quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Mariana e a mercantilização do meio ambiente

 O Brasil deve recuperar a natureza pública de seus recursos naturais e romper com a lógica mesquinha da mercantilização desse potencial estratégico.

A catástrofe de Mariana e a ação criminosa desenvolvida pelas empresas Samarco e Vale trazem ao centro da cena o debate a respeito do processo de mercantilização crescente da ação do ser humano sobre o meio ambiente. O aprofundamento da tendência de acumulação de capital em escala planetária tem transformado, de forma crescente e alarmante, a exploração dos recursos naturais em mais um espaço de multiplicação dos ganhos econômicos e financeiros.

Na perspectiva da reprodução ampliada da acumulação do capitalismo, tudo se transfigura. Água não é mais apenas água. Mar deixa de ser simplesmente mar. Atmosfera passa a significar muito mais do que a mera atmosfera. A definição de subsolo extrapola o limitado sentido de tudo que está baixo do solo. Alguém aí mencionou preocupação com equilíbrio ecológico sistêmico ou com os riscos para o futuro do planeta? Bobagem! Don’t worry, my dear! A eficiência racional do empreendimento privado nos assegura que tudo o que for feito será para o bem de todos.

Mercantilização: dos serviços públicos ao meio ambiente.

No caso brasileiro, a onda neoliberal dos anos 1990 conseguiu avançar na privatização de importantes setores que, tradicionalmente, eram encarados como sendo de fornecimento de bens e serviços públicos. Dessa forma, os horizontes de investimento capitalista se ampliaram para além da energia, das comunicações, dos transportes, da segurança, da previdência, da educação e da saúde – só para citar apenas alguns exemplos. Passaram todos a se constituir em ramos de possível acumulação de capital.

Esse movimento se combina à ampliação também do potencial de exploração “empreendedora” sobre o meio ambiente. A opção por definir políticas públicas prioritárias para o novo modelo de exploração pós-colonial (re) transformou nosso País em explorador e exportador de produtos primários. Sejam eles associados às atividades do complexo do agronegócio concentrador e espoliador, sejam aqueles associados à extensa rede da extração de produtos minerais.

O desastre de Mariana revela justamente toda a maldade e a crueldade envolvidas na gestão de um grande empreendimento econômico cujo único foco seja a maximização de resultados para os ganhos exclusivos de seus proprietários e acionistas.  Ao contrário do que tentou divulgar uma parte dos meios de comunicação, não existiu nada de “natural” nem de “inevitável” naquele terrível acidente. Ou que a empresa teria sido, ela também, “vítima” do imponderável, como chegou a declarar um secretário do governo de Minas Gerais.

Eficiência (sic) privada leva à catástrofe.

Muito pelo contrário, todos os indícios apontam para a negligência da Samarco e de órgãos públicos municipais, estaduais e federais envolvidos no tema. As licenças e autorizações de funcionamento da mina e da barragem haviam vencido meses antes do ocorrido e nada foi feito para corrigir essa falha. Outras minas e barragens semelhantes apresentam riscos parecidos e a população da região próxima vive, há tempos, um clima de tensão permanente a respeito da possibilidade de novas rupturas.

No entanto, como a dinâmica empresarial se move apenas pela lógica da maximização de resultados, as corporações solenemente ignoram a necessidade de realizar despesas para minimização de riscos ou mesmo interromper as atividades para evitar eventos indesejados. Não! Em busca do lucro, aceleram-se os padrões de exploração dos minérios, custe o que custar.

Frente ao desastre acontecido, desnudam-se os interesses envolvidos. Governo federal e governo estadual calam-se, evitando dar os nomes aos bois. Afinal, a Samarco é uma empresa cuja composição acionária é 50% da Vale e 50% da BHP Billiton, um poderoso grupo anglo-australiano do ramo. As relações incestuosas entre setor público e setor privado são de tal ordem, que as ações pós-acidente continuaram a ser coordenadas pela própria empresa e não pelos órgãos do poder público responsáveis pela gestão desse tipo de crise .

Doações eleitorais e rabo preso.

Pouco a pouco, à medida que as informações relativas a doações para campanhas eleitorais começam a ser reveladas, percebe-se de forma mais cristalina o impressionante poder que a Samarco e a Vale exercem sobre os agentes públicos. Quase todo mundo - em todos os níveis da administração pública e em todos os grandes partidos políticos - estava de rabo preso. Haviam recebido recursos milionários para custear as despesas do pleito e não ousavam aplicar à Samarco as regras da lei e as punições cabíveis.

Pessoas que morreram ou se feriram por conta do acidente? Comunidades próximas que sofreram e sofrerão consequências de toda a ordem por conta do impacto ocorrido? Cidades e populações que estão sentindo os efeitos secundários da passagem do mar de lama e o envenenamento do Doce e demais rios da região? Os efeitos danosos para as atividades econômicas ao longo de toda a faixa de extensão continental de Minas Gerais e Espírito Santo? Os impactos da chegada da lama sobre o delta do rio e a faixa litorânea do Oceano Atlântico? Tudo isso parece não fazer o menor sentido face à necessidade de preservar os interesses da empresa.

 Os valores de multas inicialmente aventados revelam-se insuficientes face à dimensão dos malefícios causados e tornam-se irrelevantes frente a casos comparáveis em outros locais e países. Por outro lado, os valores tornados públicos para promover as indenizações relativas à reparação de danos e perdas humanas, materiais e ambientais tampouco são suficientes para dar conta das necessidades contabilizadas.


O que é mais bilionária: indenização ou sonegação?

A British Petroleum, por exemplo, fez um acordo para pagar US$ 21 bilhões ao governo norte-americano, como indenização das consequências do acidente provocado por vazamento de óleo no Golfo do México em 2010. Ora, esse montante equivalente a R$ 75 bi é muito superior aos levantamentos iniciais de R$ 10 a 14 bi para o que ocorreu com a mina da Samarco. E a maioria dos especialistas avalia que os impactos do caso brasileiro são muito mais custosos do que o da BP. Mas os espaços dedicados na imprensa ao tema costumam chamar a atenção para as dificuldades da empresa - coitadinha! - em dar conta de tal responsabilidade.


Pouco se fala a respeito de possibilidade de cobertura do sinistro recorrendo ao expediente do resseguro. Esse procedimento é obrigatório em empreendimentos desse porte e a sociedade brasileira gostaria de saber a quantas anda esse dossiê. E mesmo, no limite, nada se debate sobre alternativa da União se valer do expediente da estatização do patrimônio da empresa concessionária e de sua controladora para fazer face a tal obrigação. Esses são casos típicos em que se pode aplicar o recurso à desapropriação de ativos privados. Inclusive pelo fato de que a Vale encabeça a lista dos maiores grupos devedores à União, com quase R$ 42 bilhões de dívidas tributárias não quitadas. Em português claro: crime de sonegação.


