O
Brasil deve recuperar a natureza pública de seus recursos naturais e
romper com a lógica mesquinha da mercantilização desse potencial
estratégico.
A catástrofe de Mariana e a ação criminosa desenvolvida pelas empresas
Samarco e Vale trazem ao centro da cena o debate a respeito do processo
de mercantilização crescente da ação do ser humano sobre o meio
ambiente. O aprofundamento da tendência de acumulação de capital em
escala planetária tem transformado, de forma crescente e alarmante, a
exploração dos recursos naturais em mais um espaço de multiplicação dos
ganhos econômicos e financeiros.
Na perspectiva da reprodução
ampliada da acumulação do capitalismo, tudo se transfigura. Água não é
mais apenas água. Mar deixa de ser simplesmente mar. Atmosfera passa a
significar muito mais do que a mera atmosfera. A definição de subsolo
extrapola o limitado sentido de tudo que está baixo do solo. Alguém aí
mencionou preocupação com equilíbrio ecológico sistêmico ou com os
riscos para o futuro do planeta? Bobagem! Don’t worry, my dear! A
eficiência racional do empreendimento privado nos assegura que tudo o
que for feito será para o bem de todos.
Mercantilização: dos serviços públicos ao meio ambiente.
No
caso brasileiro, a onda neoliberal dos anos 1990 conseguiu avançar na
privatização de importantes setores que, tradicionalmente, eram
encarados como sendo de fornecimento de bens e serviços públicos. Dessa
forma, os horizontes de investimento capitalista se ampliaram para além
da energia, das comunicações, dos transportes, da segurança, da
previdência, da educação e da saúde – só para citar apenas alguns
exemplos. Passaram todos a se constituir em ramos de possível acumulação
de capital.
Esse movimento se combina à ampliação também do
potencial de exploração “empreendedora” sobre o meio ambiente. A opção
por definir políticas públicas prioritárias para o novo modelo de
exploração pós-colonial (re) transformou nosso País em explorador e
exportador de produtos primários. Sejam eles associados às atividades do
complexo do agronegócio concentrador e espoliador, sejam aqueles
associados à extensa rede da extração de produtos minerais.
O
desastre de Mariana revela justamente toda a maldade e a crueldade
envolvidas na gestão de um grande empreendimento econômico cujo único
foco seja a maximização de resultados para os ganhos exclusivos de seus
proprietários e acionistas. Ao contrário do que tentou divulgar uma
parte dos meios de comunicação, não existiu nada de “natural” nem de
“inevitável” naquele terrível acidente. Ou que a empresa teria sido, ela
também, “vítima” do imponderável, como chegou a declarar um secretário
do governo de Minas Gerais.
Eficiência (sic) privada leva à catástrofe.
Muito
pelo contrário, todos os indícios apontam para a negligência da Samarco
e de órgãos públicos municipais, estaduais e federais envolvidos no
tema. As licenças e autorizações de funcionamento da mina e da barragem
haviam vencido meses antes do ocorrido e nada foi feito para corrigir
essa falha. Outras minas e barragens semelhantes apresentam riscos
parecidos e a população da região próxima vive, há tempos, um clima de
tensão permanente a respeito da possibilidade de novas rupturas.
No
entanto, como a dinâmica empresarial se move apenas pela lógica da
maximização de resultados, as corporações solenemente ignoram a
necessidade de realizar despesas para minimização de riscos ou mesmo
interromper as atividades para evitar eventos indesejados. Não! Em busca
do lucro, aceleram-se os padrões de exploração dos minérios, custe o
que custar.
Frente ao desastre acontecido, desnudam-se os
interesses envolvidos. Governo federal e governo estadual calam-se,
evitando dar os nomes aos bois. Afinal, a Samarco é uma empresa cuja
composição acionária é 50% da Vale e 50% da BHP Billiton, um poderoso
grupo anglo-australiano do ramo. As relações incestuosas entre setor
público e setor privado são de tal ordem, que as ações pós-acidente
continuaram a ser coordenadas pela própria empresa e não pelos órgãos do
poder público responsáveis pela gestão desse tipo de crise .
Doações eleitorais e rabo preso.
Pouco
a pouco, à medida que as informações relativas a doações para campanhas
eleitorais começam a ser reveladas, percebe-se de forma mais cristalina
o impressionante poder que a Samarco e a Vale exercem sobre os agentes
públicos. Quase todo mundo - em todos os níveis da administração pública
e em todos os grandes partidos políticos - estava de rabo preso. Haviam
recebido recursos milionários para custear as despesas do pleito e não
ousavam aplicar à Samarco as regras da lei e as punições cabíveis.
Pessoas
que morreram ou se feriram por conta do acidente? Comunidades próximas
que sofreram e sofrerão consequências de toda a ordem por conta do
impacto ocorrido? Cidades e populações que estão sentindo os efeitos
secundários da passagem do mar de lama e o envenenamento do Doce e
demais rios da região? Os efeitos danosos para as atividades econômicas
ao longo de toda a faixa de extensão continental de Minas Gerais e
Espírito Santo? Os impactos da chegada da lama sobre o delta do rio e a
faixa litorânea do Oceano Atlântico? Tudo isso parece não fazer o menor
sentido face à necessidade de preservar os interesses da empresa.
Os
valores de multas inicialmente aventados revelam-se insuficientes face à
dimensão dos malefícios causados e tornam-se irrelevantes frente a
casos comparáveis em outros locais e países. Por outro lado, os valores
tornados públicos para promover as indenizações relativas à reparação de
danos e perdas humanas, materiais e ambientais tampouco são suficientes
para dar conta das necessidades contabilizadas.
O que é mais bilionária: indenização ou sonegação?
A
British Petroleum, por exemplo, fez um acordo para pagar US$ 21 bilhões
ao governo norte-americano, como indenização das consequências do
acidente provocado por vazamento de óleo no Golfo do México em 2010.
Ora, esse montante equivalente a R$ 75 bi é muito superior aos
levantamentos iniciais de R$ 10 a 14 bi para o que ocorreu com a mina da
Samarco. E a maioria dos especialistas avalia que os impactos do caso
brasileiro são muito mais custosos do que o da BP. Mas os espaços
dedicados na imprensa ao tema costumam chamar a atenção para as
dificuldades da empresa - coitadinha! - em dar conta de tal
responsabilidade.
Pouco se fala a respeito de possibilidade
de cobertura do sinistro recorrendo ao expediente do resseguro. Esse
procedimento é obrigatório em empreendimentos desse porte e a sociedade
brasileira gostaria de saber a quantas anda esse dossiê. E mesmo, no
limite, nada se debate sobre alternativa da União se valer do expediente
da estatização do patrimônio da empresa concessionária e de sua
controladora para fazer face a tal obrigação. Esses são casos típicos em
que se pode aplicar o recurso à desapropriação de ativos privados.
Inclusive pelo fato de que a Vale encabeça a lista dos maiores grupos
devedores à União, com quase R$ 42 bilhões de dívidas tributárias não
quitadas. Em português claro: crime de sonegação.
Afinal,
nunca é demais recordar que a Cia Vale do Rio Doce foi privatizada a
preço de banana em maio de 1997, tendo sido sua propriedade entregue ao
capital privado por apenas R$ 3,3 bilhões. A título de comparação, para
se ter uma noção de quão irrisório foi o valor da negociata, naquele
mesmo ano, o lucro líquido da Vale foi quase 4 vezes superior ao valor
da venda de seu patrimônio: R$ 13 bi. E na sequência, os lucros anuais
foram sempre bilionários, atingindo o recorde histórico em 2011, quando
chegou à cifra de R$ 37 bi.
É claro que não se pode
assegurar que, fosse a Vale ainda uma empresa estatal do governo
federal, um acidente desse porte jamais teria acontecido. No entanto, o
fato de ela estar na esfera pública, de forma mais transparente e
direta, certamente poderia contribuir para um sistema mais adequado de
controle de seu desempenho operacional. Isso porque a situação atual -
por mais contraditório que possa parecer - da trama de poder da Vale
envolve uma participação acionária majoritária do BNDES e de fundos de
pensão vinculadas a empresas estatais. Isso significa dizer que a União
teria 60,5% do poder na assembleia de acionistas. Ou seja, a velha
estória de recursos públicos sendo apropriados e comandados pelo capital
privado.
Enfim, seja a Vale um empresa estatal ou privada,
o fato relevante é que as orientações de sua exploração sobre o solo e
subsolo de nosso País devem passar por uma profunda reavaliação. Isso
significa recuperar a natureza pública de nossos recursos naturais e
romper com a lógica mesquinha da mercantilização desse potencial
estratégico. Afinal, exportar minério de ferro extraído do Brasil a
preços aviltantes para uma empresa do grupo na China e importar os
trilhos lá manufaturados para construir as suas ferrovias em território
brasileiro não é a melhor solução.
