brasileiras revelam que a maioria dos entrevistados considera meio ambiente importante. A maioria também se interessa pelo tema e considera que a qualidade ambiental é fundamental para a sobrevivência – nossa e do planeta, concluindo ser possível conciliar meio ambiente com desenvolvimento.
Embora seja lugar comum dizer que a abordagem ambiental deva ser holística e que devemos pensar globalmente e agir localmente, o que percebemos muitas vezes é uma práxis que reforça o ambientalmente incorreto dito popular que diz que em casa de ferreiro o espeto é de pau. Apesar dos avanços, a gestão ambiental continua, ainda hoje, centrada, na maioria das vezes, na aquisição de equipamentos de controle ambiental, não levando em consideração aspectos importantes relacionados à cultura das pessoas.
De fato a degradação ambiental põe em risco a saúde do planeta e de seus habitantes. As medidas mitigadoras colocadas em práticas não resolvem de todo a questão, apenas – como o próprio nome anuncia, atenuam um quadro ascendente de problemas socioambientais.
As práticas de controle ambiental são recentes e ainda não foram totalmente incorporadas pelas empresas, seja pelo seu alto custo ou pela falta de conscientização. Existe toda uma cultura que precisa ser estimulada para uma nova concepção na relação do homem com o meio ambiente. Percebe-se que pouco adiantarão tecnologias de controle ambiental de última geração se as pessoas não refletirem sobre o seu comportamento no que se refere ao consumo e ao uso insustentável dos recursos naturais.
Este cenário coloca à mesa uma discussão que passa pela revisão de conceitos e será necessário que cada indivíduo compreenda a importância de estar comprometido com a qualidade ambiental da sua cidade, do seu bairro, da sua casa e do seu posto de trabalho. Parafraseando o imperador romano, não basta apenas estarmos comprometidos, temos que demonstrar este comprometimento colocando em prática os princípios básicos de sustentabilidade.
No entanto, existe uma cultura arraigada em pressupostos que acredita de fato que em casa de ferreiro o espeto é de pau, quando na verdade deveria ser estimulada a refletir e perceber que em casa de ferreiro na maioria das vezes o que temos é sucata de sobra e que cada um de nós é na verdade um ferreiro a produzir diariamente uma quantidade enorme de sucatas.
As pessoas de um modo em geral não percebem que a degradação ambiental é resultado do modelo que escolhemos para sobreviver, não reconhecendo nas suas relações com o meio os impactos produzidos por este modelo. De fato é pouco usual a conjugação do verbo poluir na 1a pessoa. Quando o sujeito não é indefinido (alguém polui), se encontra na 3a pessoa do plural: eles poluem.
Ações de controle ambiental são fundamentais na busca de uma melhor qualidade de vida, pensar globalmente e agir localmente também. No entanto, atuamos muitas vezes desconsiderando fatores fundamentais relacionados à cultura das pessoas e das instituições que as abrigam.
Nem sempre estabelecemos afinidades com o público alvo de nossas ações ambientais. Informamos ao invés de nos comunicar. De uma hora para outra meio ambiente passa a ser uma coisa importante e todos devem zelar por ele. No entanto, pode ocorrer das pessoas sequer saberem o que é meio ambiente e neste caso, incorremos no velho modus operandi de controle ambiental no final da linha, quando na verdade deveríamos estar atuando na causa e não somente na conseqüência. A formação de uma consciência crítica em relação a este processo é fundamental para a busca de soluções que não sejam somente mitigadoras, passando a ter um caráter mais preventivo e educativo.
No entanto, para que uma gestão ambiental seja bem sucedida é necessário que ocorram mudanças nas atitudes, nos padrões de comportamento e na própria cultura das instituições.
Para alcançar o compromisso das pessoas com a melhoria da qualidade ambiental é preciso, em primeiro lugar, que elas se percebam como parte integrante deste processo, tendo acesso a conhecimentos básicos sobre meio ambiente que as auxiliem na identificação das principais fontes geradoras de impactos ambientais.
Ao motivar e capacitar as pessoas para a adoção de ações preventivas a Educação Ambiental tem-se revelado um importante instrumento da Gestão Ambiental, permitindo que as pessoas conheçam, compreendam e participem das atividades de gestão ambiental, assumindo postura pró-ativa em relação à problemática ambiental.
Dentro da perspectiva de otimizar seus investimentos e de se manter dentro dos padrões ambientais exigidos pela sociedade e pelo mercado, algumas empresas estão implantando programas de Educação Ambiental como instrumentos do seu Sistema de Gestão Ambiental.
Para que as empresas obtenham o compromisso dos empregados com a gestão ambiental é necessário que ela disponibilize, além de recursos e equipamentos de controle ambiental, conhecimentos básicos sobre meio ambiente e gestão ambiental, auxiliando-os na identificação e controle das principais fontes geradoras de impactos ambientais da sua atividade.
Neste sentido, para que a educação ambiental se transforme em um instrumento eficiente da gestão ambiental é necessário que as atividades propostas estejam sintonizadas com a cultura da empresa e potencializem os aspectos positivos desta cultura.
Concebidos desta forma, esses programas permitem às empresas alcançar bons resultados, pois incentivam os empregados a agir de forma preventiva, identificando, controlando e minimizando os impactos ambientais da sua atividade.

José Lindomar Alves Lima é Prof. do Curso de Educação Ambiental para Gestores do Meio Ambiente do NIEAD/UFRJ

Quantas vezes você usa o seu jeans antes de lavar?

Costumamos mandar com frequência nossas roupas para lavar, uma calça jeans por exemplo, acredito que não passe de quatro ou cinco usadas atéretornar para a máquina de lavar. Pensando nisso o estudante canadense Josh Le, da a universidade de Alberta, no Canadá,  acaba de desmistificar a ideia de que os jeans precisam ser lavados depois de pouco uso.
O estudante fez uma experiência onde usou a mesma calça jeans durante 15 meses e uma semana, sem mandá-la uma única vez para a lavanderia. Depois de todo este tempo cultivando sujeira, Le submeteu a calça a uma contagem bacteriana. O resultado foi surpreendente.
“Esperava encontrar bactérias associadas ao intestino grosso, mas me surpreendi com a sua total ausência. Havia apenas bactéria de pele da mais comum”, disse Rachel McQueen, professora de Le e pesquisadora da relação entre odores e o aparecimento de microorganismos em tecidos.
Segundo McQueen, os níveis de bactérias no jeans foram semelhantes pós-lavagem e pré-lavagem. Sem contar que as bactérias encontradas foram transferidas para a roupa pelo próprio Le. Por isso, não oferecem risco à saúde do estudante (exceto se houver cortes ou arranhões na pele).
Uma ótima notícia para o planeta, afinal aumentar o tempo de uso das roupas entre as lavagens promove a economia de água em grandes volumes. Bom para o meio ambiente, bom para o seu bolso!