Afinal, nunca é demais recordar que a Cia Vale do Rio Doce foi privatizada a preço de banana em maio de 1997, tendo sido sua propriedade entregue ao capital privado por apenas R$ 3,3 bilhões. A título de comparação, para se ter uma noção de quão irrisório foi o valor da negociata, naquele mesmo ano, o lucro líquido da Vale foi quase 4 vezes superior ao valor da venda de seu patrimônio: R$ 13 bi. E na sequência, os lucros anuais foram sempre bilionários, atingindo o recorde histórico em 2011, quando chegou à cifra de R$ 37 bi.


É claro que não se pode assegurar que, fosse a Vale ainda uma empresa estatal do governo federal, um acidente desse porte jamais teria acontecido. No entanto, o fato de ela estar na esfera pública, de forma mais transparente e direta, certamente poderia contribuir para um sistema mais adequado de controle de seu desempenho operacional. Isso porque a situação atual - por mais contraditório que possa parecer - da trama de poder da Vale envolve uma participação acionária majoritária do BNDES e de fundos de pensão vinculadas a empresas estatais. Isso significa dizer que a União teria 60,5% do poder na assembleia de acionistas. Ou seja, a velha estória de recursos públicos sendo apropriados e comandados pelo capital privado.


Enfim, seja a Vale um empresa estatal ou privada, o fato relevante é que as orientações de sua exploração sobre o solo e subsolo de nosso País devem passar por uma profunda reavaliação. Isso significa recuperar a natureza pública de nossos recursos naturais e romper com a lógica mesquinha da mercantilização desse potencial estratégico. Afinal, exportar minério de ferro extraído do Brasil a preços aviltantes para uma empresa do grupo na China e importar os trilhos lá manufaturados para construir as suas ferrovias em território brasileiro não é a melhor solução.


* Paulo Kliass é doutor em Economia pela Universidade de Paris 10 e Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, carreira do governo federal.

Fonte: Carta Maior 

Comissão do Senado aprova projeto que afrouxa licenciamento ambiental

Proposta que fixa limite máximo de oito meses para que órgãos técnicos aprovem obras estratégicas é criticada por ambientalistas.

Vinte dias depois da maior tragédia ambiental da história do Brasil, a Comissão de Desenvolvimento Nacional do Senado aprovou, na quarta-feira 25, por 7 votos a 2, o projeto de lei que cria o licenciamento ambiental especial, também chamado de processo "fast-track" (caminho expresso, em inglês). A proposta, de autoria do senador Romero Jucá (PMDB-RR), afrouxa as regras de licenciamento ambiental para obras consideradas estratégicas, como rodovias, hidrovias, portos, ferrovias, aeroportos e empreendimentos de telecomunicação e energia.
Nas perguntas e respostas abaixo, entenda os principais temas ligados à proposta:
De onde surgiu esse projeto?
O projeto é parte da Agenda Brasil, um conjunto de medidas propostas pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que apregoa uma saída para a crise econômica e para a modernização do País. 
Qual é a intenção do projeto?
Os defensores do "fast-track" querem acelerar o licenciamento de obras consideradas estruturantes e estratégicas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e dos programas de concessão.
Quem vai decidir quais obras se encaixam nessa classificação?
Segundo o texto, caberá ao Poder Executivo indicar, por decreto, quais obras terão o status de licenciamento ambiental especial. 
O que muda com o licenciamento ambiental especial?
A principal alteração da proposta é criar uma única licença ambiental, a ser emitida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente em um prazo máximo de oito meses.
Como funciona o licenciamento ambiental hoje?
Atualmente, uma obra precisa de três licenças ambientais diferentes: uma licença prévia (que aprova a viabilidade ambiental do projeto), a licença de instalação (necessário para o início da obra) e outra de operação (que permite o seu funcionamento). Cada licença exige estudos específicos por parte das empresas e, no total, todo este processo pode levar até cinco anos.
Por que a alteração é defendida?
Segundo os parlamentares, esta mudança é importante porque obras importantes para o País não podem levar anos para serem aprovadas e porque este atraso encarece os projetos.
Quem defende a proposta?
A proposta foi inicialmente apresentada pelo senador Renan Calheiros (PMDB-AL), como parte da Agenda Brasil. Dentro do governo, o projeto é apoiado pelo ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga (PMDB-PA), e por diversos senadores do PMDB.
E os críticos do projeto, o que dizem?
Organizações em defesa do meio ambiente chamaram a proposta de "retrocesso" e lamentaram "a incapacidade do governo de formular um plano que não enxergue o meio ambiente como entrave”.
Segundo elas, o desastre ambiental de Mariana (MG) mostrou que o País precisa aperfeiçoar – e não desmantelar – as licenças ambientais e os instrumentos de prevenção de danos. Isso, de acordo com as organizações, seria benéfico para o meio ambiente e para o empresariado, que teria maior segurança jurídica e econômica para operar, além de ver reduzidos os conflitos e demandas a que tem de responder.
Ainda segundo as organizações, "a biodiversidade, a sustentabilidade e o equilíbrio ambiental são imprescindíveis para o bem estar da população e para garantir sustentabilidade ao desenvolvimento econômico e social, e por isso, não podem ser submetidos a interesses temporários, tanto no Congresso Nacional quanto no governo federal".
Mas o que os críticos do projeto dizem sobre a demora na concessão de licenças?
As entidades ambientalistas apontam para um estudo da Universidade de Oxford, no Reino Unido, que revelou que os principais motivos do atraso de grandes obras, como hidrelétricas, estão na fase do planejamento, quando custos e prazos são, na maioria das vezes, subestimados.
Em relação à demora na emissão das licenças, organizações ambientais defendem que o problema seria resolvido com uma ampliação do número de servidores dos órgãos ambientais.
Como será a tramitação do projeto?
Da comissão especial, o texto segue para a análise do Plenário do Senado.