* Paulo Kliass é
doutor em Economia pela Universidade de Paris 10 e Especialista em
Políticas Públicas e Gestão Governamental, carreira do governo federal.
Fonte: Carta Maior
quinta-feira, 26 de novembro de 2015
Comissão do Senado aprova projeto que afrouxa licenciamento ambiental
Proposta que fixa limite máximo de oito meses para que órgãos técnicos
aprovem obras estratégicas é criticada por ambientalistas.
Vinte dias depois da maior tragédia ambiental da história do Brasil, a Comissão de Desenvolvimento Nacional do Senado aprovou, na quarta-feira 25, por 7 votos a 2, o projeto de lei que cria o licenciamento ambiental especial, também chamado de processo "fast-track" (caminho expresso, em inglês). A proposta, de autoria do senador Romero Jucá (PMDB-RR), afrouxa as regras de licenciamento ambiental para obras consideradas estratégicas, como rodovias, hidrovias, portos, ferrovias, aeroportos e empreendimentos de telecomunicação e energia.
Nas perguntas e respostas abaixo, entenda os principais temas ligados à proposta:
De onde surgiu esse projeto?
O projeto é parte da Agenda Brasil, um conjunto de medidas propostas pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que apregoa uma saída para a crise econômica e para a modernização do País.
Qual é a intenção do projeto?
Os defensores do "fast-track" querem acelerar o licenciamento de obras consideradas estruturantes e estratégicas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e dos programas de concessão.
Quem vai decidir quais obras se encaixam nessa classificação?
Segundo o texto, caberá ao Poder Executivo indicar, por decreto, quais obras terão o status de licenciamento ambiental especial.
O que muda com o licenciamento ambiental especial?
A principal alteração da proposta é criar uma única licença ambiental, a ser emitida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente em um prazo máximo de oito meses.
Como funciona o licenciamento ambiental hoje?
Atualmente, uma obra precisa de três licenças ambientais diferentes: uma licença prévia (que aprova a viabilidade ambiental do projeto), a licença de instalação (necessário para o início da obra) e outra de operação (que permite o seu funcionamento). Cada licença exige estudos específicos por parte das empresas e, no total, todo este processo pode levar até cinco anos.
Por que a alteração é defendida?
Segundo os parlamentares, esta mudança é importante porque obras importantes para o País não podem levar anos para serem aprovadas e porque este atraso encarece os projetos.
Quem defende a proposta?
A proposta foi inicialmente apresentada pelo senador Renan Calheiros (PMDB-AL), como parte da Agenda Brasil. Dentro do governo, o projeto é apoiado pelo ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga (PMDB-PA), e por diversos senadores do PMDB.
E os críticos do projeto, o que dizem?
Organizações em defesa do meio ambiente chamaram a proposta de "retrocesso" e lamentaram "a incapacidade do governo de formular um plano que não enxergue o meio ambiente como entrave”.
Segundo elas, o desastre ambiental de Mariana (MG) mostrou que o País precisa aperfeiçoar – e não desmantelar – as licenças ambientais e os instrumentos de prevenção de danos. Isso, de acordo com as organizações, seria benéfico para o meio ambiente e para o empresariado, que teria maior segurança jurídica e econômica para operar, além de ver reduzidos os conflitos e demandas a que tem de responder.
Ainda segundo as organizações, "a biodiversidade, a sustentabilidade e o equilíbrio ambiental são imprescindíveis para o bem estar da população e para garantir sustentabilidade ao desenvolvimento econômico e social, e por isso, não podem ser submetidos a interesses temporários, tanto no Congresso Nacional quanto no governo federal".
Mas o que os críticos do projeto dizem sobre a demora na concessão de licenças?
As entidades ambientalistas apontam para um estudo da Universidade de Oxford, no Reino Unido, que revelou que os principais motivos do atraso de grandes obras, como hidrelétricas, estão na fase do planejamento, quando custos e prazos são, na maioria das vezes, subestimados.
Em relação à demora na emissão das licenças, organizações ambientais defendem que o problema seria resolvido com uma ampliação do número de servidores dos órgãos ambientais.
Como será a tramitação do projeto?
Da comissão especial, o texto segue para a análise do Plenário do Senado.
Fonte: Carta Capital
Vinte dias depois da maior tragédia ambiental da história do Brasil, a Comissão de Desenvolvimento Nacional do Senado aprovou, na quarta-feira 25, por 7 votos a 2, o projeto de lei que cria o licenciamento ambiental especial, também chamado de processo "fast-track" (caminho expresso, em inglês). A proposta, de autoria do senador Romero Jucá (PMDB-RR), afrouxa as regras de licenciamento ambiental para obras consideradas estratégicas, como rodovias, hidrovias, portos, ferrovias, aeroportos e empreendimentos de telecomunicação e energia.
Nas perguntas e respostas abaixo, entenda os principais temas ligados à proposta:
De onde surgiu esse projeto?
O projeto é parte da Agenda Brasil, um conjunto de medidas propostas pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que apregoa uma saída para a crise econômica e para a modernização do País.
Qual é a intenção do projeto?
Os defensores do "fast-track" querem acelerar o licenciamento de obras consideradas estruturantes e estratégicas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e dos programas de concessão.
Quem vai decidir quais obras se encaixam nessa classificação?
Segundo o texto, caberá ao Poder Executivo indicar, por decreto, quais obras terão o status de licenciamento ambiental especial.
O que muda com o licenciamento ambiental especial?
A principal alteração da proposta é criar uma única licença ambiental, a ser emitida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente em um prazo máximo de oito meses.
Como funciona o licenciamento ambiental hoje?
Atualmente, uma obra precisa de três licenças ambientais diferentes: uma licença prévia (que aprova a viabilidade ambiental do projeto), a licença de instalação (necessário para o início da obra) e outra de operação (que permite o seu funcionamento). Cada licença exige estudos específicos por parte das empresas e, no total, todo este processo pode levar até cinco anos.
Por que a alteração é defendida?
Segundo os parlamentares, esta mudança é importante porque obras importantes para o País não podem levar anos para serem aprovadas e porque este atraso encarece os projetos.
Quem defende a proposta?
A proposta foi inicialmente apresentada pelo senador Renan Calheiros (PMDB-AL), como parte da Agenda Brasil. Dentro do governo, o projeto é apoiado pelo ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga (PMDB-PA), e por diversos senadores do PMDB.
E os críticos do projeto, o que dizem?
Organizações em defesa do meio ambiente chamaram a proposta de "retrocesso" e lamentaram "a incapacidade do governo de formular um plano que não enxergue o meio ambiente como entrave”.
Segundo elas, o desastre ambiental de Mariana (MG) mostrou que o País precisa aperfeiçoar – e não desmantelar – as licenças ambientais e os instrumentos de prevenção de danos. Isso, de acordo com as organizações, seria benéfico para o meio ambiente e para o empresariado, que teria maior segurança jurídica e econômica para operar, além de ver reduzidos os conflitos e demandas a que tem de responder.
Ainda segundo as organizações, "a biodiversidade, a sustentabilidade e o equilíbrio ambiental são imprescindíveis para o bem estar da população e para garantir sustentabilidade ao desenvolvimento econômico e social, e por isso, não podem ser submetidos a interesses temporários, tanto no Congresso Nacional quanto no governo federal".
Mas o que os críticos do projeto dizem sobre a demora na concessão de licenças?
As entidades ambientalistas apontam para um estudo da Universidade de Oxford, no Reino Unido, que revelou que os principais motivos do atraso de grandes obras, como hidrelétricas, estão na fase do planejamento, quando custos e prazos são, na maioria das vezes, subestimados.
Em relação à demora na emissão das licenças, organizações ambientais defendem que o problema seria resolvido com uma ampliação do número de servidores dos órgãos ambientais.
Como será a tramitação do projeto?
Da comissão especial, o texto segue para a análise do Plenário do Senado.
Fonte: Carta Capital
Falta de recursos atrasa políticas públicas de reciclagem
A cinco dias da Convenção das Nações Unidas sobre o Clima (COP 21), em Paris, que pretende alcançar um acordo entre representantes de diversos países para frear o aquecimento global e impedir que a temperatura suba mais de dois graus Celsius até o final do século, Porto Alegre discutiu os planos municipais, estaduais e nacional para gestão de resíduos sólidos no 6º Congresso de Gestão Ambiental, promovido pelo Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais (Ibeas) e realizado no Centro Universitário Metodista IPA.
No Rio Grande do Sul, 399 municípios encaminham seus resíduos
sólidos para descarte final em aterros sanitários, 97 fazem o descarte
em aterros controlados (categoria intermediária entre lixão e aterro
sanitário, com cobertura de grama e argila), e apenas um ainda utilizada
lixões para despejar seus resíduos. No total, 74% cidades dependem de
11 aterros sanitários compartilhados, geridos tanto pelo poder público
quanto pelo privado. O Estado conta com 60 unidades de disposição de
resíduos sólidos urbanos. Destas, somente 19 são consideradas adequadas.