Fonte: Ambiente Brasil

quarta-feira, 23 de março de 2011

Secas na Amazônia liberam gigantescas quantidades de CO²

Os cientistas estão assombrados. Uma seca tão intensa só se produz na Amazônia uma vez a cada 100 anos, mas as condições do clima mudaram. Os registros indicam que se produziram duas secas de grande magnitude, a primeira em 2005 e a segunda em 2010; esta última, inclusive, mais intensa e extensa que a primeira. A floresta é um “pulmão” que processa CO2, mas quando ocorrem eventos como estes, liberam quantidades gigantescas de dióxido de carbono na atmosfera.
Durante uma seca severa, as árvores morrem e liberam uma grande quantidade de CO2 durante o processo de putrefação. Adicionalmente, os rios tem seus leitos drasticamente reduzidos, aumentando o risco de incêndios florestais que liberam ainda mais dióxido de carbono no ar.
Milhões de toneladas de CO2
Um estudo realizado pelo Dr. Simon Lewis, da Universidade de Leeds, em colaboração a especialistas do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), indica que durante a seca de 2005, foram liberados na atmosfera cerca de 5 bilhões de toneladas de dióxido de carbono como consequência da seca. Como referência é possível mencionar que nos Estados Unidos foram emitidos 5,4 bilhões de toneladas de CO2 durante o ano de 2009. Ainda não se estimou a magnitude da contaminação gerada pela seca de 2010, mas se calcula que o impacto será maior que o de 2005.
Registro de anomalias em outubro de 2010
Lewis não oculta sua preocupação sobre o tema: “ter dois eventos deste tamanho num período de tempo tão curto é extremamente incomum, mas, infelizmente concorda com os modelos climáticos que preveem um futuro sombrio para a Amazônia”. Ao aumentar a frequência e magnitude da seca pode-se chegar a um ponto que irá destruir o ecossistema. “Todos os ecossistemas têm um ponto onde não há mais retorno”, explica Oliver Philips, professor de ecologia tropical na Universidade de Leeds, ressaltando que “o mais preocupante é que há partes da Amazônia que estão muito próximas deste limite”.
Ainda que nas cidades da região, as pessoas não se vejam afetadas neste momento pelo fenômeno natural, as consequências em médio e longo prazo poderiam ser catastróficas. As regiões afetadas pela seca já experimentaram similares em anos anteriores, mas tanto a população local como os cientistas que pesquisam o fenômeno indicam que as secas estão se intensificando e aumentando sua frequência.
É preciso ter em conta que os países que emitem maior quantidade de CO2 são os Estados Unidos e a China, se a quantidade de secas severas aumentar na Amazônia, este território se transformará em uma importante fonte de emissão de gases de efeito estufa, acelerando o processo de aquecimento global.
A seca em imagens
Na imagem registrada pelo sistema da Universidade Global de Londres (UGL) e publicada pelo blog Climateprogress.com, no dia 16 de outubro de 2010 foi possível observar como uma “seca excepcional” afeta grande parte da selva do Peru e quase todo o curso do Rio Amazonas no Brasil. Ao registro de uma imagem atualizada em 16 de fevereiro de 2011, pode-se observar a seca sobre uma extensa área próxima ao rio.
As previsões globais não são reconfortantes. De acordo com uma simulação desenvolvida pela University Corporation for Atmospheric Research (UCAR), onde se projetam as possíveis secas a serem registradas no mundo entre 2000 e 2098, é possível observar como as secas tornar-se-ão muito mais frequentes e intensas nas próximas décadas.

terça-feira, 22 de março de 2011

22 de Março - Dia Mundial da Água

História do Dia Mundial da Água
O Dia Mundial da Água foi criado pela ONU (Organização das Nações Unidas) no dia 22 de março de 1992. O dia 22 de março, de cada ano, é destinado a discussão sobre os diversos temas relacionadas a este importante bem natural.
Mas porque a ONU se preocupou com a água se sabemos que dois terços do planeta Terra é formado por este precioso líquido? A razão é que pouca quantidade, cerca de 0,008 %, do total da água do nosso planeta é potável (própria para o consumo). E como sabemos, grande parte das fontes desta água (rios, lagos e represas) esta sendo contaminada, poluída e degradada pela ação predatória do homem. Esta situação é preocupante, pois poderá faltar, num futuro próximo, água para o consumo de grande parte da população mundial. Pensando nisso, foi instituído o Dia Mundial da Água, cujo objetivo principal é criar um momento de reflexão, análise, conscientização e elaboração de medidas práticas para resolver tal problema.

No dia 22 de março de 1992, a ONU também divulgou um importante documento: a “Declaração Universal dos Direitos da Água” (leia abaixo). Este texto apresenta uma série de medidas, sugestões e informações que servem para despertar a consciência ecológica da população e dos governantes para a questão da água.

Mas como devemos comemorar esta importante data? Não só neste dia, mas também nos outros 364 dias do ano, precisamos tomar atitudes em nosso dia-a-dia que colaborem para a preservação e economia deste bem natural. Sugestões não faltam: não jogar lixo nos rios e lagos; economizar água nas atividades cotidianas (banho, escovação de dentes, lavagem de louças etc); reutilizar a água em diversas situações; respeitar as regiões de mananciais e divulgar idéias ecológicas para amigos, parentes e outras pessoas.

Declaração Universal dos Direitos da Água
Art. 1º - A água faz parte do patrimônio do planeta.Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão é plenamente responsável aos olhos de todos.

Art. 2º - A água é a seiva do nosso planeta.Ela é a condição essencial de vida de todo ser vegetal, animal ou humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura. O direito à água é um dos direitos fundamentais do ser humano: o direito à vida, tal qual é estipulado do Art. 3 º da Declaração dos Direitos do Homem.

Art. 3º - Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com racionalidade, precaução e parcimônia.

Art. 4º - O equilíbrio e o futuro do nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente para garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Este equilíbrio depende, em particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde os ciclos começam.

Art. 5º - A água não é somente uma herança dos nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como uma obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras.

Art. 6º - A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo.

Art. 7º - A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis.

Art. 8º - A utilização da água implica no respeito à lei. Sua proteção constitui uma obrigação jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta questão não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado.

Art. 9º - A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social.

Art. 10º - O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.