Fonte: Carta Capital

Falta de recursos atrasa políticas públicas de reciclagem


A cinco dias da Convenção das Nações Unidas sobre o Clima (COP 21), em Paris, que pretende alcançar um acordo entre representantes de diversos países para frear o aquecimento global e impedir que a temperatura suba mais de dois graus Celsius até o final do século, Porto Alegre discutiu os planos municipais, estaduais e nacional para gestão de resíduos sólidos no 6º Congresso de Gestão Ambiental, promovido pelo Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais (Ibeas) e realizado no Centro Universitário Metodista IPA.
No Rio Grande do Sul, 399 municípios encaminham seus resíduos sólidos para descarte final em aterros sanitários, 97 fazem o descarte em aterros controlados (categoria intermediária entre lixão e aterro sanitário, com cobertura de grama e argila), e apenas um ainda utilizada lixões para despejar seus resíduos. No total, 74% cidades dependem de 11 aterros sanitários compartilhados, geridos tanto pelo poder público quanto pelo privado. O Estado conta com 60 unidades de disposição de resíduos sólidos urbanos. Destas, somente 19 são consideradas adequadas.
Em todo o Rio Grande do Sul, somente o aterro de Minas do Leão tem capacidade de absorver a quantidade de lixo produzida pela Capital, onde são recolhidas, diariamente, 2 mil toneladas de resíduos. Destes, somente 100 toneladas são de recicláveis. O diretor-geral do Departamento Municipal de Lixo Urbano (DMLU), André Carús, ressalta que a ausência de separação nas próprias residências dificulta o trabalho final e o encaminhamento dos resíduos para as unidades de triagem encarregadas da reciclagem. “Além da fiscalização, estamos aplicando multas e punições mais severas”, contou o diretor. A ideia é resguardar a parte da população que já está ciente da importância da separação de lixo e estimular aqueles que ainda não o fazem.
Durante o congresso, Carús detalhou o Plano Municipal de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos da Capital, apresentando em novembro de 2014. “Dentro das 46 ações previstas no plano, 60% já foram implementadas ou estão em execução. As que ainda não começaram dependem umas das outras para iniciar ou de órgãos externos ao DMLU, como a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e de Urbanismo. O que acaba dificultando é a falta de recursos, nosso cobertor ainda é insuficiente”, comentou. Carús também ressaltou a gravidade da conexão entre as condições climáticas e os resíduos encaminhados de forma inadequada. “Quando não tem um destino final, seja para aterros ou para outras centrais, gera um efeito muito forte na geração de gases de efeito estufa na atmosfera. Na medida que tivermos políticas públicas que reduzam essas emissões de gases, podemos minimizar os efeitos na poluição atmosférica.”
Carús ressaltou a importância da Marcha Gaúcha pelo Clima, que ocorre no próximo domingo, a partir das 11h, no Parque da Redenção. O diretor-geral concorda com a colocação do norte-americano Marc Weiss, CEO do Global Urban Development, de que ainda existe uma cultura que crê que a sustentabilidade não é lucrativa. “Gera renda e oportunidades principalmente para as pessoas que mais precisam, com dificuldades sociais mais elevadas. Aqui em Porto Alegre, por exemplo, as políticas públicas existentes são voltadas aos galpões de reciclagem”, explicou. Para ele, falta um entendimento maduro de quais tecnologias poderiam servir. “Como ainda há pouco esclarecimento sobre isso, perdemos até investimento de empresas. Falta estudo e aprofundamento sobre a questão”, ponderou.
 

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Uma Fábula para o Amanhã

ERA UMA VEZ uma cidade no coração do s Estados Unidos onde todos os seres vivos pareciam estar em harmonia com o seu ambiente. A cidade ficava em meio a um atabuleiro de prósperas fazendas, com campos de cereais e pomares nas encostas das montanhas onde, na primavera, nuvens brancas de flores flutuavam sobre o verde. No outono, os carvalhos, os bordos e as bétulas criavam um esplendor de cores que inflamava e tremeluzia sobre um cenário de coníferas. Então raposas repousavam nas montanhas e cervos cruzavam silenciosamente os campos, semiocultos nas névoas das manhãs de outono.
Ao longo das estradas, loureiros, viburnos e amieiros, grandes samambaias e flores selvagens encantavam os olhos dos viajantes na maior parte do ano.
Mesmo no inverno, as margens das estradas eram lugares cheios de beleza, onde inúmeros pássaros vinham se alimentar das bagas e das sementes das ervas secas que despontavam na neve. A região campestre era, com efeito, famosa pela abundância e pela variedade de pássaros, e quando vinha o dilúvio de pássaros migrantes, na primavera e no outono, as pessoas viajam de grande distancia para observá-los. Outros vinham pescar nos rios, que corriam límpidos e gelados das montanhas e continham pequenas lagoas sombrias onde as trutas se abrigavam. Assim fora desde os dias, muitos anos atrás, em que os primeiros colonizadores haviam erguido suas casas, cavado seus poços e construído seus celeiros.
Então uma estranha praga se infiltrou naquela região e tudo começou a mudar. Algum tipo de feitiço maléfico se instalou na comunidade: misteriosas doenças atacaram as galinha; o gado e os carneiros adoeceram e morreram. Por toda parte, pairava a sombra da morte. Os fazendeiros falavam de muitas doenças em sua família. Na cidade, os médicos ficavam cada vez mais intrigados com os novos tipos de doenças que apareciam em seus pacientes. Houve muitas mortes súbitas e não explicadas, não apenas entre adultos, mas também entre crianças, subitamente acometidas pela doença enquanto brincavam e morriam em poucas horas.
Havia uma estranha quietude. Os pássaros, por exemplo – para onde tinham ido? Muitas pessoas falavam neles, confusas e inquietas. Os alimentadores de pássaros nos quintais estavam desertos. Os poucos pássaros que se viam estavam moribundos; tremiam violentamente e não conseguiam voar. Era uma primavera sem vozes. Nas manhãs que outrora palpitavam como o coro de pintaroxos, tordos, pombas, gaios, carriças e diversas vozes de outros pássaros, agora não havia nenhum som. Apenas o silêncio pairava sobre os campos, bosques e pântanos.
Nas fazendas, as galinham chocavam, mas os pintinhos não nasciam. Os fazendeiros se queixavam de que não conseguiam criar porcos – as ninhadas eram pequenas e os filhotes sobreviviam apenas poucos dias. As macieiras estavam florescendo, mas não havia abelhas zumbindo ao redor das flores, portanto não havia polinização, e não haveria frutos.
As margens das estradas, antes tão atraentes, estavam agora cobertas por uma vegetação seca e amarronzada, como se houvesse sido varrida pelo fogo. Também estavam em silêncio, desertas de tudo o que fosse vivo. Mesmo os rios estavam agora sem vida. Os pescadores amadores não mais os visitavam, pois todos os peixes haviam morrido.
Nas calhas, por baixo dos beirais, e entras a telhas dos telhados, um pó branco granuloso ainda se acumulava em alguns pontos; algumas semanas antes, ele caíra como neve sobre os telhados e os gramados, os campos e os rios.
Não havia sido nenhuma bruxaria, nenhuma ação inimiga que havia silenciado o ressurgir da nova vida nesse mundo devastado. As próprias pessoas tinham feito aquilo.
Essa cidade não existe realmente, mas poderia facilmente ter milhares de equivalentes nos Estados Unidos ou em qualquer parte do mundo. Não conheço nenhuma comunidade que tenha passado por todos os infortúnios que descrevo. Ainda assim, cada um desses desastres ocorreu, de fato, em algum lugar, e muitas comunidades reais já sofreram um bom número deles. Um espectro lúgubre se insinuou entre nós quase sem que percebêssemos, e essa tragédia imaginada pode facilmente se tornar uma crua realidade que todos devermos conhecer.
O que já silenciou as vozes da primavera em numerosas cidades dos Estados Unidos? Este livro é uma tentativa de explicar o ocorrido.

 Uma fábula para o amanhã. In: CARSON, Rachel, Primavera Silenciosa: São Paulo, Edição Melhoramentos, 1962.

Acesse o livro aqui

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

“Mudanças climáticas têm muito mais a ver com capitalismo do que com carbono”, diz Naomi Klein

O novo livro da autora e ativista Naomi Klein vai explorar como nosso atual ”modelo de economia está em guerra com a vida na Terra”.