Em todo o Rio Grande do Sul, somente o aterro de Minas do Leão tem
capacidade de absorver a quantidade de lixo produzida pela Capital, onde
são recolhidas, diariamente, 2 mil toneladas de resíduos. Destes,
somente 100 toneladas são de recicláveis. O diretor-geral do
Departamento Municipal de Lixo Urbano (DMLU), André Carús, ressalta que a
ausência de separação nas próprias residências dificulta o trabalho
final e o encaminhamento dos resíduos para as unidades de triagem
encarregadas da reciclagem. “Além da fiscalização, estamos aplicando
multas e punições mais severas”, contou o diretor. A ideia é resguardar a
parte da população que já está ciente da importância da separação de
lixo e estimular aqueles que ainda não o fazem.
Durante o congresso, Carús detalhou o Plano Municipal de
Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos da Capital, apresentando em
novembro de 2014. “Dentro das 46 ações previstas no plano, 60% já foram
implementadas ou estão em execução. As que ainda não começaram dependem
umas das outras para iniciar ou de órgãos externos ao DMLU, como a
Secretaria Municipal do Meio Ambiente e de Urbanismo. O que acaba
dificultando é a falta de recursos, nosso cobertor ainda é
insuficiente”, comentou. Carús também ressaltou a gravidade da conexão
entre as condições climáticas e os resíduos encaminhados de forma
inadequada. “Quando não tem um destino final, seja para aterros ou para
outras centrais, gera um efeito muito forte na geração de gases de
efeito estufa na atmosfera. Na medida que tivermos políticas públicas
que reduzam essas emissões de gases, podemos minimizar os efeitos na
poluição atmosférica.”
Carús ressaltou a importância da Marcha Gaúcha pelo Clima, que
ocorre no próximo domingo, a partir das 11h, no Parque da Redenção. O
diretor-geral concorda com a colocação do norte-americano Marc Weiss,
CEO do Global Urban Development, de que ainda existe uma cultura que crê
que a sustentabilidade não é lucrativa. “Gera renda e oportunidades
principalmente para as pessoas que mais precisam, com dificuldades
sociais mais elevadas. Aqui em Porto Alegre, por exemplo, as políticas
públicas existentes são voltadas aos galpões de reciclagem”, explicou.
Para ele, falta um entendimento maduro de quais tecnologias poderiam
servir. “Como ainda há pouco esclarecimento sobre isso, perdemos até
investimento de empresas. Falta estudo e aprofundamento sobre a
questão”, ponderou.
quinta-feira, 1 de outubro de 2015
Uma Fábula para o Amanhã
ERA UMA VEZ uma cidade no coração do s
Estados Unidos onde todos os seres vivos pareciam estar em harmonia com o
seu ambiente. A cidade ficava em meio a um atabuleiro de prósperas
fazendas, com campos de cereais e pomares nas encostas das montanhas
onde, na primavera, nuvens brancas de flores flutuavam sobre o verde. No
outono, os carvalhos, os bordos e as bétulas criavam um esplendor de
cores que inflamava e tremeluzia sobre um cenário de coníferas. Então
raposas repousavam nas montanhas e cervos cruzavam silenciosamente os
campos, semiocultos nas névoas das manhãs de outono.
Ao longo das estradas, loureiros,
viburnos e amieiros, grandes samambaias e flores selvagens encantavam os
olhos dos viajantes na maior parte do ano.
Mesmo no inverno, as margens das
estradas eram lugares cheios de beleza, onde inúmeros pássaros vinham se
alimentar das bagas e das sementes das ervas secas que despontavam na
neve. A região campestre era, com efeito, famosa pela abundância e pela
variedade de pássaros, e quando vinha o dilúvio de pássaros migrantes,
na primavera e no outono, as pessoas viajam de grande distancia para
observá-los. Outros vinham pescar nos rios, que corriam límpidos e
gelados das montanhas e continham pequenas lagoas sombrias onde as
trutas se abrigavam. Assim fora desde os dias, muitos anos atrás, em que
os primeiros colonizadores haviam erguido suas casas, cavado seus poços
e construído seus celeiros.
Então uma estranha praga se infiltrou
naquela região e tudo começou a mudar. Algum tipo de feitiço maléfico se
instalou na comunidade: misteriosas doenças atacaram as galinha; o gado
e os carneiros adoeceram e morreram. Por toda parte, pairava a sombra da
morte. Os fazendeiros falavam de muitas doenças em sua família. Na
cidade, os médicos ficavam cada vez mais intrigados com os novos tipos
de doenças que apareciam em seus pacientes. Houve muitas mortes súbitas e
não explicadas, não apenas entre adultos, mas também entre crianças,
subitamente acometidas pela doença enquanto brincavam e morriam em
poucas horas.
Havia uma estranha quietude. Os
pássaros, por exemplo – para onde tinham ido? Muitas pessoas falavam
neles, confusas e inquietas. Os alimentadores de pássaros nos quintais
estavam desertos. Os poucos pássaros que se viam estavam moribundos;
tremiam violentamente e não conseguiam voar. Era uma primavera sem
vozes. Nas manhãs que outrora palpitavam como o coro de pintaroxos,
tordos, pombas, gaios, carriças e diversas vozes de outros pássaros,
agora não havia nenhum som. Apenas o silêncio pairava sobre os campos,
bosques e pântanos.
Nas fazendas, as galinham chocavam, mas
os pintinhos não nasciam. Os fazendeiros se queixavam de que não
conseguiam criar porcos – as ninhadas eram pequenas e os filhotes
sobreviviam apenas poucos dias. As macieiras estavam florescendo, mas
não havia abelhas zumbindo ao redor das flores, portanto não havia
polinização, e não haveria frutos.
As margens das estradas, antes tão
atraentes, estavam agora cobertas por uma vegetação seca e amarronzada,
como se houvesse sido varrida pelo fogo. Também estavam em silêncio,
desertas de tudo o que fosse vivo. Mesmo os rios estavam agora sem vida.
Os pescadores amadores não mais os visitavam, pois todos os peixes
haviam morrido.
Nas calhas, por baixo dos beirais, e
entras a telhas dos telhados, um pó branco granuloso ainda se acumulava
em alguns pontos; algumas semanas antes, ele caíra como neve sobre os
telhados e os gramados, os campos e os rios.
Não havia sido nenhuma bruxaria, nenhuma
ação inimiga que havia silenciado o ressurgir da nova vida nesse mundo
devastado. As próprias pessoas tinham feito aquilo.
Essa cidade não existe realmente, mas
poderia facilmente ter milhares de equivalentes nos Estados Unidos ou em
qualquer parte do mundo. Não conheço nenhuma comunidade que tenha
passado por todos os infortúnios que descrevo. Ainda assim, cada um
desses desastres ocorreu, de fato, em algum lugar, e muitas comunidades
reais já sofreram um bom número deles. Um espectro lúgubre se insinuou
entre nós quase sem que percebêssemos, e essa tragédia imaginada pode
facilmente se tornar uma crua realidade que todos devermos conhecer.
O que já silenciou as vozes da primavera
em numerosas cidades dos Estados Unidos? Este livro é uma tentativa de
explicar o ocorrido.
Uma fábula para o amanhã. In: CARSON, Rachel, Primavera Silenciosa: São Paulo, Edição Melhoramentos, 1962.
Acesse o livro aqui
quarta-feira, 16 de setembro de 2015
“Mudanças climáticas têm muito mais a ver com capitalismo do que com carbono”, diz Naomi Klein
O novo livro da autora e ativista Naomi Klein vai explorar como nosso atual ”modelo de economia está em guerra com a vida na Terra”.
O título do livro não é difícil de ser entendido: Isso muda tudo: Capitalismo versus Meio ambiente.
Esperado para setembro, o novo trabalho da jornalista, ativista e intelectual canadense Naomi Klein tem sido divulgado em um vídeo que expõe seus principais temas e argumento central.
”Em dezembro de 2012, um grupo de cientistas foi até o palco da União Geofísica Americana para apresentar um artigo”, diz a narradora do vídeo – a própria Klein – enquanto imagens mostram o crescimento urbano e a queimada de lavouras.
E a narração continua:
O artigo foi intitulado ”A Terra está ferrada?”. E sua resposta foi: ”Sim. Bastante.”’
É para onde a estrada onde estamos está nos levando, mas isso tem menos a ver com carbono do que com o capitalismo. Nosso modelo de economia está em guerra com a vida na Terra. Não podemos mudar as leis da natureza, mas podemos mudar nossa economia falida.
E é por isso que as mudanças climáticas não significam apenas um desastre. É também nossa grande chance de exigir – e construir – um mundo melhor. Mudar ou ser mudado. Mas não se enganem… isso muda tudo.
De acordo com a editora Simon & Schuster, Isso muda tudo é uma ”brilhante explicação de como nossa crise climática nos desafia a abandonar o centro da ideologia do ‘mercado livre’ do nosso tempo, reestruturar a economia global e refazer nossos sistemas políticos”.