segunda-feira, 21 de março de 2011

segunda-feira, 14 de março de 2011

2011 começa com grandes inundações, tragédias no Brasil e na Austrália

Pelo menos 800 mortos, centenas de desaparecidos e mais de 1 milhão de desabrigados registrados como consequência das tempestades que ocorreram nas cidades de Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis e Sumidouro no estado do Rio de Janeiro. O governador declarou estado de calamidade pública nos sete municípios mais afetados. Foram pouco mais de 20 horas de chuva, e como resultado, foi a pior tragédia na história do Brasil.
Na Austrália o número de mortos por causa da chuva ultrapassou os 30 (tento em conta os registros de chuvas desde o mês de novembro). A magnitude do desastre na Austrália também foi tão grande que foi considerada como as piores chuvas dos últimos duzendos anos. Além disso, o nível das águas afetou mais de 14 mil casas e houve reportes de tubarões cabeça-chata nadando nas ruas inundadas somando mais terror entre os prejudicados.
Cientistas em Singapura se manifestaram a respeito das inundações na Austrália e indicaram que as mudanças climáticas intensificaram as chuvas das monções. Matthew England, pesquisador do Climate Change Research Center da Universidade de South Wales, em Sydney, informou a imprensa que a temperatura das águas na Austrália é a mais elevada que foi registrado até ao momento e este fator adicionou muita umidade na atmosfera.
Os especialistas indicam que este foi o episódio do La Niña mais forte registrado até hoje. Estima-se que da mesma forma, um novo do fenômeno El Niño seria exarcebado por causa das altas temperaturas do oceano. Mas o aumento da temperatura do mar seria apenas um fator.
Histórico de tempestades de verão no Brasil
As catástrofes resultantes de chuvas exorbitantes vem se acumulando na pilha de desastres naturais neste país e vem se tornando cada vez mais agressivos.
Santa Catarina, dezembro de 2008, 135 pessoas morreram e mais de 78 mil tiveram que abandonar suas casas depois de uma as piores enchentes da história do estado. 63 municípios decretaram estado de emergência. A região do Vale do Itajaí foi a mais atingida.
Dezembro de 2009, pouco mais de um ano depois, o drama se repete, desta vez em Angra dos Reis, litoral sul do Rio de Janeiro. 53 pessoas morreram soterradas. O que era para ser um período de festa em Ilha Grande se transformou em pesadelo para moradores e turistas.
Morro do Bumba, Niterói, abril de 2010. 47 mortos e mais de 3 mil desabrigados.
Enquanto as mudanças climáticas tem sua parcela de culpa no excesso de chuvas, especialistas diversos concordam ao afirmar que embora não pudéssemos evitar tantas perdas materiais, uma quantidade maior, muito maior de vidas deveria ter sido poupada.
O Brasil possui um centro de operações que integra 30 órgãos municipais e um sistema de meteorologia que pode prever temporais com até 48 horas de antecedência. O centro é operado pela prefeitura do Rio de Janeiro, capital do estado castigado pelo último temporal. Desde 9 de janeiro, dois dias antes do acontecido, satélites da NASA monitoravam o aumento anormal de núvens de chuva no sudeste do país. O perigo também foi identificado pelo Instituto Nacional de Metereologia que lançou um aviso especial sobre a ocorrência de acumulado significativo de chuva em todo o estado do Rio. O alerta foi emitido na terça-feira, dia 11 de janeiro, por volta das 4 e meia da tarde, 10 horas antes do início do temporal.
A falta de um plano de ação coordenado é apenas um dos problemas a serem enfrentados. Um levantamento da ONG Contas Abertas mostrou que a União gastou 14 vezes mais em reconstrução do que em prevenção em 2010. Dos 425 milhões de reais anunciados para o programa de prevenção e preparação para desastres em 2010, apenas 167 milhões foram investidos. Já os gastos com reconstrução chegaram a 2 bilhões e 300 milhões.
Os números oficiais indicam que há mais de 20 mil prejudicados e a situação é torna-se ainda mais grave devido ao isolamento que sofrem pelo menos 15 comunidades que não podem receber ajuda devido a impossibilidade de conseguir acesso a estas regiões.
A presidente Dilma Rousseff visitou as áreas devastadas e indicou que o governo direcionou 460 milhões de dólares para ajudar as zonas afetadas.
Deve-se ressaltar que as inundações no Brasil e na Austrália atraíram o interesse dos meios de comunicação por sua magnitude e impacto, mas também aconteceram grandes inundações no Sri Lanka (32 mortos) e na África do Sul (40 mortos). Além disso, este fenômeno não é isolado, deve-se ter em conta que o aquecimento global aumentaria a intensidade de alguns fenômenos naturais já conhecidos. Ao relembrar das últimas inundações, podemos identificar o que aconteceu na Polônia em maio do ano passado ou as inundações do Paquistão, que deixaram mais de 20 milhões de prejudicados em agosto de 2010.

terça-feira, 8 de março de 2011

20 maneiras de ajudar o planeta

Mudança de hábitos pode, sim, conter o avanço da degradação ambiental 


TATIANA SCHIBUOLA E NILMA RAQUEL

Depois de dois relatórios apocalípticos, o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) divulgou, no início deste mês, um documento um pouquinho mais alentador. O IPCC, que reúne 2 000 cientistas de todo o mundo, foi criado pela ONU para estudar as conseqüências do aquecimento global no planeta. Se os primeiros textos produzidos neste ano falavam em extinções em massa, elevação dos oceanos e devastações generalizadas, esse último diz que as coisas ainda podem ter conserto. Tudo depende, basicamente, da disposição dos governos para abrir o cofre (para investir na redução dos níveis de poluição na atmosfera e no desenvolvimento de tecnologia limpas, por exemplo) e de uma mudança de hábitos dos consumidores.
"Preservação realmente funciona se um número muito grande de pessoas estiver envolvido", afirma Frank Sherwood Rowland, professor do departamento de química da Universidade da Califórnia, em Irvine, nos Estados Unidos, e ganhador do Prêmio Nobel pela descoberta do processo de decomposição da camada de ozônio. Rowland está certo. Em relação à água, por exemplo: "se em uma cidade como São Paulo, com cerca de 10 milhões de habitantes, cada um reduzir o banho em apenas um minuto, a economia poderá atingir impressionantes 60 milhões de litros por dia", calcula Denise Hamú, secretária-geral do WWF Brasil. Nada mau para um planeta em que apenas 0,3% da água doce está disponível. Aqui, especialistas sugerem pequenas mudanças de hábito que, se podem não ser suficientes para garantir a salvação da Terra, ao menos ajudarão a fazer de seu bairro ou cidade lugares mais agradáveis para viver.
 
No carro
1 PENSE EM TROCAR DE CARRO: veículos pequenos são mais leves e, por isso, mais econômicos. Enquanto um modelo utilitário, tipo 4x4, emite cerca de 9 000 quilos de CO2 por ano, um sedã médio produz 5 400 quilos Fotos Christian Castanho e Divulgação


Vidal Cavalcante/AE
2 DÊ AO SEU CARRO UMA FOLGA: se ele ficar uma vez por semana na garagem, ao fim de um ano a economia em emissão de CO2 chegará a 440 quilos – volume que uma árvore de grande porte leva vinte anos para absorver no processo de fotossíntese
3 LAVE A SECO: a economia é de 316 litros de água para cada veículo, em média

4 NÃO JOGUE FORA A BATERIA DO CARRO: ao comprar uma nova, deixe a velha na revenda autorizada e certifique-se de que ela será encaminhada ao fabricante. É possível reciclar 95% de seus componentes, incluindo o principal, o chumbo-ácido, que pode contaminar o solo Divulgação

Em casa

Paulo Batelli
5 RECICLE O LIXO: cada família que adere ao programa de coleta seletiva reduz em cerca de 1 tonelada por ano a emissão de dióxido de carbono na atmosfera
6 JOGUE MENOS COMIDA FORA: aproveite talos, cascas e restos em receitas nutritivas. Restos de comida representam 60% do lixo que vem dos lares brasileiros, e sua decomposição resulta na produção de gás metano, ligado ao efeito estufa