 

O título do livro não é difícil de ser entendido: Isso muda tudo: Capitalismo versus Meio ambiente.
Esperado para setembro, o novo trabalho da jornalista, ativista e intelectual canadense Naomi Klein tem sido divulgado em um vídeo que expõe seus principais temas e argumento central.
”Em dezembro de 2012, um grupo de cientistas foi até o palco da União Geofísica Americana para apresentar um artigo”, diz a narradora do vídeo – a própria Klein – enquanto imagens mostram o crescimento urbano e a queimada de lavouras.
E a narração continua:
O artigo foi intitulado ”A Terra está ferrada?”. E sua resposta foi: ”Sim. Bastante.”’
É para onde a estrada onde estamos está nos levando, mas isso tem menos a ver com carbono do que com o capitalismo. Nosso modelo de economia está em guerra com a vida na Terra. Não podemos mudar as leis da natureza, mas podemos mudar nossa economia falida.
E é por isso que as mudanças climáticas não significam apenas um desastre. É também nossa grande chance de exigir – e construir – um mundo melhor. Mudar ou ser mudado. Mas não se enganem… isso muda tudo.
De acordo com a editora Simon & Schuster, Isso muda tudo é uma ”brilhante explicação de como nossa crise climática nos desafia a abandonar o centro da ideologia do ‘mercado livre’ do nosso tempo, reestruturar a economia global e refazer nossos sistemas políticos”.
Descrita como mais importante e visionário do que seu best-seller anterior, Doutrina do Choque, a nova obra de Klein vai argumentar que a mudança climática não é apenas outro item a ser habilmente arquivado entre impostos e assistência médica. É um alerta que nos chama a ajustar nosso sistema econômico que já está nos extinguindo de diferentes formas.
Klein argumenta meticulosamente que a redução maciça da emissão de efeito estufa é a nossa melhor chance de simultaneamente diminuir as desigualdades, repensar nossas democracias falidas e reconstruir nossas tristes economias locais. Ela expõe o desespero ideológico daqueles que negam a mudança climática, as ilusões messiânicas dos pretensos geoengenheiros e o derrotismo trágico de muitas iniciativas verdes tradicionais.

Temos de entender o fato de que a revolução industrial que levou prosperidade a nossa sociedade está agora desestabilizando o sistema natural do qual dependem nossas vidas.

Esses argumentos não serão novos para quem segue o trabalho de Klein – e os argumentos similares de muitos outros nos últimos anos – mas a expectativa é de que assim como na abordagem anterior sobre o capitalismo moderno em Doutrina do Choque, ela vai apresentar sua análise mais completa da situação atual e sua visão do futuro.
Em discurso para um dos maiores sindicatos do Canadá, Klein disse aos membros da Unifor que se foi o tempo em que os trabalhadores e os interesses industriais entregam suas mentes ao que dita a ciência climática sobre o modelo econômico vigente do capitalismo global dominado pelas corporações.
Ela também discutiu a ideia de que as mudanças climáticas não devem ser vistas como um desastre, mas como uma enorme oportunidade para reformar o paradigma político e a luta por justiça global. Ela declarou à plateia de trabalhadores:
A ideia que quero trazer a vocês é que a questão das mudanças climáticas – quando toda a sua economia e implicações são entendidas – é a mais poderosa agenda progressista que já existiu para a igualdade e a justiça social.
Mas primeiro nós temos que parar de fugir da crise climática, parar de deixar isso para os ambientalistas e nos confrontarmos com o problema. Temos de entender o fato de que a revolução industrial que levou prosperidade a nossa sociedade está agora desestabilizando o sistema natural do qual dependem nossas vidas.
”As mudanças climáticas”, ela acrescentou, ”não são um item para você adicionar à lista de coisas com as quais se preocupar. São um alarme para a civilização”.

(Via Jon Queally, do Common Dreams)

Fonte: EcoD

Fonte: Revista Ecológica

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Mais de 2 bilhões de pessoas não têm saneamento básico, afirma novo relatório da ONU

 Documento lançado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que uma em cada três pessoas, ou 2,4 bilhões de cidadãos do planeta, não possuem saneamento básico.

 O Fundo da ONU para a Infância (UNICEF) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertaram nesta terça-feira (30) que a falta de progresso no saneamento ameaça enfraquecer a sobrevivência infantil e benefícios para a saúde conquistados por meio de um melhor acesso à água potável.

Responsáveis por acompanhar os avanços dessa meta estabelecida pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), ambas as agências publicaram o Relatório do Programa de Monitoramento Conjunto que revela que uma em cada três pessoas – ou 2,4 bilhões de cidadãos no planeta – carecem de saneamento básico, incluindo 946 milhões de pessoas que defecam ao ar livre.

“Até que todos tenham acesso a saneamento básico adequado, a qualidade do abastecimento de água vai ser prejudicada e muitas pessoas continuarão morrendo de doenças transmitidas pela água e relacionados com a água”, declarou a diretora do departamento de saúde pública da OMS, Maria Neira. “O acesso à água adequada, saneamento e higiene é fundamental para a prevenção e cuidados de 16 das 17 “doenças tropicais negligenciadas”.

Fonte: Nações Unidas

segunda-feira, 29 de junho de 2015

O que torna uma cidade sustentável?

A cidade de Essen, no oeste da Alemanha, foi escolhida a "capital verde" da Europa para o ano de 2017 – um prêmio dado anualmente pela Comissão Europeia para exemplos de ações ambientalmente importantes, incluindo esforços locais para melhorar o meio ambiente no perímetro urbano e promover o crescimento sustentável.

Desde 2010, o título é concedido a cidades europeias com população superior a 100 mil habitantes. A premiação é dada sempre dois anos antes do período proposto. Para 2016, a vencedora foi Liubliana, na Eslovênia. A inglesa Bristol ganhou o título para 2015, e a capital dinamarquesa Copenhague, no ano passado.

Antigo centro de mineração de carvão, no coração do Vale do Ruhr, Essen foi reconhecida por superar o desafio da sua história industrial e reinventar-se de maneira ambientalmente sustentável. Depois, tornou-se exemplo para outras cidades.

Mas o que, afinal, faz uma cidade ser considerada "verde"?

Para o concurso, um grupo independente de especialistas analisou as cidades com base em fatores como qualidade do ar, transporte, áreas verdes urbanas e medidas para lidar com as mudanças climáticas.
George Ferguson, prefeito de Bristol, na Inglaterra, descreve as mudanças climáticas como "o maior desafio" que as cidades europeias precisam encarar. Segundo ele, enfrentar isso depende de inovação – e muitas vezes com bom humor. Exemplo disso é o que ficou popularmente conhecido como "poo bus", ônibus movido a fezes.

"É o ônibus número dois, e funciona por meio de dejetos humanos. Mas não cheira mal", brinca Ferguson.
O "poo bus" faz parte da campanha de Bristol para reduzir a emissão de carbono em 40% até 2020. Outras medidas rumo a esse objetivo são apoiadas por projetos que incentivam o aumento da energia renovável e a redução no consumo de energia.