Descrita como mais importante e visionário do que seu best-seller anterior, Doutrina do Choque, a nova obra de Klein vai argumentar que a mudança climática não é apenas outro item a ser habilmente arquivado entre impostos e assistência médica. É um alerta que nos chama a ajustar nosso sistema econômico que já está nos extinguindo de diferentes formas.
Klein argumenta meticulosamente que a redução maciça da emissão de efeito estufa é a nossa melhor chance de simultaneamente diminuir as desigualdades, repensar nossas democracias falidas e reconstruir nossas tristes economias locais. Ela expõe o desespero ideológico daqueles que negam a mudança climática, as ilusões messiânicas dos pretensos geoengenheiros e o derrotismo trágico de muitas iniciativas verdes tradicionais.
Esses argumentos não serão novos para quem segue o trabalho de Klein – e os argumentos similares de muitos outros nos últimos anos – mas a expectativa é de que assim como na abordagem anterior sobre o capitalismo moderno em Doutrina do Choque, ela vai apresentar sua análise mais completa da situação atual e sua visão do futuro.Temos de entender o fato de que a revolução industrial que levou prosperidade a nossa sociedade está agora desestabilizando o sistema natural do qual dependem nossas vidas.
Em discurso para um dos maiores sindicatos do Canadá, Klein disse aos membros da Unifor que se foi o tempo em que os trabalhadores e os interesses industriais entregam suas mentes ao que dita a ciência climática sobre o modelo econômico vigente do capitalismo global dominado pelas corporações.
Ela também discutiu a ideia de que as mudanças climáticas não devem ser vistas como um desastre, mas como uma enorme oportunidade para reformar o paradigma político e a luta por justiça global. Ela declarou à plateia de trabalhadores:
A ideia que quero trazer a vocês é que a questão das mudanças climáticas – quando toda a sua economia e implicações são entendidas – é a mais poderosa agenda progressista que já existiu para a igualdade e a justiça social.
Mas primeiro nós temos que parar de fugir da crise climática, parar de deixar isso para os ambientalistas e nos confrontarmos com o problema. Temos de entender o fato de que a revolução industrial que levou prosperidade a nossa sociedade está agora desestabilizando o sistema natural do qual dependem nossas vidas.
”As mudanças climáticas”, ela acrescentou, ”não são um item para você adicionar à lista de coisas com as quais se preocupar. São um alarme para a civilização”.
(Via Jon Queally, do Common Dreams)
Fonte: EcoD
Fonte: Revista Ecológica
quinta-feira, 9 de julho de 2015
Mais de 2 bilhões de pessoas não têm saneamento básico, afirma novo relatório da ONU
Documento lançado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e
pela Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que uma em cada três
pessoas, ou 2,4 bilhões de cidadãos do planeta, não possuem saneamento
básico.
O Fundo da ONU para a Infância (UNICEF) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertaram nesta terça-feira (30) que a falta de progresso no saneamento ameaça enfraquecer a sobrevivência infantil e benefícios para a saúde conquistados por meio de um melhor acesso à água potável.
Responsáveis por acompanhar os avanços dessa meta estabelecida pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), ambas as agências publicaram o Relatório do Programa de Monitoramento Conjunto que revela que uma em cada três pessoas – ou 2,4 bilhões de cidadãos no planeta – carecem de saneamento básico, incluindo 946 milhões de pessoas que defecam ao ar livre.
“Até que todos tenham acesso a saneamento básico adequado, a qualidade do abastecimento de água vai ser prejudicada e muitas pessoas continuarão morrendo de doenças transmitidas pela água e relacionados com a água”, declarou a diretora do departamento de saúde pública da OMS, Maria Neira. “O acesso à água adequada, saneamento e higiene é fundamental para a prevenção e cuidados de 16 das 17 “doenças tropicais negligenciadas”.
Fonte: Nações Unidas
O Fundo da ONU para a Infância (UNICEF) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertaram nesta terça-feira (30) que a falta de progresso no saneamento ameaça enfraquecer a sobrevivência infantil e benefícios para a saúde conquistados por meio de um melhor acesso à água potável.
Responsáveis por acompanhar os avanços dessa meta estabelecida pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), ambas as agências publicaram o Relatório do Programa de Monitoramento Conjunto que revela que uma em cada três pessoas – ou 2,4 bilhões de cidadãos no planeta – carecem de saneamento básico, incluindo 946 milhões de pessoas que defecam ao ar livre.
“Até que todos tenham acesso a saneamento básico adequado, a qualidade do abastecimento de água vai ser prejudicada e muitas pessoas continuarão morrendo de doenças transmitidas pela água e relacionados com a água”, declarou a diretora do departamento de saúde pública da OMS, Maria Neira. “O acesso à água adequada, saneamento e higiene é fundamental para a prevenção e cuidados de 16 das 17 “doenças tropicais negligenciadas”.
Fonte: Nações Unidas
segunda-feira, 29 de junho de 2015
O que torna uma cidade sustentável?
A cidade de Essen, no oeste da Alemanha, foi escolhida a "capital
verde" da Europa para o ano de 2017 – um prêmio dado anualmente pela
Comissão Europeia para exemplos de ações ambientalmente importantes, incluindo esforços locais para melhorar o meio ambiente no perímetro urbano e promover o crescimento sustentável.
Desde 2010, o título é concedido a cidades europeias com população
superior a 100 mil habitantes. A premiação é dada sempre dois anos antes
do período proposto. Para 2016, a vencedora foi Liubliana, na
Eslovênia. A inglesa Bristol ganhou o título para 2015, e a capital
dinamarquesa Copenhague, no ano passado.
Antigo centro de mineração de carvão, no coração do Vale do Ruhr,
Essen foi reconhecida por superar o desafio da sua história industrial e
reinventar-se de maneira ambientalmente sustentável. Depois, tornou-se
exemplo para outras cidades.
Mas o que, afinal, faz uma cidade ser considerada "verde"?
Para o concurso, um grupo independente de especialistas
analisou as cidades com base em fatores como qualidade do ar,
transporte, áreas verdes urbanas e medidas para lidar com as mudanças
climáticas.
George Ferguson, prefeito de Bristol, na Inglaterra, descreve as
mudanças climáticas como "o maior desafio" que as cidades europeias
precisam encarar. Segundo ele, enfrentar isso depende de inovação – e
muitas vezes com bom humor. Exemplo disso é o que ficou popularmente
conhecido como "poo bus", ônibus movido a fezes.
"É o ônibus número dois, e funciona por meio de dejetos humanos. Mas não cheira mal", brinca Ferguson.
O "poo bus" faz parte da campanha de Bristol para reduzir a
emissão de carbono em 40% até 2020. Outras medidas rumo a esse objetivo
são apoiadas por projetos que incentivam o aumento da energia renovável e
a redução no consumo de energia.
Antecessora de Bristol como "capital verde" da Europa, Copenhague tem
ambições ainda maiores quando o assunto é mudança climática. A mais
ousada é extinguir a emissão de carbono até 2025. Na última década, a
cidade já conseguiu reduzir o índice em 40%.
Há ainda mais esforços dos dinamarqueses para aumentar as estruturas
construídas com energia renovável e fomentar o uso adequado das
bicicletas, com programas como o "bike-butler" ("mordomo de bicicleta").
Quando as pessoas estacionam as bicicletas em locais inconvenientes,
os "mordomos" as removem. Mas quando os ciclistas chegam para pegá-las
de volta, eles não são punidos com multa, mas sim cumprimentados de
forma amigável. Pode soar quase inacreditável, mas, além disso, a
bicicleta ainda recebe um banho de óleo nas correias e tem os pneus
cheios.
"Criando soluções aprazíveis e elegantes para quem pedala, tornamos a
atividade ainda mais atrativa", diz Lykke Leonardsen, chefe da agência
municipal que tenta "livrar" Copenhague do carbono.
Aparentemente, funciona. Hoje, em Copenhague, 45% de todos os
deslocamentos para o trabalho e para a escola são feitos de bicicleta.
Além de reduzir a emissão de carbono, uma "cidade verde" deve ser
também literalmente verde. Isso, porém, não significa apenas ter
parques. A expressão da moda em termos de planejamento urbano é
"infraestrutura verde", definida como áreas naturais projetadas para
desempenhar uma série de funções.
Ronan Uhel, da agência europeia de meio ambiente, conceitua a
infraestrutura verde como "uma solução de base natural" que também pode
contribuir para a preservação da biodiversidade.
"Pode estar relacionado à eficiência energética de prédios, pode
suavizar as divisões das nossas paisagens, pode ser útil para regenerar a
acessibilidade aos rios", diz Uhel.
Um grande projeto em Copenhague envolveu a criação de uma rede de
áreas verdes que pode absorver a água das chuvas – resultado de um
replanejamento devido a uma tempestade, em 2011, que causou grandes
danos à infraestrutura da cidade e ameaçou risco de vida a várias
pessoas.