7 PREFIRA ALIMENTOS FRESCOS: comida congelada precisa de dez vezes mais energia para ser produzida Paulo Batelli


Divulgação
8 REGULE O TERMOSTATO DA GELADEIRA: se ela não estiver lotada, a refrigeração pode ser mínima. Manter a temperatura abaixo de 5 ou 6 graus aumenta o consumo energético em 7%
9 ENCHA A MÁQUINA: só use a máquina de lavar roupa quando ela estiver com sua capacidade máxima – cada ciclo consome 150 litros de água. Utilize a lavagem a frio sempre que possível. Ela economiza 92% de energia
10 TAMPE AS PANELAS: reduz o tempo de preparo e economiza 30% de energia
11 REJEITE PROPAGANDA INDESEJADA: nos Estados Unidos, já existe uma associação – a Direct Marketing Association – que registra os pedidos de quem não quer mais receber correspondência inútil, como ofertas de cartões de crédito, catálogos e propagandas em geral. Essa lista é repassada às empresas e reduz em até 75% a quantidade de cartas recebidas. No Brasil, não há serviço semelhante. A saída é ligar para o SAC da empresa responsável pela correspondência indesejada e pedir para ter seu nome retirado da lista
12 REAPROVEITE A ÁGUA DA CHUVA: construir coletores em telhados e calhas é bem mais fácil do que se pensa. Você pode usá-la para regar o jardim, lavar a calçada ou até mesmo para dar descarga no banheiro

13 TROQUE A DESCARGA: as tradicionais são responsáveis por até 40% do total da água consumida por uma residência. Já existem no mercado vasos com caixa acoplada ou válvula de parede com dois modos de descarga, uma de 3 litros, para líquidos, e outra de 6, para sólidos
14 PREFIRA LÂMPADAS LED, DE DIODO (a sigla vem do inglês Light Emitting Diode). Elas conjugam alta tecnologia com consumo de energia até cinqüenta vezes menor do que o das lâmpadas comuns e têm vida útil muito maior. Podem ser encontradas em várias cores: a de cor amarela não tem o efeito incômodo da luz fria das lâmpadas fluorescentes

Ilustração Atílio
15 RECICLE SEU TELEFONE CELULAR: até 80% dos componentes desses aparelhos podem ser reaproveitados. A operadora Vivo é pioneira nesse tipo de tecnologia no Brasil. Desde dezembro, recolhe aparelhos, baterias e acessórios usados de quaisquer marcas


16 PREFIRA AS PILHAS RECARREGÁVEIS: elas duram até cinco anos, contra noventa dias de uma pilha alcalina comum. Antes de jogá-las no lixo comum, verifique se elas têm na embalagem o selo da Associação Brasileira das Indústrias Elétrica e Eletrônica: um bonequinho jogando um objeto num cesto, acompanhado da inscrição "lixo doméstico" Marcelo Kura


Germano Luders
17 DESPLUGUE-SE: quando não estiver usando seus aparelhos eletrônicos, tire-os da tomada. Cerca de 5% da energia utilizada em residências (e que corresponde à emissão de 18 milhões de toneladas de carbono na atmosfera por ano) é consumida para manter aparelhos em modo stand-by. Isso vale inclusive para carregadores de laptop e celular, que gastam energia mesmo que não estejam conectados a nenhum aparelho

No escritório

18 CONFIGURE A IMPRESSORA PARA O MODO IMPRESSÃO EM FRENTE E VERSO: papéis e produtos feitos de papel representam quase um terço de todo o lixo produzido no Brasil Marcelo Kura

19
UTILIZE PAPEL RECICLADO: para fabricar 1 tonelada de papel virgem, são necessários dezessete árvores e 26 000 litros de água a mais do que o exigido para fazer papel reciclado. Além disso, o cloro, que algumas empresas ainda utilizam no processo de branqueamento do papel virgem, resulta na liberação, no meio ambiente, de dioxina, substância altamente tóxica


Divulgação
20 LIMPE SEU AR-CONDICIONADO: aparelhos com filtro sujo consomem mais energia. Mantê-los sempre limpos garante a economia de cerca de 160 quilos de CO2 por ano
 

com reportagem de LUCIANA HRUBY
 
Fontes: Helio Mattar, diretor-presidente do Instituto Akatu; Homero Carvalho, gerente da divisão de engenharia e fiscalização de veículos da Cetesb; Juliana Boer e Maira Del Nero, arquitetas; Lito Rodriguez, proprietário da rede de lavagem a seco Dry Wash; Luciana Chinaglia Quintão, presidente-fundadora da ONG Banco de Alimentos; Marcel Saraiva, gerente de produtos da Intel Semicondutores; Marcio Augusto Araújo, diretor do Instituto para o Desenvolvimento da Habitação Ecológica; Patricia Blauth, bióloga e consultora para a minimização de resíduos; Paulo Nemy, gerente de meio ambiente da Vivo.

Disponível em: Veja 

Almanaque Brasil Socioambiental está disponível para download

A segunda edição do almanaque, lançada no final de 2007 pelo ISA, esgotou e agora está disponível para download. Em linguagem acessível, com fotos, imagens e gráficos, a publicação apresenta um panorama atualizado dos ambientes brasileiros e das grandes questões socioambientais da Terra. O aquecimento global e as mudanças climáticas são o destaque, e é a contribuição do ISA para aguçar a consciência planetária sobre os modelos insustentáveis de produção e consumo que estão por trás da atual crise ambiental em que vivemos.

Assim como em sua primeira edição, de 2005, traz um panorama atualizado dos ambientes brasileiros – Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pantanal, Pampa e Zona Costeira -, aborda as grandes questões socioambientais contemporâneas, e tem capítulos específicos sobre Diversidade Socioambiental, Florestas, Cidades, Água, Terras, Recursos Energéticos e Minerais e Modelos de Desenvolvimento. Contém ainda um capítulo inteiro sobre Mudanças Climáticas. O tema permeia toda a publicação, que traz informações específicas sobre as ameaças que as alterações no clima representam para cada região do Brasil a partir de cenários pessimistas ou otimistas, seus efeitos sobre o planeta, a relação do Brasil com o aquecimento global, o papel das florestas na regulação do clima, e quais os desafios que se colocam daqui para frente, no Brasil e no mundo.

Cartões-postais brasileiros ameaçados revelando a situação de paisagens, regiões ou lugares do País que vêm sendo afetados por grandes obras, poluição, desmatamento ou descaso também integram a publicação. Os textos foram produzidos por 122 colaboradores, entre jornalistas, ativistas e especialistas das mais diferentes áreas. Um mapa-pôster destaca os efeitos da ação humana sobre o território brasileiro.

Fonte: Envolverde/ISA

Disponível em: Books Google

sexta-feira, 4 de março de 2011

O que é Educação Ambiental?