Antecessora de Bristol como "capital verde" da Europa, Copenhague tem ambições ainda maiores quando o assunto é mudança climática. A mais ousada é extinguir a emissão de carbono até 2025. Na última década, a cidade já conseguiu reduzir o índice em 40%.

Há ainda mais esforços dos dinamarqueses para aumentar as estruturas construídas com energia renovável e fomentar o uso adequado das bicicletas, com programas como o "bike-butler" ("mordomo de bicicleta").
Quando as pessoas estacionam as bicicletas em locais inconvenientes, os "mordomos" as removem. Mas quando os ciclistas chegam para pegá-las de volta, eles não são punidos com multa, mas sim cumprimentados de forma amigável. Pode soar quase inacreditável, mas, além disso, a bicicleta ainda recebe um banho de óleo nas correias e tem os pneus cheios.

"Criando soluções aprazíveis e elegantes para quem pedala, tornamos a atividade ainda mais atrativa", diz Lykke Leonardsen, chefe da agência municipal que tenta "livrar" Copenhague do carbono.
Aparentemente, funciona. Hoje, em Copenhague, 45% de todos os deslocamentos para o trabalho e para a escola são feitos de bicicleta.

Além de reduzir a emissão de carbono, uma "cidade verde" deve ser também literalmente verde. Isso, porém, não significa apenas ter parques. A expressão da moda em termos de planejamento urbano é "infraestrutura verde", definida como áreas naturais projetadas para desempenhar uma série de funções.
Ronan Uhel, da agência europeia de meio ambiente, conceitua a infraestrutura verde como "uma solução de base natural" que também pode contribuir para a preservação da biodiversidade.

"Pode estar relacionado à eficiência energética de prédios, pode suavizar as divisões das nossas paisagens, pode ser útil para regenerar a acessibilidade aos rios", diz Uhel.

Um grande projeto em Copenhague envolveu a criação de uma rede de áreas verdes que pode absorver a água das chuvas – resultado de um replanejamento devido a uma tempestade, em 2011, que causou grandes danos à infraestrutura da cidade e ameaçou risco de vida a várias pessoas.

Agora, essas áreas desviam a água da chuva, ajudam a limpar o ar e atuam como espaços conjuntos para a comunidade.

"Isso está esverdeando a cidade, deixando-a mais saudável e atrativa", afirma Leonardsen.
Martin Powell, chefe de desenvolvimento urbano da empresa alemã Siemens no Reino Unido, salienta o quão isso é importante:

"Uma cidade verde é absolutamente essencial para atrair o capital humano que você quer ver trabalhando e vivendo no local", diz.

Powell afirma que os municípios e a iniciativa privada podem "pegar carona" e colocar a infraestrutura verde para investimentos. Ele sugere que, quando grandes edifícios passam por uma renovação energética, podem incluir algumas características.

"Por que não integrar com um telhado verde um lugar permeável, no lado de fora, para ajudar no escoamento da água vinda da superfície, uma drenagem sustentável e outras infraestruturas verdes?", sugere Powell.

Ferguson, prefeito de Bristol, finaliza dizendo que as cidades são, ao mesmo tempo, fontes de muitos problemas, mas também de muitas soluções.

"Se as cidades podem se tornar um laboratório de mudanças, os benefícios podem ser espalhados por toda a Europa. Uma cidade, sozinha, não vai mudar o mundo. Mas se compartilharmos ideias, e também os problemas, vamos compartilhar as respostas, e aí poderemos mudar o mundo", conclui.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Pesquisa do IBGE revela que brasileiros reciclam quase 100% das latinhas

O Brasil segue firme na liderança mundial em reciclagem de latas de alumínio, posto do qual é rei desde 2001. O reaproveitamento no país chega a 97,9%, segundo o estudo Indicadores de Desenvolvimento Sustentável Brasil, divulgado pelo IBGE na sexta-feira passada. Mais do que conscientização ambiental, a reciclagem está ligada ao valor do material. Quem recicla, garante: latinha de alumínio é ouro!

Na Cooperativa de Educação Ambiental e Reciclagem Sepé Tiaraju, na Zona Norte da Capital, a importância de revender as latas é tanta, que o dinheiro arrecadado com elas serve para pagar o INSS mensal de 25 cooperativados. O preço médio é R$ 3, o quilo. No verão, quando o consumo é maior, a cooperativa consegue arrecadar cerca de 800kg por mês. No inverno, não passam de 600kg.

— De latinha a panelas, o alumínio sempre foi o material mais disputado. É o nosso ouro! — confirma a coordenadora da cooperativa Núbia Luísa Vargas dos Santos, 27 anos.

Filha de recicladores, Núbia estudou só até a quarta série e sempre trabalhou na mesma área dos pais. Ela afirma tirar da reciclagem o sustento para os dois filhos – de dois e oito anos. Por mês, Núbia recebe R$ 1,2 mil.

— Não me considero lixeira, sou recicladora. Tenho orgulho do meu trabalho porque estou ajudando a melhorar o meu planeta. Se mais as pessoas tivessem consciência da importância de selecionar o material, teríamos menos problemas no meio ambiente — acredita Núbia.

Ciclo rápido

Segundo a Associação Brasileira do Alumínio, os 97,9% correspondem a 267,1 mil toneladas de sucata de latas recicladas, o mesmo que 19,8 bilhões de unidades, ou 54,1 milhões por dia ou 2,3 milhões por hora.

Hoje, o ciclo da lata de bebida se completa em 30 dias: ela é comprada, utilizada, coletada, reciclada, envasada (cheia de líquido) e volta às prateleiras para o consumo.
Na prensa, Flaubiano Rodrigues da Cruz, 27 anos, um dos cinco familiares de Núbia que vive da reciclagem, vê as latas completarem o ciclo antes de voltarem ao comércio. Desde guri, ele vive do recolhimento do que é descartado pela maioria.

— Consigo tirar o salário suficiente para sustentar meus três filhos e ainda ajudo o meio ambiente — diz, faceiro.

Tesouro no lixo
 
* Em 2012, o país reciclou 508 mil toneladas de alumínio. Desse total, 267,1 mil toneladas referem-se à sucata de latas de alumínio para bebidas, o que corresponde a 97,9% do total de embalagens consumidas.
* O Brasil é o oitavo maior produtor de alumínio primário, precedido pela China, Rússia, Canadá, Estados Unidos, Emirados Árabes, Austrália e Índia.
* O alumínio pode ser reciclado infinitas vezes, sem perder as suas características no processo de reaproveitamento, ao contrário de outros materiais.
* O alumínio pode ser reciclado tanto a partir de sucatas geradas por produtos de vida útil esgotada, quanto por sobras do processo produtivo.
* Utensílios domésticos, latas de bebidas, esquadrias de janelas, componentes automotivos, entre outros, podem ser fundidos e empregados novamente na fabricação de novos produtos.
* Um quilo é formado por 75 latinhas de alumínio.
* O preço médio do quilo é de R$ 3.