Agora, essas áreas desviam a água da chuva, ajudam a limpar o ar e atuam como espaços conjuntos para a comunidade.
"Isso está esverdeando a cidade, deixando-a mais saudável e atrativa", afirma Leonardsen.
Martin Powell, chefe de desenvolvimento urbano da empresa alemã Siemens no Reino Unido, salienta o quão isso é importante:
"Uma cidade verde é absolutamente essencial para atrair o capital humano que você quer ver trabalhando e vivendo no local", diz.
Powell afirma que os municípios e a iniciativa privada podem "pegar
carona" e colocar a infraestrutura verde para investimentos. Ele sugere
que, quando grandes edifícios passam por uma renovação energética, podem
incluir algumas características.
"Por que não integrar com um telhado verde um lugar permeável, no
lado de fora, para ajudar no escoamento da água vinda da superfície, uma
drenagem sustentável e outras infraestruturas verdes?", sugere Powell.
Ferguson, prefeito de Bristol, finaliza dizendo que as cidades são,
ao mesmo tempo, fontes de muitos problemas, mas também de muitas
soluções.
"Se as cidades podem se tornar um laboratório de mudanças, os
benefícios podem ser espalhados por toda a Europa. Uma cidade, sozinha,
não vai mudar o mundo. Mas se compartilharmos ideias, e também os
problemas, vamos compartilhar as respostas, e aí poderemos mudar o
mundo", conclui.
Fonte: Carta Capital
quinta-feira, 25 de junho de 2015
Pesquisa do IBGE revela que brasileiros reciclam quase 100% das latinhas
O Brasil segue firme na liderança mundial em reciclagem de latas de
alumínio, posto do qual é rei desde 2001. O reaproveitamento no país
chega a 97,9%, segundo o estudo Indicadores de Desenvolvimento
Sustentável Brasil, divulgado pelo IBGE na sexta-feira passada. Mais do
que conscientização ambiental, a reciclagem está ligada ao valor do
material. Quem recicla, garante: latinha de alumínio é ouro!
Na Cooperativa de Educação Ambiental e Reciclagem Sepé Tiaraju, na Zona Norte da Capital, a importância de revender as latas é tanta, que o dinheiro arrecadado com elas serve para pagar o INSS mensal de 25 cooperativados. O preço médio é R$ 3, o quilo. No verão, quando o consumo é maior, a cooperativa consegue arrecadar cerca de 800kg por mês. No inverno, não passam de 600kg.
— De latinha a panelas, o alumínio sempre foi o material mais disputado. É o nosso ouro! — confirma a coordenadora da cooperativa Núbia Luísa Vargas dos Santos, 27 anos.
Filha de recicladores, Núbia estudou só até a quarta série e sempre trabalhou na mesma área dos pais. Ela afirma tirar da reciclagem o sustento para os dois filhos – de dois e oito anos. Por mês, Núbia recebe R$ 1,2 mil.
— Não me considero lixeira, sou recicladora. Tenho orgulho do meu trabalho porque estou ajudando a melhorar o meu planeta. Se mais as pessoas tivessem consciência da importância de selecionar o material, teríamos menos problemas no meio ambiente — acredita Núbia.
Ciclo rápido
Segundo a Associação Brasileira do Alumínio, os 97,9% correspondem a 267,1 mil toneladas de sucata de latas recicladas, o mesmo que 19,8 bilhões de unidades, ou 54,1 milhões por dia ou 2,3 milhões por hora.
Hoje, o ciclo da lata de bebida se completa em 30 dias: ela é comprada, utilizada, coletada, reciclada, envasada (cheia de líquido) e volta às prateleiras para o consumo.
Na prensa, Flaubiano Rodrigues da Cruz, 27 anos, um dos cinco familiares de Núbia que vive da reciclagem, vê as latas completarem o ciclo antes de voltarem ao comércio. Desde guri, ele vive do recolhimento do que é descartado pela maioria.
— Consigo tirar o salário suficiente para sustentar meus três filhos e ainda ajudo o meio ambiente — diz, faceiro.
Tesouro no lixo
* Em 2012, o país reciclou 508 mil toneladas de alumínio. Desse total, 267,1 mil toneladas referem-se à sucata de latas de alumínio para bebidas, o que corresponde a 97,9% do total de embalagens consumidas.
* O Brasil é o oitavo maior produtor de alumínio primário, precedido pela China, Rússia, Canadá, Estados Unidos, Emirados Árabes, Austrália e Índia.
* O alumínio pode ser reciclado infinitas vezes, sem perder as suas características no processo de reaproveitamento, ao contrário de outros materiais.
* O alumínio pode ser reciclado tanto a partir de sucatas geradas por produtos de vida útil esgotada, quanto por sobras do processo produtivo.
* Utensílios domésticos, latas de bebidas, esquadrias de janelas, componentes automotivos, entre outros, podem ser fundidos e empregados novamente na fabricação de novos produtos.
* Um quilo é formado por 75 latinhas de alumínio.
* O preço médio do quilo é de R$ 3.
Na Capital
* Em 25 anos de coleta seletiva em Porto Alegre, o DMLU recolheu 15,6 mil toneladas de metais – incluindo latinhas de alumínio.
* Os caminhões do DMLU coletam os resíduos recicláveis em 100% dos bairros e os encaminham para as 19 unidades de triagem (UT) conveniadas. Nesses locais, os trabalhadores fazem a separação (plásticos, papel, embalagens longa vida, vidro, isopor, garrafas plásticas), prensam, agrupam em fardos e negociam autonomamente a venda desses materiais para a indústria de reciclagem e/ou reaproveitamento.
* 15,6 mil toneladas de metais em Porto Alegre foram recolhidas em 25 anos de coleta seletiva em Porto Alegre.
* Segundo o programa de inclusão na reciclagem Somos Todos Porto Alegre, ao menos 4 mil pessoas na Capital vivem da reciclagem.
Fonte: Associação Brasileira do Alumínio, Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade e DMLU
*Diário Gaúcho
Disponível em: Zero Hora
Na Cooperativa de Educação Ambiental e Reciclagem Sepé Tiaraju, na Zona Norte da Capital, a importância de revender as latas é tanta, que o dinheiro arrecadado com elas serve para pagar o INSS mensal de 25 cooperativados. O preço médio é R$ 3, o quilo. No verão, quando o consumo é maior, a cooperativa consegue arrecadar cerca de 800kg por mês. No inverno, não passam de 600kg.
— De latinha a panelas, o alumínio sempre foi o material mais disputado. É o nosso ouro! — confirma a coordenadora da cooperativa Núbia Luísa Vargas dos Santos, 27 anos.
Filha de recicladores, Núbia estudou só até a quarta série e sempre trabalhou na mesma área dos pais. Ela afirma tirar da reciclagem o sustento para os dois filhos – de dois e oito anos. Por mês, Núbia recebe R$ 1,2 mil.
— Não me considero lixeira, sou recicladora. Tenho orgulho do meu trabalho porque estou ajudando a melhorar o meu planeta. Se mais as pessoas tivessem consciência da importância de selecionar o material, teríamos menos problemas no meio ambiente — acredita Núbia.
Ciclo rápido
Segundo a Associação Brasileira do Alumínio, os 97,9% correspondem a 267,1 mil toneladas de sucata de latas recicladas, o mesmo que 19,8 bilhões de unidades, ou 54,1 milhões por dia ou 2,3 milhões por hora.
Hoje, o ciclo da lata de bebida se completa em 30 dias: ela é comprada, utilizada, coletada, reciclada, envasada (cheia de líquido) e volta às prateleiras para o consumo.
Na prensa, Flaubiano Rodrigues da Cruz, 27 anos, um dos cinco familiares de Núbia que vive da reciclagem, vê as latas completarem o ciclo antes de voltarem ao comércio. Desde guri, ele vive do recolhimento do que é descartado pela maioria.
— Consigo tirar o salário suficiente para sustentar meus três filhos e ainda ajudo o meio ambiente — diz, faceiro.
Tesouro no lixo
* Em 2012, o país reciclou 508 mil toneladas de alumínio. Desse total, 267,1 mil toneladas referem-se à sucata de latas de alumínio para bebidas, o que corresponde a 97,9% do total de embalagens consumidas.
* O Brasil é o oitavo maior produtor de alumínio primário, precedido pela China, Rússia, Canadá, Estados Unidos, Emirados Árabes, Austrália e Índia.
* O alumínio pode ser reciclado infinitas vezes, sem perder as suas características no processo de reaproveitamento, ao contrário de outros materiais.
* O alumínio pode ser reciclado tanto a partir de sucatas geradas por produtos de vida útil esgotada, quanto por sobras do processo produtivo.
* Utensílios domésticos, latas de bebidas, esquadrias de janelas, componentes automotivos, entre outros, podem ser fundidos e empregados novamente na fabricação de novos produtos.