Definições de Educação Ambiental
Berenice Gehlen Adams

O conceito de Educação Ambiental varia de interpretações, de acordo com cada contexto, conforme a influência e vivência de cada um.
Para muitos, a Educação Ambiental restringe-se em trabalhar assuntos relacionados à natureza: lixo, preservação, paisagens naturais, animais, etc. Dentro deste enfoque, a Educação Ambiental assume um caráter basicamente naturalista.
Atualmente, a Educação Ambiental assume um caráter mais realista, embasado na busca de um equilíbrio entre o homem e o ambiente, com vista à construção de um futuro pensado e vivido numa lógica de desenvolvimento e progresso (pensamento positivista). Neste contexto, a Educação Ambiental é ferramenta de educação para o desenvolvimento sustentável (apesar de polêmico o conceito de desenvolvimento sustentável, tendo em vista ser o próprio "desenvolvimento" o causador de tantos danos sócio-ambientais).
Ampliando a maneira de perceber a Educação Ambiental podemos dizer que se trata de uma prática de educação para a sustentabilidade. Para muitos especialistas, uma Educação Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável é severamente criticada pela dicotomia existente entre "desenvolvimento e sustentabilidade".
Na tentativa de fazer uma análise sobre os conceitos desta prática, colocamos à disposição diferentes definições para a Educação Ambiental, a fim de perceber este conceito de forma mais abrangente e contextual. Para perceber a abrangência e o significado da Educação Ambiental é preciso uma forma de pensar mais complexa – da teoria moriniana. Só assim será possível a evolução deste conceito ao seu amplo significado. 
A fim de colaborar para uma visão mais abrangente da Educação Ambiental, aqui são apresentadas algumas "definições". A fonte de pesquisa foi exclusivamente a Internet, e após cada definição está disponibilizada a autoria e o link correspondente. Que este trabalho possa colaborar para a construção e elaboração do conceito de Educação Ambiental.
Definições:
- Educação Ambiental foi definida como uma dimensão dada ao conteúdo e à prática da Educação, orientada para a solução dos problemas concretos do meio ambiente, através de enfoques interdisciplinares e de uma participação ativa e responsável de cada indivíduo e da coletividade. I Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental - Tbilisi, Georgia (ex URSS).
- A definição oficial de educação ambiental, do Ministério do Meio Ambiente: “Educação ambiental é um processo permanente, no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação que os tornam aptos a agir – individual e coletivamente – e resolver problemas ambientais presentes e futuros”.
- De acordo com o conceito de educação ambiental definido pela comissão interministerial na preparação da ECO-92 " A educação ambiental se caracteriza por incorporar as dimensões sócio-econômica, política, cultural e histórica, não podendo se basear em pautas rígidas e de aplicação universal, devendo considerar as condições e estágios de cada país, região e comunidade, sob uma perspectiva histórica. Assim sendo, a Educação Ambiental deve permitir a compreensão da natureza complexa do meio ambiente e interpretar a interdependência entre os diversos elementos que conformam o ambiente, com vistas a utilizar racionalmente os recursos do meio na satisfação material e espiritual da sociedade, no presente e no futuro." ( in Leão & Silva,1995).
- O CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente - define a Educação Ambiental como um processo de formação e informação orientado para o desenvolvimento da consciência critica sobre as questões ambientais, e de atividades que levem à participação das comunidades na preservação do equilíbrio ambiental.
- A Lei Federal nº 9.795 define a Educação Ambiental como “o processo por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem  valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade” (art.1º, Lei Federal nº 9.795, de 27/4/99)
- Para a UNESCO “A educação ambiental é um processo permanente no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, habilidades, experiências, valores e a determinação que os tornam capazes de agir, individual ou coletivamente, na busca de soluções para os problemas ambientais, presentes e futuros (UNESCO, 1987)”.
- Na conferência de Estocolmo em 1972  "A finalidade da educação ambiental é formar uma população mundial consciente e preocupada com o ambiente e problemas com ele relacionados, e que possua os conhecimentos, as capacidades, as atitudes, a motivação e o compromisso para colaborar individual e coletivamente na resolução de problemas atuais e na prevenção de problemas futuros" (UNESCO, 1976, p.2).
- Stapp et alii (1969), definiu a Educação Ambiental como um processo que tem como objetivo a formação de cidadãos, cujos conhecimentos acerca do ambiente biofísico e seus problemas associados, possam alertá-los e habilitá-los a resolver seus problemas.
- Mellowes (1972), define que Educação Ambiental seria um processo no qual deveria ocorrer o desenvolvimento progressivo de um senso de preocupação com o meio ambiente, baseado em um completo e sensível entendimento de relação do homem com o meio.
- Para Aziz Ab’ Saber a “Educação Ambiental é um processo que envolve um vigoroso esforço de recuperação de realidades e que garante um compromisso com o futuro. Uma ação entre missionária utópica destinada a reformular comportamentos humanos e recriar valores perdidos ou jamais alcançados. Trata-se de um novo ideário comportamental, tanto no âmbito individual quanto coletivo”.
- Segundo Lucas (1980) a EA tem sido entendida e desenvolvida enquanto educação sobre o ambiente, educação no ambiente, educação para o ambiente e pelas classes formadas pelas possíveis combinações entre estas três categorias. A educação sobre o ambiente procura desenvolver o conhecimento e a compreensão, incluindo as capacidades necessárias para obter este conhecimento. A educação para o ambiente procura a preservação ou melhoria do ambiente. Ambas são caracterizadas pelos seus objetivos. Por outro lado, a educação no ambiente caracteriza-se por ser uma técnica de ensino – aprendizagem, e o termo ambiente geralmente significa o mundo fora da sala de aula ou, de uma forma geral, o contexto natural e/ou social em que as pessoas vivem.
- Educação Ambiental é “o processo de reconhecer valores e aclarar conceitos para criar habilidades e atitudes necessárias que sirvam para compreender e apreciar a relação mútua entre o homem, sua cultura e seu meio circundante biofísico. A educação ambiental também incluiu a prática de tomar decisões e autoformular um código de comportamento com relação às questões que concernem à qualidade ambiental “ ( GONÇALVEZ,1990)
- Educação Ambiental é "o processo educacional de estudos e aprendizagem dos problemas ambientais e suas interligações com o homem na busca de soluções  que visem a preservação do meio ambiente" (SANTOS, Antônio Silveira R. dos. A importância da Educação Ambiental.  Jornal A Tribuna – Santos-SP,31.5.99).
- Faria (1992) define educação ambiental como conhecimento das estruturas, de composição e da funcionalidade da natureza, das interferências do que o homem produziu sobre esta estrutura, essa composição e essa funcionalidade.