Na Capital

* Em 25 anos de coleta seletiva em Porto Alegre, o DMLU recolheu 15,6 mil toneladas de metais – incluindo latinhas de alumínio.
* Os caminhões do DMLU coletam os resíduos recicláveis em 100% dos bairros e os encaminham para as 19 unidades de triagem (UT) conveniadas. Nesses locais, os trabalhadores fazem a separação (plásticos, papel, embalagens longa vida, vidro, isopor, garrafas plásticas), prensam, agrupam em fardos e negociam autonomamente a venda desses materiais para a indústria de reciclagem e/ou reaproveitamento.
* 15,6 mil toneladas de metais  em Porto Alegre foram recolhidas em 25 anos de coleta seletiva em Porto Alegre.
* Segundo o programa de inclusão na reciclagem Somos Todos Porto Alegre, ao menos 4 mil pessoas na Capital vivem da reciclagem.

Fonte: Associação Brasileira do Alumínio, Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade e DMLU
*Diário Gaúcho

Disponível em: Zero Hora

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Cientistas pedem a suspensão dos transgênicos em todo o mundo

Carta aberta de cientistas de todo o mundo a todos os governos sobre os organismos geneticamente modificados (OGM).
– Os cientistas estão extremamente preocupados com os perigos que os transgênicos representam para a biodiversidade, a segurança alimentar, a saúde humana e animal, e, portanto, exigem uma moratória imediata sobre este tipo de cultivo em conformidade com o princípio da precaução.
 
Fonte: http://bit.ly/1ko1zyt  
– Eles se opõem aos cultivos transgênicos que intensificam o monopólio corporativo, exacerbam as desigualdades e impedem a mudança para uma agricultura sustentável que garanta a segurança alimentar e a saúde em todo o mundo.
– Eles fazem um apelo à proibição de qualquer tipo de patentes de formas de vida e processos vivos que ameaçam a segurança alimentar e violam os direitos humanos básicos e a dignidade.
– Eles querem apoio maior à pesquisa e ao desenvolvimento de uma agricultura não corporativa, sustentável, que possa beneficiar as famílias de agricultores em todo o mundo.
A carta aberta está publicada no sítio Ecocosas, 07-06-2014. No entanto, a carta foi publicada originalmente em 01-09-2000 e encontra-se no sítio inglês ISIS - Institute of Science in Society. A tradução é de André Langer.

Leia mais em: Revista IHU

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Demanda Bioquímica de Oxigênio

 A DBO representa o potencial ou a capacidade de uma massa orgânica “roubar” o oxigênio dissolvido nas águas. Mas este “roubo” não é praticado diretamente pelo composto orgânico, mas sim é resultado da atividade de microorganismos que se alimentam da matéria orgânica.
Assim, constituem condições básicas para a DBO:

a) A existência de microorganismos: se for colocada certa quantidade de calda de esgotos em um frasco com um tanto de água e em seguida esterilizar a solução, não haverá consumo de oxigênio no frasco. Isto é, a quantidade de oxigênio dissolvido, inicialmente existente permanecerá a mesma nos dias seguintes.
b) A existência de condições aeróbias: não havendo oxigênio dissolvido não pode haver seu consumo. Além disso, os microrganismos presentes devem ser aeróbicos (não é possível a respiração anaeróbia em presença de oxigênio). Mas há condições que merecem ser compreendidas: se o esgoto lançado em um rio tiver uma parte solúvel e outra sólida, insolúvel ( e geralmente o tem), esta última irá precipitar-se no fundo do rio ou do frasco, formando lodo orgânico (ou de esgoto). Assim, embora haja oxigênio na água superficial, o oxigênio não penetrará no interior do lodo, a não ser que se induza uma mistura constante. Assim mesmo, será difícil a penetração do oxigênio no interior das partículas sólidas. O lodo, então, será decomposto anaerobicamente, enquanto que a parte dissolvida, superior, terá decomposição aeróbia. Por conseguinte, só a parte superior gerará demanda bioquímica de oxigênio e não o lodo depositado. Por isso, em todo corpo d’água com pequena velocidade de escoamento, por melhor oxigenado que seja, há sempre um ambiente anaeróbio no seu leito. Então, para que não ocorra atividade anaeróbia, com suas conseqüências nocivas e desprendimento de maus odores, deve-se adicionar oxigênio suficiente ao meio para fomentar a atividade aeróbia.
c) A existência de compostos assimiláveis: se os elementos orgânicos do esgoto não forem biodegradáveis, não haverá decomposição biológica aeróbia ou anaeróbia. Por conseguinte, não haverá condições para o desenvolvimento de DBO, uma vez que não existirão microorganismos consumindo oxigênio.

A decomposição biológica tem um papel vital na natureza: degradar a matéria orgânica restituindo seus elementos ao meio. A decomposição aeróbia é mais vantajosa que a anaeróbica: é mais rápida e não forma subprodutos orgânicos, ainda que feita à custa do oxigênio do meio, originando a DBO.
A DBO, assim, é um fator positivo dos ciclos vitais, ainda que seja necessário haver um equilíbrio entre o consumo e a produção de oxigênio no meio. Para que essa relação não seja prejudicada, não pode haver consumo excessivo, ou seja, excesso de alimento em relação ao volume de água, uma vez que as reservas disponíveis de oxigênio na água são limitadas. A manutenção desse equilíbrio repousa, pois, em dois princípios ou providências:

1. A quantidade de alimento (esgoto e outros despejos orgânicos assimiláveis) lançada ao corpo d’água deve ser proporcional à vazão ou ao volume de água, isto é, à disponibilidade de oxigênio dissolvido. Assim sendo, a quantidade de esgotos que produz uma grave poluição se lançada num pequeno rio, extinguindo seu oxigênio, poderá não causar nenhum dano num grande rio. O conceito de poluição é, pois, relativo (ao volume de oxigênio do corpo receptor) e nunca absoluto.
2. Caso a proporcionalidade acima referida não seja possível, é necessário prover o meio aquático de fontes adicionais de oxigênio. Isto se faz:
  • intensificando sua aeração: a turbulência de um rio que possui cachoeiras ou quedas d’água renova muito mais rapidamente o seu oxigênio, a partir do ar atmosférico. Isto pode ser provocado artificialmente, seja no rio ou no próprio esgoto, antes de ser lançado, mediante borbulhamento de ar comprimido ou forte agitação feita por rotores ou escovas rotativas;
  • desenvolvendo condições favoráveis à proliferação e atividade de microorganismos fotossintetizantes tais como as algas microscópicas. Os vegetais clorofilados são fontes primárias de oxigênio na natureza.

Bibliografia: MULLER. A. C., Introdução à Ciência Ambiental; Curitiba – PUC-PR; uso didático. Págs. 67 a 73.