* Um quilo é formado por 75 latinhas de alumínio.
* O preço médio do quilo é de R$ 3.
Na Capital
* Em 25 anos de coleta seletiva em Porto Alegre, o DMLU recolheu 15,6 mil toneladas de metais – incluindo latinhas de alumínio.
* Os caminhões do DMLU coletam os resíduos recicláveis em 100% dos bairros e os encaminham para as 19 unidades de triagem (UT) conveniadas. Nesses locais, os trabalhadores fazem a separação (plásticos, papel, embalagens longa vida, vidro, isopor, garrafas plásticas), prensam, agrupam em fardos e negociam autonomamente a venda desses materiais para a indústria de reciclagem e/ou reaproveitamento.
* 15,6 mil toneladas de metais em Porto Alegre foram recolhidas em 25 anos de coleta seletiva em Porto Alegre.
* Segundo o programa de inclusão na reciclagem Somos Todos Porto Alegre, ao menos 4 mil pessoas na Capital vivem da reciclagem.
Fonte: Associação Brasileira do Alumínio, Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade e DMLU
*Diário Gaúcho
Disponível em: Zero Hora
sexta-feira, 22 de maio de 2015
Cientistas pedem a suspensão dos transgênicos em todo o mundo
Carta aberta de cientistas de todo o mundo a todos os governos sobre os organismos geneticamente modificados (OGM).
– Os cientistas estão extremamente preocupados com os perigos que os transgênicos representam para a biodiversidade, a segurança alimentar, a saúde humana e animal, e, portanto, exigem uma moratória imediata sobre este tipo de cultivo em conformidade com o princípio da precaução.
– Eles se opõem aos cultivos transgênicos
que intensificam o monopólio corporativo, exacerbam as desigualdades e
impedem a mudança para uma agricultura sustentável que garanta a
segurança alimentar e a saúde em todo o mundo.
– Eles fazem um apelo à proibição de qualquer tipo de patentes de formas de vida e processos vivos que ameaçam a segurança alimentar e violam os direitos humanos básicos e a dignidade.
– Eles querem apoio maior à pesquisa e ao desenvolvimento de uma agricultura não corporativa, sustentável, que possa beneficiar as famílias de agricultores em todo o mundo.
A carta aberta está publicada no sítio Ecocosas, 07-06-2014. No entanto, a carta foi publicada originalmente em 01-09-2000 e encontra-se no sítio inglês ISIS - Institute of Science in Society. A tradução é de André Langer.
Leia mais em: Revista IHU
– Os cientistas estão extremamente preocupados com os perigos que os transgênicos representam para a biodiversidade, a segurança alimentar, a saúde humana e animal, e, portanto, exigem uma moratória imediata sobre este tipo de cultivo em conformidade com o princípio da precaução.
Fonte: http://bit.ly/1ko1zyt |
– Eles fazem um apelo à proibição de qualquer tipo de patentes de formas de vida e processos vivos que ameaçam a segurança alimentar e violam os direitos humanos básicos e a dignidade.
– Eles querem apoio maior à pesquisa e ao desenvolvimento de uma agricultura não corporativa, sustentável, que possa beneficiar as famílias de agricultores em todo o mundo.
A carta aberta está publicada no sítio Ecocosas, 07-06-2014. No entanto, a carta foi publicada originalmente em 01-09-2000 e encontra-se no sítio inglês ISIS - Institute of Science in Society. A tradução é de André Langer.
Leia mais em: Revista IHU
quinta-feira, 21 de maio de 2015
Demanda Bioquímica de Oxigênio
A DBO
representa o potencial ou a capacidade de uma massa orgânica “roubar” o
oxigênio dissolvido nas águas. Mas este “roubo” não é praticado
diretamente pelo composto orgânico, mas sim é resultado da atividade de
microorganismos que se alimentam da matéria orgânica.
Assim, constituem condições básicas para a DBO:
a) A existência de
microorganismos: se for colocada certa quantidade de calda de esgotos em
um frasco com um tanto de água e em seguida esterilizar a solução, não
haverá consumo de oxigênio no frasco. Isto é, a quantidade de oxigênio
dissolvido, inicialmente existente permanecerá a mesma nos dias
seguintes.
b) A existência de
condições aeróbias: não havendo oxigênio dissolvido não pode haver seu
consumo. Além disso, os microrganismos presentes devem ser aeróbicos
(não é possível a respiração anaeróbia em presença de oxigênio). Mas há
condições que merecem ser compreendidas: se o esgoto lançado em um rio
tiver uma parte solúvel e outra sólida, insolúvel ( e geralmente o tem),
esta última irá precipitar-se no fundo do rio ou do frasco, formando
lodo orgânico (ou de esgoto). Assim, embora haja oxigênio na água
superficial, o oxigênio não penetrará no interior do lodo, a não ser que
se induza uma mistura constante. Assim mesmo, será difícil a penetração
do oxigênio no interior das partículas sólidas. O lodo, então, será
decomposto anaerobicamente, enquanto que a parte dissolvida, superior,
terá decomposição aeróbia. Por conseguinte, só a parte superior gerará
demanda bioquímica de oxigênio e não o lodo depositado. Por isso, em
todo corpo d’água com pequena velocidade de escoamento, por melhor
oxigenado que seja, há sempre um ambiente anaeróbio no seu leito. Então,
para que não ocorra atividade anaeróbia, com suas conseqüências nocivas
e desprendimento de maus odores, deve-se adicionar oxigênio suficiente
ao meio para fomentar a atividade aeróbia.
c) A existência de
compostos assimiláveis: se os elementos orgânicos do esgoto não forem
biodegradáveis, não haverá decomposição biológica aeróbia ou anaeróbia.
Por conseguinte, não haverá condições para o desenvolvimento de DBO, uma
vez que não existirão microorganismos consumindo oxigênio.
A decomposição biológica tem um papel
vital na natureza: degradar a matéria orgânica restituindo seus
elementos ao meio. A decomposição aeróbia é mais vantajosa que a
anaeróbica: é mais rápida e não forma subprodutos orgânicos, ainda que
feita à custa do oxigênio do meio, originando a DBO.
A DBO, assim, é um fator positivo dos
ciclos vitais, ainda que seja necessário haver um equilíbrio entre o
consumo e a produção de oxigênio no meio. Para que essa relação não seja
prejudicada, não pode haver consumo excessivo, ou seja, excesso de
alimento em relação ao volume de água, uma vez que as reservas
disponíveis de oxigênio na água são limitadas. A manutenção desse
equilíbrio repousa, pois, em dois princípios ou providências:
1. A quantidade de alimento (esgoto e
outros despejos orgânicos assimiláveis) lançada ao corpo d’água deve ser
proporcional à vazão ou ao volume de água, isto é, à disponibilidade de
oxigênio dissolvido. Assim sendo, a quantidade de esgotos que produz
uma grave poluição se lançada num pequeno rio, extinguindo seu oxigênio,
poderá não causar nenhum dano num grande rio. O conceito de poluição é,
pois, relativo (ao volume de oxigênio do corpo receptor) e nunca
absoluto.
2. Caso a proporcionalidade acima
referida não seja possível, é necessário prover o meio aquático de
fontes adicionais de oxigênio. Isto se faz:
- intensificando sua aeração: a turbulência de um rio que possui cachoeiras ou quedas d’água renova muito mais rapidamente o seu oxigênio, a partir do ar atmosférico. Isto pode ser provocado artificialmente, seja no rio ou no próprio esgoto, antes de ser lançado, mediante borbulhamento de ar comprimido ou forte agitação feita por rotores ou escovas rotativas;
- desenvolvendo condições favoráveis à proliferação e atividade de microorganismos fotossintetizantes tais como as algas microscópicas. Os vegetais clorofilados são fontes primárias de oxigênio na natureza.
Bibliografia: MULLER. A. C., Introdução à Ciência Ambiental; Curitiba – PUC-PR; uso didático. Págs. 67 a 73.
Fonte: Ambiente Brasil
quarta-feira, 20 de maio de 2015
O que é Compostagem
Compostagem é um processo biológico de
decomposição de materais orgânicos feito por microorganismos. Estes
transformam resíduos como folhas, restos de alimentos, estrume, papel e
outros num material semelhante ao solo, chamado de composto e que pode
ser utilizado como adubo em jardins, hortas, quintais, etc. Todos os
resíduos orgânicos se decompõem e a compostagem apenas acelera este
processo. Realizando compostagem de resíduos orgânicos, você devolve ao
solo nutrientes importantes, para que o ciclo de vida possa continuar. O
composto já pronto parece com o solo, de cor marrom escuro, podendo ser
quebradiço e cheirar como o chão de uma floresta.
Os microorganismos são os trabalhadores
atuantes e que fazem a compostagem acontecer. Eles precisam de ar, água e
comida para fazer bem o seu trabalho e é muito importante fornecer a
eles a quantidade necessária.