- Segundo Gonçalves (1990) a Educação Ambiental não deve ser entendida como um tipo especial de educação. Trata-se de um processo longo e continuo de aprendizagem de uma filosofia de trabalho participativo em que todos: família, escola e comunidade; devem estar envolvidos. O processo de aprendizagem de que trata a educação ambiental, não pode ficar restrito exclusivamente à transmissão de conhecimentos, à herança cultural do povo às geração mais novas ou a simples preocupação com a formulação integral do educando inserindo em seu contexto social. Deve ser um processos de aprendizagem centrado no aluno, gradativo, continuo e respeitador de sua cultura e de sua comunidade. Deve ser um processo critico, criativo e político, com preocupação de transmitir conhecimentos, a partir da discussão e avaliação critica dos problemas comunitários e também da avaliação feita pelo aluno, de sua realidade individual e social, na comunidades em que vive".
- Educação Ambiental é "um processo no curso do qual o indivíduo consegue assimilar os conceitos e interiorizar as atitudes mediante as quais adquire as capacidades e comportamentos que lhe permitem compreender e julgar as relações de interdependência estabelecidas entre a sociedade, com seu modo de produção, sua ideologia e sua estrutura de poder dominante, e seu meio biofísico, assim como para atuar em conseqüência da análise efetuada" (Pedro Cañal, José E. Garcia e Rafael Porlán).
- Para  Jaume Sureda e Antoni J. Colom deve ocorrer "conjunção e coordenação de três fases ou etapas: educação sobre o meio (em referência explícita aos conteúdos), educação através do meio (incidência metodológica e mediadora) e educação em prol do meio (mensagem axiológica e teleológica)".
- “A EA deve considerar o Meio Ambiente em sua totalidade, deve ser contínua, deve atingir todas as faixas etárias, ocorrer dentro e fora da Escola e examinar as questões ambientais locais, nacionais e internacionais, sob um enfoque interdisciplinar. Estes princípios devem orientar nossas ações” (João Agnaldo da Costa Muniz).
- “A educação ambiental se torna um exercício para a cidadania.
Ela tem como objetivo a conscientização das pessoas em relação ao mundo em que vivem para que possam Ter cada vez mais qualidade de vida sem desrespeitar o meio ambiente natural que a cercam. Essa conscientização se dá a partir do conhecimento do seus recursos, os aspectos da fauna e da flora gerais e, específicos de cada região; e, os problemas ambientais causados pela exploração do homem, assim como Os aspectos culturais que vão se modificando com o passar do tempo e da mudança dos recursos naturais, como a extinção de algumas espécies por exemplo. O maior objetivo é tentar criar uma nova mentalidade com relação a como usufruir dos recursos oferecidos pela natureza, criando assim um novo modelo de comportamento (...) A educação ambiental é um exercício para a participação comunitária e não individualista” (Márcia Helena Quinteiro Leda – Fonte: Marcos Reigota).
- “Sou um pouco avesso a definições fechadas. Peço desculpas as pessoas veteranas na área, mas seria mais interessante falar de um breve histórico da evolução do conceito de Educação Ambiental (EA), desde o seu aparecimento em 1965, na Royal Society of London, quando foi associado à preservação dos sistemas vivos. Já na década de 70, a União Internacional de Conservação da Natureza (UICN) associou o mesmo à conservação da biodiversidade. Como um prolongamento da histórica Conferência de Estocolmo (1972) e da Reunião de Belgrado (1975), na Conferência Intergovernamental de Educação Ambiental promovida pela UNESCO em Tbilisi (Geórgia, ex-URSS), em 1977, a Educação Ambiental (EA) foi definida como "um processo de reconhecimento de valores e elucidação de conceitos que levam a desenvolver as habilidades e as atitudes necessárias para entender e apreciar as inter-relações entre os seres humanos, suas culturas e seus meios físicos. A EA também envolve a prática para as tomadas de decisões e para as auto-formulações de comportamentos sobre os temas relacionados com a qualidade do meio ambiente". No Fórum das ONGs, realizado paralelamente à Conferência Rio 92 (o qual produziu a Agenda 21), referendando e ampliando o conceito anterior, o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, "reconhece o papel central da educação na formação de valores e na ação social e para criar sociedades sustentáveis e eqüitativas (socialmente justas e ecologicamente equilibradas)", e considera a EA "um processo de aprendizagem permanente baseado no respeito a todas as formas de vida, o que requer responsabilidade individual e coletiva em níveis local, nacional e planetário". Como se vê, aqui já se constata uma profunda transformação de uma visão extremamente naturalista e antropocêntrica (animais e plantas servem para...), confundindo natureza e meio ambiente (que é uma representação social), para uma conceituação que envolve outras dimensões, além da ecológica: afetiva, social, histórica, cultural, política, ética e estética. A própria Constituição de 1988 e a Lei da EA (Lei 9795 de 27/4/1999) incorporam esta evolução conceitual, como se vê no art. 1º da mesma: "Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade" (Fernando Antônio Guerra).
- Vou resumir a importância da educação ambiental com uma palavra, pois para mim ela é – fundamental. Como eu tenho contato com pessoas que se envolvem com educação ambiental em diferentes realidades, verifiquei que os conceitos são trabalhados de forma a adequá-los ao público alvo e a realidade local. Hoje sabemos que a educação ambiental enquanto processo pedagógico abarca uma diversidade muito grande de metodologias, enfoques e abordagens. O que me parece ser relevante em todo o processo da educação ambiental, seja formal ou não formal, é que os indivíduos - educandos e educadores - sejam respeitados nas suas idiossincrasias, e que as atividades e ações levem em consideração as particularidades do entorno, ou seja, do contexto social. Penso que nós seres humanos precisamos reaprender a nossa existência na Terra, para podermos enxergar e entender que a teia da vida é um intricado movimento de aprendizagem que vem ocorrendo há bilhões de anos.  Para isso é necessário que incorporemos a modéstia que nos cabe em relação a quem somos, da onde viemos e para onde vamos. O avanço do conhecimento humano no campo da ecologia nos faz compreender que somos apenas mais um elo da corrente de sustentação da vida na Terra.  Por isso acredito que agora, além da necessidade da educação ambiental é preciso desencadear com urgência um amplo processo de alfabetização ecológica, visto que é fundamental que todos adquiram conhecimentos básicos de ecologia, para que se possa aprender com a vida, que não pára nunca, de aprender. Vejo que os educadores e educadoras ambientais são pessoas muito altruístas, desprendidas e dedicadas ao outro e ao mundo. Digo isto porque todo educador e educadora ambiental trabalham para o futuro e dependendo da situação, é um futuro muito longínquo, o que significa que provavelmente eles não vejam o resultado das mudanças pelas quais se dedicam. Mas isso para um verdadeiro educador e educadora ambiental não tem a menor importância. Isso é o verdadeiro compromisso intergeracional. Acredito na idéia de que somos seres espirituais vivendo uma aventura humana, por isso acredito, também, que com o nosso trabalho estamos contribuindo para um novo tempo que está por vir, e que depende muito das decisões que estamos tomando agora no presente. A vida está continuamente a aprender, Oxalá consigamos aprender com ela!” (Ellen Regina Mayhé Nunes).
E para você, o que é Educação Ambiental? É importante fazer esta reflexão para que possamos consolidar uma prática educativa que desenvolva novos valores em relação à forma como vemos, sentimos e vivemos; onde a cidadania, a inclusão, o respeito, a alteridade, a convivência harmônica e a tolerância sejam uma constante na prática educacional.
 