Fonte: Ambiente Brasil
 

quarta-feira, 20 de maio de 2015

O que é Compostagem

Compostagem é um processo biológico de decomposição de materais orgânicos feito por microorganismos. Estes transformam resíduos como folhas, restos de alimentos, estrume, papel e outros num material semelhante ao solo, chamado de composto e que pode ser utilizado como adubo em jardins, hortas, quintais, etc. Todos os resíduos orgânicos se decompõem e a compostagem apenas acelera este processo. Realizando compostagem de resíduos orgânicos, você devolve ao solo nutrientes importantes, para que o ciclo de vida possa continuar. O composto já pronto parece com o solo, de cor marrom escuro, podendo ser quebradiço e cheirar como o chão de uma floresta.
Os microorganismos são os trabalhadores atuantes e que fazem a compostagem acontecer. Eles precisam de ar, água e comida para fazer bem o seu trabalho e é muito importante fornecer a eles a quantidade necessária.

Tipos de compostagem

Compostagem de quintal – Se você tem um quintal com folhas caídas, restos de grama ou mesmo ervas daninhas e restos de alimentos de sua cozinha e outros resíduos orgânicos, você tem tudo para iniciar a sua compostagem.
Vermicompostagem – Se você mora em apartamento e tem abundância de restos de comida e outros resíduos orgânicos, este tipo de compostagem é para você.
o que é compostagem


Ciclo natural – Se você tem um quintal e não quer utilizar a grama cortada ou ervas daninhas arrancadas numa composteira, deixe-os no solo ou sobre a grama para se decompôr naturalmente. É importante compreender que restos de grama não é sujeira, mas alimento para o solo e a grama que está plantada.

Razões para você fazer compostagem
  • Fazendo compostagem dos restos de comida e resíduos de quintal você reduz o envio de resíduos aos aterros sanitários;
  • Você reduzirá significativamente o problema de pragas e uso de pesticidas;
  • A compostagem ajuda o solo a ser mais fértil e saudável, ajudando suas verduras, frutas ou mesmo flores do jardim a serem mais saudáveis e resistentes a pragas e doenças;
  • Adição de materiais orgânicos ao solo melhora a retenção de umidade;
  • Adição de material orgânico decomposto no solo, alimenta os organismos benéficos;
  • O composto altera ambos os solos, arenosos e argilosos;
  • O composto fornece liberação lenta e equilibrada de nutrientes ao solo. Desta maneira as plantas conseguem aproveitar este nutriente por mais tempo;
  • A compostagem economiza dinheiro, sendo desnecessário adquirir fertilizantes químicos;
  • Ao alimentar bem as plantas, elas vão melhorar a sua própria dieta. As plantas cultivadas em solos pobres têm um teor de nutrientes reduzido;
  • A compostagem doméstica é uma ferramenta valiosa na educação das crianças sobre a natureza e o ciclo da vida
Fonte: Cened
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sexta-feira, 15 de maio de 2015

37 Milhões de Abelhas Morrem após o Plantio de Milho Transgênico no Canadá

Dezenas de milhares de abelhas morreram em Ontário desde que o milho transgênico foi plantado há algumas semanas. Um dos produtores locais de mel, Dave Schuit, denunciou ao site ‘Organic Health‘ que somente a sua granja perdeu 600 colmeias, o que equivale a 37 milhões de abelhas.
 
Os criadores de abelhas culpam a morte de suas colônias aos neonicotinoides, especialmente o Imidacloprid e a Clotianidina (ambos da Bayer), que são inseticidas geralmente aplicados tanto em sementes como em tratamentos foliares e que penetram no pólen e no néctar.
 
Enquanto a metade dos países da União Europeia, incluindo a Alemanha, limitam legalmente o uso dos neonicotinóides por preocupações ambientais depois que a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos definiu os riscos relacionados, nos EUA continuam sendo um dos mais usados.

No passado, muitos cientistas se esforçaram para encontrar a causa exata da enorme mortandade, um fenômeno que eles chamam de “desordem de colapso de colônia” (DCC). Nos Estados Unidos, por sete anos consecutivos, as abelhas estão em declínio terminal.

O colapso na população mundial de abelhas é uma grande ameaça para as culturas. Estima-se que um terço de tudo o que comemos depende da polinização das abelhas, o que significa que as abelhas contribuem com mais de 30 bilhões de dólares para a economia global.

Um novo estudo publicado na revista Proceedings, da Academia Nacional de Ciências, revelou que os pesticidas neonicotinoides matam as abelhas por danificar o seu sistema imunitário e as tornam incapazes de combater doenças e bactérias.

Após relatar grandes perdas de abelhas após a exposição ao Imidacloprid, foi proibido o seu uso em plantações de milho e girassol, apesar dos protestos da Bayer. Em outra jogada inteligente, a França também rejeitou a aplicação da Clotianidina pela Bayer, e outros países, como a Itália, também proibiram certos neonicotinoides.

Após o recorde de mortes de abelhas no Reino Unido, a União Europeia proibiu vários pesticidas, incluindo os pesticidas neonicotinóides.

Leia mais: Noticias Naturais

Transgênicos: está provado que estes alimentos causam autismo ou câncer?

A decisão da Câmara Federal, de reformar a rotulagem de produtos alimentícios que contêm organismos geneticamente modificados (OGMs), desagradou a muita gente. Embora a proposta aprovada não elimine a obrigatoriedade da informação sobre a presença de transgênicos, ela a torna menos visível, substituindo o triângulo amarelo com o “T” preto pela frase “contém transgênicos”, e apenas quando houver mais de 1% de material geneticamente modificado no produto.

As reações a essa atenuação do alerta obrigatório são mais do que compreensíveis, e quem se opõe a ela tem bons motivos para criticá-la, com base tanto no direito do consumidor quanto no princípio fundamental da transparência: não faz muito sentido, portanto, que se apele para táticas baseadas na disseminação de mentira, medo e desinformação. Mas que são, exatamente, as que vêm ganhando força nas redes sociais.

Primeiro, o medo: houve quem se desse ao trabalho de ressuscitar as alegações feitas pela pesquisadora americana Stephanie Seneff, uma especialista em Inteligência Artificial (e não em Agricultura, Medicina ou Epidemiologia) do MIT, de que o glifosato – um pesticida normalmente usado em conjunto com variedades transgênicas da companhia Monsanto – tornaria “metade das crianças autistas até 2025”.
O “trabalho” de Seneff se apoia numa correlação entre o aumento no uso de glifosato e do número de casos de autismo registrados nos Estados Unidos, a partir da década de 90. O problema, como qualquer pessoa familiarizada com os truques usados para mentir com estatísticas sabe, é que correlação não corresponde, necessariamente, a causação.

Como nota o blog Respecful Insolence, do oncologista David Gorski, outras coisas que também cresceram nos anos 90 foram o consumo de vegetais orgânicos, o uso da internet e a disseminação de telefones celulares. Será que a internet causa autismo? Que o glifosato estimula a venda de celulares? Que os orgânicos aumentam a vontade de acessar a internet? Gorski montou um gráfico “mostrando” que são os orgânicos que causam autismo, e que é tão impressionante – e válido – quanto o de Seneff.  De fato, um estudo recente publicado no British Medical Journal indica que o aumento registrado nos casos de autismo foi um efeito da mudança dos critérios de diagnóstico e da conscientização sobre o distúrbio, e não de uma elevação real do número de crianças autistas.