Tipos de compostagem
Compostagem de quintal –
Se você tem um quintal com folhas caídas, restos de grama ou mesmo
ervas daninhas e restos de alimentos de sua cozinha e outros resíduos
orgânicos, você tem tudo para iniciar a sua compostagem.
Vermicompostagem – Se
você mora em apartamento e tem abundância de restos de comida e outros
resíduos orgânicos, este tipo de compostagem é para você.
Ciclo natural – Se você
tem um quintal e não quer utilizar a grama cortada ou ervas daninhas
arrancadas numa composteira, deixe-os no solo ou sobre a grama para se
decompôr naturalmente. É importante compreender que restos de grama não é
sujeira, mas alimento para o solo e a grama que está plantada.
Razões para você fazer compostagem
- Fazendo compostagem dos restos de comida e resíduos de quintal você reduz o envio de resíduos aos aterros sanitários;
- Você reduzirá significativamente o problema de pragas e uso de pesticidas;
- A compostagem ajuda o solo a ser mais fértil e saudável, ajudando suas verduras, frutas ou mesmo flores do jardim a serem mais saudáveis e resistentes a pragas e doenças;
- Adição de materiais orgânicos ao solo melhora a retenção de umidade;
- Adição de material orgânico decomposto no solo, alimenta os organismos benéficos;
- O composto altera ambos os solos, arenosos e argilosos;
- O composto fornece liberação lenta e equilibrada de nutrientes ao solo. Desta maneira as plantas conseguem aproveitar este nutriente por mais tempo;
- A compostagem economiza dinheiro, sendo desnecessário adquirir fertilizantes químicos;
- Ao alimentar bem as plantas, elas vão melhorar a sua própria dieta. As plantas cultivadas em solos pobres têm um teor de nutrientes reduzido;
- A compostagem doméstica é uma ferramenta valiosa na educação das crianças sobre a natureza e o ciclo da vida
sexta-feira, 15 de maio de 2015
37 Milhões de Abelhas Morrem após o Plantio de Milho Transgênico no Canadá
Dezenas de milhares de abelhas morreram em Ontário desde que o milho transgênico foi plantado há algumas semanas. Um dos produtores locais de mel, Dave Schuit, denunciou ao site ‘Organic Health‘ que somente a sua granja perdeu 600 colmeias, o que equivale a 37 milhões de abelhas.
Os
criadores de abelhas culpam a morte de suas colônias aos
neonicotinoides, especialmente o Imidacloprid e a Clotianidina (ambos da
Bayer), que são inseticidas geralmente aplicados tanto em sementes como em tratamentos foliares e que penetram no pólen e no néctar.
Enquanto a metade dos países da União Europeia, incluindo a Alemanha,
limitam legalmente o uso dos neonicotinóides por preocupações
ambientais depois que a Autoridade Europeia para a Segurança dos
Alimentos definiu os riscos relacionados, nos EUA continuam sendo um dos mais usados.
No passado, muitos cientistas se esforçaram para encontrar a causa exata da enorme mortandade, um fenômeno que eles chamam de “desordem de colapso de colônia” (DCC). Nos Estados Unidos, por sete anos consecutivos, as abelhas estão em declínio terminal.
O colapso na população mundial de abelhas é uma grande ameaça para as
culturas. Estima-se que um terço de tudo o que comemos depende da
polinização das abelhas, o que significa que as abelhas contribuem com
mais de 30 bilhões de dólares para a economia global.
Um novo estudo publicado na revista Proceedings, da Academia Nacional de Ciências, revelou que os pesticidas neonicotinoides matam as abelhas por danificar o seu sistema imunitário e as tornam incapazes de combater doenças e bactérias.
Após relatar grandes perdas de abelhas após a exposição ao
Imidacloprid, foi proibido o seu uso em plantações de milho e girassol,
apesar dos protestos da Bayer. Em outra jogada inteligente, a França
também rejeitou a aplicação da Clotianidina pela Bayer, e outros
países, como a Itália, também proibiram certos neonicotinoides.
Após o recorde de mortes de abelhas no Reino Unido, a União Europeia proibiu vários pesticidas, incluindo os pesticidas neonicotinóides.
Leia mais: Noticias Naturais
Transgênicos: está provado que estes alimentos causam autismo ou câncer?
A decisão da Câmara Federal, de reformar a
rotulagem de produtos alimentícios que contêm organismos geneticamente
modificados (OGMs), desagradou a muita gente. Embora a proposta aprovada
não elimine a obrigatoriedade da informação sobre a presença de
transgênicos, ela a torna menos visível, substituindo o triângulo
amarelo com o “T” preto pela frase “contém transgênicos”, e apenas
quando houver mais de 1% de material geneticamente modificado no
produto.
As reações a essa atenuação do alerta obrigatório são mais do que compreensíveis, e quem se opõe a ela tem bons motivos para criticá-la, com base tanto no direito do consumidor quanto no princípio fundamental da transparência: não faz muito sentido, portanto, que se apele para táticas baseadas na disseminação de mentira, medo e desinformação. Mas que são, exatamente, as que vêm ganhando força nas redes sociais.
Primeiro, o medo: houve quem se desse ao trabalho de ressuscitar as alegações feitas pela pesquisadora americana Stephanie Seneff, uma especialista em Inteligência Artificial (e não em Agricultura, Medicina ou Epidemiologia) do MIT, de que o glifosato – um pesticida normalmente usado em conjunto com variedades transgênicas da companhia Monsanto – tornaria “metade das crianças autistas até 2025”.
O “trabalho” de Seneff se apoia numa correlação entre o aumento no uso de glifosato e do número de casos de autismo registrados nos Estados Unidos, a partir da década de 90. O problema, como qualquer pessoa familiarizada com os truques usados para mentir com estatísticas sabe, é que correlação não corresponde, necessariamente, a causação.
Como nota o blog Respecful Insolence, do oncologista David Gorski, outras coisas que também cresceram nos anos 90 foram o consumo de vegetais orgânicos, o uso da internet e a disseminação de telefones celulares. Será que a internet causa autismo? Que o glifosato estimula a venda de celulares? Que os orgânicos aumentam a vontade de acessar a internet? Gorski montou um gráfico “mostrando” que são os orgânicos que causam autismo, e que é tão impressionante – e válido – quanto o de Seneff. De fato, um estudo recente publicado no British Medical Journal indica que o aumento registrado nos casos de autismo foi um efeito da mudança dos critérios de diagnóstico e da conscientização sobre o distúrbio, e não de uma elevação real do número de crianças autistas.
É verdade, no entanto, que a Agência Internacional de Pesquisa do Câncer (IARC) decidiu incluir o glifosato em sua Lista 2A, de “prováveis causadores de câncer em seres humanos”. Os detalhes da decisão ainda não foram divulgados, mas é bom lembrar que essa categoria está abaixo da Lista 1 – dos cancerígenos confirmados, como o tabaco – e que a Lista 2A inclui ainda fatores de risco como fumaça de fritura e chá mate quente.
Agora, a mentira: voltou-se a afirmar que existe estudo “comprovando” que transgênicos causam câncer em animais. O trabalho em questão, já desacreditado, é da equipe do pesquisador francês Gilles-Eric Séralini. Entre outras falhas, Séralini usou em seu experimento uma espécie de rato que já tem predisposição para desenvolver câncer – em outras palavras, os bichos provavelmente teriam ficado doentes de qualquer jeito, não importa que comida os cientistas lhes dessem.
E quem traz à tona esse trabalho francês, há mais de um ano repudiado e relegado à lata de lixo da literatura científica pelo mesmo periódico que o publicou originalmente – algum tempo depois, Séralini conseguiu convencer uma segunda revista a dar guarida a seu artigo, mas a comunidade científica continuou muito pouco impressionada – , costuma deixar de mencionar, por ignorância ou má-fé, o resultado publicado recentemente no periódico Journal of Animal Science, que comparou os registros sobre saúde do gado e dos frangos criados nos EUA antes e depois da introdução dos OGMs na ração animal – que hoje é quase 90% transgênica nos Estados Unidos –, e não encontrou nenhuma diferença relevante.
Somados, medo e mentira geram o último item de nossa lista, desinformação, que distorce a percepção de risco, enviesando o debate e as políticas públicas: o uso descontrolado de pesticidas e agrotóxicos, por exemplo, é uma ameaça ao meio ambiente e à saúde humana – mas muito para a saúde dos trabalhadores encarregados de aplicá-los e de suas famílias, e muitíssimo menos para a do consumidor final. A preocupação desproporcional com o agrotóxico que “chega à mesa” mascara o problema maior, assim como o medo infundado de OGMs se sobrepõe a questões realmente graves envolvendo o modelo econômico e o impacto ambiental (independente do copyright do DNA da planta) do agronegócio.