Fonte: Publicado no website do Projeto Apoema - Educação Ambiental em 05/06/2005.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Seca, enchentes, nevascas... O que está havendo com o clima?

Chuva no Nordeste, seca no Rio Grande do Sul e nevascas no Egito. Invernos quentes e verões frios. O clima no mundo parece ter enlouquecido. No ano de 1999, o número de catástrofes climáticas bateu um recorde histórico: foram 755. O recorde anterior, 702, havia sido estabelecido em 1998.
E pesquisas recentes atestam que os eventos climáticos extremos, que fogem à normalidade, foram mais freqüentes nas últimas três décadas. Comparados ao comportamento “normal” do clima, aquele baseado no relato de nossos avós e bisavós, esses acontecimentos parecem inéditos. Mas não são. A história do clima, como você verá, é bem mais atribulada.
Os primeiros colonos ingleses na América do Norte se instalaram em 1587 na ilha de Roanoke, Virgínia, costa leste dos Estados Unidos. Era uma gente corajosa. Eles sabiam que, como a Inglaterra estava em guerra, tão cedo não haveria barcos para visitá-los. Teriam que viver com os frutos da terra. O novo mundo parecia promissor e a tarefa não soou impossível. No entanto, quando o primeiro navio de suprimentos voltou, três anos depois, sua tripulação teve uma surpresa: os colonos haviam sumido. Não sobrara ninguém para contar o que houve. Ninguém, exceto as árvores do local. Foi há apenas dez anos, observando a espessura de seus troncos, alguns com 800 anos de idade, que os cientistas decifraram o que houve em Roanoke quatro séculos atrás. A tragédia, concluíram, foi causada pelo clima: entre 1587 e 1589 ocorreu a maior seca dos últimos oito séculos em Roanoke. Os colonos haviam chegado bem no começo da estiagem. Morreram de fome.
Não foi a primeira vez que uma mudança climática exterminou uma população humana. Os maias, que dominaram a América Central até o sé-culo VIII, sumiram do mapa durante uma forte seca, segundo nos contam sedimentos depositados no fundo dos lagos da região. Os acadianos, que formaram a primeira cidade na Mesopotâmia, há 4 100 anos, também foram vítimas do clima, devido a uma seca provocada pelo esfriamento das águas do Atlântico Norte. Como os cientistas descobriram isso? Primeiro, encontraram, nos sedimentos do Golfo de Omã (entre o Golfo Pérsico e o Mar da Arábia), grandes quantidades de poeira vinda da Mesopotâmia naquela época. Ou seja, o clima estava árido. Sabe-se também que, naquela época, houve um esfriamento no Atlântico Norte, que reduziu a temperatura das águas entre 1ºC e 2ºC. Os instrumentos de medição atuais mostram que, quando o Atlântico Norte esfria, diminui o suprimento de água na Mesopotâmia.
Essas desgraças do passado permitem duas conclusões. A primeira é que não há nada de inédito nas tragédias que vivemos hoje. Os desastres dos maias e dos acadianos foram causados por eventos de uma intensidade que o homem moderno nunca viu, mas é 100% certo que tais catástrofes ocorrerão novamente, segundo Peter deMenocal, da Universidade de Columbia, Estados Unidos, um dos maiores especialistas em clima no mundo. “Secas com duração de vários séculos são raras, mas fazem parte da variabilidade natural.” A seca que assolou os Estados Unidos nos anos 30 – há apenas 70 anos! – e causou um grande êxodo de agricultores que viviam nas planícies do sul, foi um grande flagelo para a potência mundial, mas não passou de algo corriqueiro e mediano na história da Terra. O estrago pareceu imenso, mas estiagens como aquela ocorreram, em média, uma vez por século nos últimos 400 anos na América, segundo estudo do governo americano.
A segunda conclusão é que, embora naturais, esses eventos climáticos radicais são, de fato, ameaçadores e podem causar grandes danos. Estamos, então, correndo o risco de extinção? Nem tanto. Mas, sem dúvida, há com o que se preocupar. “Sociedades complexas são capazes de se adequar a alterações climáticas, mas não são infinitamente adaptáveis”, diz deMenocal.
Porém, há no horizonte uma mudança climática importante que foge à variabilidade natural do clima: a Terra está esquentando. Os cientistas divergem sobre as causas e os efeitos da alteração, mas sua existência é um consenso, como atestou, no ano passado, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), um consórcio de cientistas que estuda o tema há mais de uma década. Segundo o grupo, em 100 anos, os termômetros subiram 0,5ºC, em média.
Não é pouco. Durante a última era glacial, que terminou há 10 000 anos, a temperatura do planeta era apenas 3ºC mais baixa que hoje, mas o gelo ártico chegava à Grã-Bretanha. Por conta desse meio grau a mais, 1998 foi o ano mais quente da década mais quente do século mais quente dos últimos 600 anos (essa aferição é feita pela análise de troncos de árvores ao redor do mundo, como em Roanoke). Carlos Nobre, chefe do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC-Inpe), vai além. Para ele, os indícios confiáveis à disposição, que regridem no tempo 6 000 anos, não registram temperaturas tão altas como hoje.
Nos últimos 50 milhões de anos, todos os vaivéns do clima, o início e o fim das eras glaciais, foram disparados pelo Sol. É que, embora não se perceba, a posição do Sol em relação à Terra varia levemente ao longo de milhares de anos e isso muda a quantidade e a distribuição da energia que o astro emite sobre o planeta. Uma das mudanças, por exemplo, é no eixo de inclinação da Terra em relação ao Sol, que varia a cada 41 000 anos. Isso altera a incidência de luz solar sobre certas áreas do globo, o que acarreta mudanças por aqui. Faz muita diferença se a área mais iluminada é um oceano ou terra nua, por exemplo.
Na Terra, três fenômenos acompanham esse balé solar. São eventos independentes, ocorrem de forma simultânea e se intensificam mutuamente.
O primeiro ocorre nos oceanos. Quando a água esquenta, ela perde a capacidade de reter gases, entre eles o gás carbônico (também conhecido como CO2 ou dióxido de carbono) dissolvido. Cerveja quente não faz mais espuma? Pois então: aquelas borbulhas também são gás carbônico. E há gás de sobra para ser liberado. Há, hoje, dissolvido nos mares, 50 vezes mais CO2 que a quantidade existente na atmosfera. E daí? Daí que, na atmosfera, o dióxido de carbono é um dos mais importantes agentes do efeito estufa. Agindo nas camadas superiores, o CO2 aprisiona a energia do Sol e aquece a Terra . Por conta disso, a concentração de CO2 sempre acompanhou o clima: nos períodos mais quentes, havia muito gás carbônico no ar; nos tempos mais frios, pouco. Assim, quando o oceano libera o dióxido de carbono, o resultado é mais aquecimento.
O calor aumenta a evaporação de água, disparando o segundo gatilho, pois o vapor de água é um gás do efeito estufa ainda mais potente que o gás carbônico. Conclusão: ainda mais calor. Por fim, derretem-se as calotas polares, que refletem 70% da luz solar que recebem. Qualquer superfície que as substitua – água, terra ou vegetação – refletirá menos luz (mais fervura). Esse círculo vicioso só pode ser interrompido por uma nova mudança do ciclo astronômico.