É verdade, no entanto, que a Agência Internacional de Pesquisa do Câncer (IARC) decidiu incluir o glifosato em sua Lista 2A, de “prováveis causadores de câncer em seres humanos”. Os detalhes da decisão ainda não foram divulgados, mas é bom lembrar que essa categoria está abaixo da Lista 1 – dos cancerígenos confirmados, como o tabaco – e que a Lista 2A inclui ainda fatores de risco como fumaça de fritura e chá mate quente.

Agora, a mentira: voltou-se a afirmar que existe estudo “comprovando” que transgênicos causam câncer em animais. O trabalho em questão, já desacreditado, é da equipe do pesquisador francês Gilles-Eric Séralini. Entre outras falhas, Séralini usou em seu experimento uma espécie de rato que já tem predisposição para desenvolver câncer – em outras palavras, os bichos provavelmente teriam ficado doentes de qualquer jeito, não importa que comida os cientistas lhes dessem.

E quem traz à tona esse trabalho francês, há mais de um ano repudiado e relegado à lata de lixo da literatura científica pelo mesmo periódico que o publicou originalmente – algum tempo depois, Séralini conseguiu convencer uma segunda revista a dar guarida a seu artigo, mas a comunidade científica continuou muito pouco impressionada – , costuma deixar de mencionar, por ignorância ou má-fé, o resultado publicado recentemente no periódico Journal of Animal Science, que comparou os registros sobre saúde do gado e dos frangos criados nos EUA antes e depois da introdução dos OGMs na ração animal – que hoje é quase 90% transgênica nos Estados Unidos –, e não encontrou nenhuma diferença relevante.

Somados, medo e mentira geram o último item de nossa lista, desinformação, que distorce a percepção de risco, enviesando o debate e as políticas públicas: o uso descontrolado de pesticidas e agrotóxicos, por exemplo, é uma ameaça ao meio ambiente e à saúde humana – mas muito para a saúde dos trabalhadores encarregados de aplicá-los e de suas famílias, e muitíssimo menos para a do consumidor final. A preocupação desproporcional com o agrotóxico que “chega à mesa” mascara o problema maior, assim como o medo infundado de OGMs se sobrepõe a questões realmente graves envolvendo o modelo econômico e o impacto ambiental (independente do copyright do DNA da planta) do agronegócio.

Gente “bem intencionada” que usa esses espantalhos com o pretexto de chamar atenção para os verdadeiros problemas presta um desserviço, ao minar a credibilidade do debate. Não importa quanta atenção seu argumento inicial vá chamar: se ele for demonstravelmente falso, fica muito fácil para o outro lado desacreditar, aos olhos da opinião pública e dos políticos, qualquer ponto válido que você venha a ter.

Fonte: Revista Galileu

Glifosato causará autismo em 50% das crianças até 2025, afirma cientista do MIT

A pesquisadora Stephanie Seneff tem publicado artigos acadêmicos há cerca de 30 anos, sendo que nos últimos ela vem se concentrando na relação entre nutrição e saúde. No final do ano passado, durante uma conferência, surpreendeu a todos os presentes afirmando que “no ritmo atual, até 2025, uma em cada duas crianças será autista”.
A afirmação tem como base suas recentes pesquisas em doenças cardiovasculares, Alzheimer e autismo. Ela estuda o impacto das deficiências nutricionais e toxinas ambientais na saúde humana. Stephanie observou que os efeitos colaterais de toxicidade do glifosato são muito semelhantes aos do autismo. Além disso, ela fez uma relação entre o uso de Roundup (nome comercial de um herbicida a base de glifosato) em plantações com o aumento das taxas de autismo.
A produção do herbicida Roundup, comercializado pela Monsanto, é, há muito tempo, causa de protestos de ambientalistas. Além dos danos ambientais, já há diversas pesquisas que relacionam o uso de glifosato a doenças nos seres humanos. A Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer (AIPC), por exemplo, publicou um relatório confirmando que o uso deste agrotóxico é potencialmente causador de câncer, além de causar alterações na estrutura do DNA e nas estruturas cromossômicas.
O peso das palavras de Stephanie também é grande. A cientista de pesquisa sênior na Ciência da Computação e Inteligência Artificial do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) tem uma página na internet com seus trabalhos que relacionam o glifosato ao autismo, que pode ser conferida aqui.

Fonte: Ciclovivo

quinta-feira, 14 de maio de 2015

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

2014 foi o ano mais quente desde que há registos

A temperatura média do planeta em 2014 foi a mais alta em 135 anos, quando os registos climáticos começaram a ser feitos, segundo indicou o relatório anual divulgado nesta sexta-feira (16/01) pela Nasa e pela Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês).
A temperatura da Terra subiu 0,69 graus centígrados em relação à média registada durante todo o século XX, que é de 13,9 graus, conforme o estudo. Os novos dados superam os recordes registados em 2005 e 2010, quando a temperatura aumentou 0,04 graus.
De acordo com os cientistas, com esses dados, a temperatura média anual do planeta ficou pela 38ª vez consecutiva acima do registado em 1977.
Desde 1880, quando começou o acompanhamento, os últimos 20 anos foram os mais quentes da história. Os cientistas destacaram principalmente o aumento de temperatura no século XXI, pois nove dos dez anos mais quentes ocorreram no novo século.
Em 2014, o oceano aqueceu como nunca. A temperatura média subiu 0,57 graus centígrados acima da média do século XX, superando os recordes de 1988 e 2003, quando foram registadas altas de 0,05 graus centígrados.
A temperatura da superfície da Terra também aumentou um grau em relação à média do século XX, transformando-se na quarta maior desde 135 anos.
Além disso, 2014 foi para Islândia, Reino Unido, França, Suécia, Alemanha, Áustria e Suíça o ano mais quente desde que os registos climáticos estatais tiveram início. Na Espanha, Dinamarca e Finlândia foi o segundo ano mais quente da história.
A média anual de neve que cobriu o hemisfério norte ao longo de 2014 foi de 64,5 milhões de quilómetros quadrados. Os cientistas destacam que o número ficou abaixo da média no primeiro semestre, apesar de ter crescido consideravelmente até dezembro.
A extensão de gelo no Ártico foi de 28,46 quilómetros quadrados, a sexta menor quantidade em 36 anos. Porém, na Antártida, foram registados 33,87 quilómetros quadrados, recorde de extensão pelo segundo ano consecutivo.
O documento destaca também que seis meses de 2014 (maio, junho, agosto, setembro, outubro e dezembro) foram os mais quentes de 135 anos. Enquanto abril foi o segundo mês com temperaturas mais altas desde o início dos registos.
Além disso, os cientistas destacam que as temperaturas num mês nunca aumentaram tanto como em dezembro, quando foram 0,77 graus mais altas do que em todos os meses de dezembro do século XX.

Fonte: Esquerda.net