A novidade é que, pela primeira vez, está havendo uma mudança climática global em que o Sol não é o ator principal. “A maior parte do aquecimentoobservado nos últimos 50 anos se deve ao aumento da concentração de gases estufa”, diz o relatório deste ano do IPCC. Ou seja, o aquecimento atual não foi disparado pelos ciclos astronômicos, mas pelo gás carbônico, cuja concentração atual no ar é – seguramente – a maior dos últimos 400 000 anos e, possivelmente, a maior em 25 milhões de anos, segundo Carlos Nobre. Tudo graças à queima de combustíveis fósseis (carvão, petróleo), que, desde o início da Revolução Industrial, aumentou 600 vezes a emissão de CO2 na atmosfera, de 10 milhões de toneladas por ano para 6 bilhões de toneladas anuais. Quando queimamos petróleo e carvão, devolvemos à atmosfera uma reserva de carbono que vem se acumulando há bilhões de anos e que, sem nossa ajuda, não voltaria ao ciclo natural.
Bem, e quando começam os efeitos do aquecimento? Para alguns, as maluquices climáticas atuais já são conseqüência do calor extra. Mas a maioria dos cientistas é mais cautelosa em suas conclusões. Diz-se que o estudo do clima é complexo, envolve muitas variáveis e que uma verdade hoje pode ser um fiasco amanhã. Por enquanto, os especialistas só admitem o óbvio, como a elevação da superfície dos oceanos, que foi de 10 a 25 centímetros no século passado. Mas há outros sinais mais sutis. A nebulosidade, por exemplo, aumentou. Por sua vez, a cobertura de neve diminuiu, ao menos no Hemisfério Norte, onde o assunto já foi pesquisado: uma queda de 10% nas décadas de 70 e 80. Ainda no Norte, na década de 80 o outono chegou mais tarde, o que ampliou em 12 dias o período de crescimento vegetal. Resultado: o Norte ficou 10% mais verde no verão em comparação com a década anterior.
Ou seja, em certas áreas, o aquecimento pode significar um aumento da cobertura vegetal em vez de devastação e desertificação, como é de supor à primeira vista.
Diante de tantas mudanças, a pergunta mais óbvia é: podemos controlar o clima e evitar essa mudança? Não. O progresso científico dos últimos 400 anos dá a falsa impressão de que a humanidade domou a natureza, mas isso não corresponde à realidade. O máximo que conseguimos é fazer chover em áreas isoladas, quando muito. A tecnologia mais moderna consiste em despejar, sobre nuvens carregadas de umidade, grandes quantidades de flocos de uma substância que aglomera os minúsculos pingos de água em suspensão. Muito útil para limpar o céu no dia de um espetáculo ao ar livre, mas só.
O que se pode fazer é prever, ainda que de maneira muito precária, o que acontecerá daqui para a frente. As previsões sobre o futuro do clima devem ser tomadas com cautela, mas é verdade também que são dramáticas. Segundo o relatório do ano passado do IPCC, no ano de 2100 a temperaturamédia será 1,4ºC a 5,8ºC mais alta. Na primeira hipótese, o planeta atingiria a mais alta temperatura em 1 milhão de anos. “Mas, se o cenário pessimista se concretizar, teríamos um aquecimento inédito em 3,6 milhões de anos”, afirma Thomas J. Crowley, paleoclimatologista da Universidade do Texas. Ou seja, a temperatura atingiria patamares nunca vistos sequer por ancestrais remotos do homem (o gênero Homo surgiu há “apenas” três milhões de anos). Os oceanos subiriam mais ainda: entre 18 centímetros e 95 centímetros, inundando áreas onde vivem hoje 118 milhões de pessoas. E alguns fenômenos globais que envolvem a atmosfera e o oceano, como o El Niño, seriam mais freqüentes e mais intensos.
Algumas mudanças devem ocorrer subitamente. No Mar do Labrador, na costa leste do Canadá, ocorre a Formação de Águas Profundas, um fenômeno que impulsiona as correntes marítimas ao redor do mundo.Pois bem: segundo Ilana Wainer, professora de Oceanografia da Universidade de São Paulo (USP), o fenômeno pode acabar. Pior: isso ocorreria em algumas décadas, segundo o meteorologista Syukuro Manabe, diretor do Sistema de Pesquisa sobre a Mudança Global, em Tóquio, Japão. A mudança alteraria o clima no mundo porque são as correntes que distribuem o calor solar incidente nos trópicos. Nos pólos, elas fornecem uma energia equivalente a 30% do calor que incide ali. A água tépida da Corrente do Golfo, por exemplo, só alcança a Europa por causa dessa circulação. Se o empurrão faltar, a Europa teria um clima parecido com o do Canadá.
Quando ocorrem grandes mudanças ambientais, sobrevivem as espécies com maior capacidade de adaptação. A raça humana, que já sobreviveu a uma era glacial, tem grandes chances de superar mais essa mudança, mas alguns ficarão pelo caminho: os mais pobres. O aquecimento, por exemplo, deve mudar o regime de chuvas, causar fome e quebras de safra, segundo o jornalista americano William Stevens, autor do livro The Change in The Weather (A mudança no clima, inédito no Brasil). Na África subsaariana, onde milhões vivem da agricultura de subsistência, isso seria uma tragédia. Mas não nos países ricos, onde os recursos permitem comprar comida, erguer diques ou abrir frentes agrícolas rapidamente.
Para muitas espécies, no entanto, o trauma deve ser maior. Entre outras mudanças, o aquecimento está empurrando as zonas climáticas em direção aos pólos, ou seja, áreas hoje ocupadas por florestas temperadas poderiam ter clima propício para matas tropicais. Na Europa, a área de ocorrência de algumas espécies de borboletas moveu-se para o norte no século XX. O menor deslocamento foi de 35 quilômetros. O maior, 240 quilômetros. Prevê-se que, ao final deste século, no Hemisfério Norte, o deslocamento das zonas climáticas seria de 160 a 560 quilômetros. No passado, isso levou espécies a evoluir. Mas a situação atual é diferente: a ação humana isolou os ecossistemas naturais. Florestas cercadas por cidades ou lavouras não podem migrar.
“Sem ter para onde ir, essas formas de vida simplesmente deixarão de existir, em uma perda importante de biodiversidade e um enfraquecimento da rede da vida”, diz o jornalista William Stevens. Os ecossistemas seriam simplificados. Os parques e as reservas naturais, imobilizados em suas fronteiras atuais, restariam inúteis.
Mas tudo isso são hipóteses. No atual estágio do estudo do clima, não é possível fazer mais que isso. É verdade que os centros de meteorologia possuem os mais avançados computadores, capazes de realizar 2,5 trilhões de cálculos por segundo, assim como equipamentos ao redor do mundo. Só o serviço de meteorologia americano mantém quatro satélites, 121 estações com radar e seis centros de pesquisa com supercomputadores. Mas o sistema segue falível. No ano passado, por lá, as previsões de precipitação com um dia de antecedência foram corretas em 69% dos casos e o limite para previsões locais por computador é de uma semana.
É que prever o clima depende de dados de milhões de anos e faltam registros detalhados sobre o passado. A temperatura só começou a ser registrada sistematicamente há 150 anos e com grandes falhas. Em uma varredura dos dados existentes, dois pesquisadores britânicos jogaram fora a maior parte dos registros. Os dados confiáveis nos últimos 150 anos se resumem a 1 548 estações no Hemisfério Norte e 293 no Hemisfério Sul. Esse é o banco de registros humanos na história da meteorologia. Os satélites foram um grande avanço, mas só existem a partir de 1979. Os balões meteorológicos, a partir de 1950. Só nos resta, portanto, confiar nos vestígios deixados pelo clima, fiarmo-nos em nossa limitada capacidade de prever o futuro e procurar evitar os perigos que ele nos reserva.

Fonte: CyberGringo