Gente “bem intencionada” que usa esses espantalhos com o pretexto de chamar atenção para os verdadeiros problemas presta um desserviço, ao minar a credibilidade do debate. Não importa quanta atenção seu argumento inicial vá chamar: se ele for demonstravelmente falso, fica muito fácil para o outro lado desacreditar, aos olhos da opinião pública e dos políticos, qualquer ponto válido que você venha a ter.
Fonte: Revista Galileu
As reações a essa atenuação do alerta obrigatório são mais do que compreensíveis, e quem se opõe a ela tem bons motivos para criticá-la, com base tanto no direito do consumidor quanto no princípio fundamental da transparência: não faz muito sentido, portanto, que se apele para táticas baseadas na disseminação de mentira, medo e desinformação. Mas que são, exatamente, as que vêm ganhando força nas redes sociais.
Primeiro, o medo: houve quem se desse ao trabalho de ressuscitar as alegações feitas pela pesquisadora americana Stephanie Seneff, uma especialista em Inteligência Artificial (e não em Agricultura, Medicina ou Epidemiologia) do MIT, de que o glifosato – um pesticida normalmente usado em conjunto com variedades transgênicas da companhia Monsanto – tornaria “metade das crianças autistas até 2025”.
O “trabalho” de Seneff se apoia numa correlação entre o aumento no uso de glifosato e do número de casos de autismo registrados nos Estados Unidos, a partir da década de 90. O problema, como qualquer pessoa familiarizada com os truques usados para mentir com estatísticas sabe, é que correlação não corresponde, necessariamente, a causação.
Como nota o blog Respecful Insolence, do oncologista David Gorski, outras coisas que também cresceram nos anos 90 foram o consumo de vegetais orgânicos, o uso da internet e a disseminação de telefones celulares. Será que a internet causa autismo? Que o glifosato estimula a venda de celulares? Que os orgânicos aumentam a vontade de acessar a internet? Gorski montou um gráfico “mostrando” que são os orgânicos que causam autismo, e que é tão impressionante – e válido – quanto o de Seneff. De fato, um estudo recente publicado no British Medical Journal indica que o aumento registrado nos casos de autismo foi um efeito da mudança dos critérios de diagnóstico e da conscientização sobre o distúrbio, e não de uma elevação real do número de crianças autistas.
É verdade, no entanto, que a Agência Internacional de Pesquisa do Câncer (IARC) decidiu incluir o glifosato em sua Lista 2A, de “prováveis causadores de câncer em seres humanos”. Os detalhes da decisão ainda não foram divulgados, mas é bom lembrar que essa categoria está abaixo da Lista 1 – dos cancerígenos confirmados, como o tabaco – e que a Lista 2A inclui ainda fatores de risco como fumaça de fritura e chá mate quente.
Agora, a mentira: voltou-se a afirmar que existe estudo “comprovando” que transgênicos causam câncer em animais. O trabalho em questão, já desacreditado, é da equipe do pesquisador francês Gilles-Eric Séralini. Entre outras falhas, Séralini usou em seu experimento uma espécie de rato que já tem predisposição para desenvolver câncer – em outras palavras, os bichos provavelmente teriam ficado doentes de qualquer jeito, não importa que comida os cientistas lhes dessem.
E quem traz à tona esse trabalho francês, há mais de um ano repudiado e relegado à lata de lixo da literatura científica pelo mesmo periódico que o publicou originalmente – algum tempo depois, Séralini conseguiu convencer uma segunda revista a dar guarida a seu artigo, mas a comunidade científica continuou muito pouco impressionada – , costuma deixar de mencionar, por ignorância ou má-fé, o resultado publicado recentemente no periódico Journal of Animal Science, que comparou os registros sobre saúde do gado e dos frangos criados nos EUA antes e depois da introdução dos OGMs na ração animal – que hoje é quase 90% transgênica nos Estados Unidos –, e não encontrou nenhuma diferença relevante.
Somados, medo e mentira geram o último item de nossa lista, desinformação, que distorce a percepção de risco, enviesando o debate e as políticas públicas: o uso descontrolado de pesticidas e agrotóxicos, por exemplo, é uma ameaça ao meio ambiente e à saúde humana – mas muito para a saúde dos trabalhadores encarregados de aplicá-los e de suas famílias, e muitíssimo menos para a do consumidor final. A preocupação desproporcional com o agrotóxico que “chega à mesa” mascara o problema maior, assim como o medo infundado de OGMs se sobrepõe a questões realmente graves envolvendo o modelo econômico e o impacto ambiental (independente do copyright do DNA da planta) do agronegócio.
Gente “bem intencionada” que usa esses espantalhos com o pretexto de chamar atenção para os verdadeiros problemas presta um desserviço, ao minar a credibilidade do debate. Não importa quanta atenção seu argumento inicial vá chamar: se ele for demonstravelmente falso, fica muito fácil para o outro lado desacreditar, aos olhos da opinião pública e dos políticos, qualquer ponto válido que você venha a ter.
Fonte: Revista Galileu
Glifosato causará autismo em 50% das crianças até 2025, afirma cientista do MIT
A pesquisadora Stephanie Seneff tem publicado artigos acadêmicos há
cerca de 30 anos, sendo que nos últimos ela vem se concentrando na
relação entre nutrição e saúde. No final do ano passado, durante uma
conferência, surpreendeu a todos os presentes afirmando que “no ritmo
atual, até 2025, uma em cada duas crianças será autista”.
A afirmação tem como base suas recentes pesquisas em doenças cardiovasculares, Alzheimer e autismo. Ela estuda o impacto das deficiências nutricionais e toxinas ambientais na saúde humana. Stephanie observou que os efeitos colaterais de toxicidade do glifosato são muito semelhantes aos do autismo. Além disso, ela fez uma relação entre o uso de Roundup (nome comercial de um herbicida a base de glifosato) em plantações com o aumento das taxas de autismo.
A produção do herbicida Roundup, comercializado pela Monsanto, é, há muito tempo, causa de protestos de ambientalistas. Além dos danos ambientais, já há diversas pesquisas que relacionam o uso de glifosato a doenças nos seres humanos. A Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer (AIPC), por exemplo, publicou um relatório confirmando que o uso deste agrotóxico é potencialmente causador de câncer, além de causar alterações na estrutura do DNA e nas estruturas cromossômicas.
O peso das palavras de Stephanie também é grande. A cientista de pesquisa sênior na Ciência da Computação e Inteligência Artificial do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) tem uma página na internet com seus trabalhos que relacionam o glifosato ao autismo, que pode ser conferida aqui.
Fonte: Ciclovivo
A afirmação tem como base suas recentes pesquisas em doenças cardiovasculares, Alzheimer e autismo. Ela estuda o impacto das deficiências nutricionais e toxinas ambientais na saúde humana. Stephanie observou que os efeitos colaterais de toxicidade do glifosato são muito semelhantes aos do autismo. Além disso, ela fez uma relação entre o uso de Roundup (nome comercial de um herbicida a base de glifosato) em plantações com o aumento das taxas de autismo.
A produção do herbicida Roundup, comercializado pela Monsanto, é, há muito tempo, causa de protestos de ambientalistas. Além dos danos ambientais, já há diversas pesquisas que relacionam o uso de glifosato a doenças nos seres humanos. A Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer (AIPC), por exemplo, publicou um relatório confirmando que o uso deste agrotóxico é potencialmente causador de câncer, além de causar alterações na estrutura do DNA e nas estruturas cromossômicas.
O peso das palavras de Stephanie também é grande. A cientista de pesquisa sênior na Ciência da Computação e Inteligência Artificial do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) tem uma página na internet com seus trabalhos que relacionam o glifosato ao autismo, que pode ser conferida aqui.
Fonte: Ciclovivo
quinta-feira, 14 de maio de 2015
terça-feira, 20 de janeiro de 2015
2014 foi o ano mais quente desde que há registos
A temperatura média do planeta em 2014 foi a mais alta em 135 anos,
quando os registos climáticos começaram a ser feitos, segundo indicou o
relatório anual divulgado nesta sexta-feira (16/01) pela Nasa e pela
Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA, na sigla
em inglês).
A temperatura da Terra subiu 0,69 graus centígrados em relação à média registada durante todo o século XX, que é de 13,9 graus, conforme o estudo. Os novos dados superam os recordes registados em 2005 e 2010, quando a temperatura aumentou 0,04 graus.
De acordo com os cientistas, com esses dados, a temperatura média anual do planeta ficou pela 38ª vez consecutiva acima do registado em 1977.
Desde 1880, quando começou o acompanhamento, os últimos 20 anos foram os mais quentes da história. Os cientistas destacaram principalmente o aumento de temperatura no século XXI, pois nove dos dez anos mais quentes ocorreram no novo século.
Em 2014, o oceano aqueceu como nunca. A temperatura média subiu 0,57 graus centígrados acima da média do século XX, superando os recordes de 1988 e 2003, quando foram registadas altas de 0,05 graus centígrados.
A temperatura da superfície da Terra também aumentou um grau em relação à média do século XX, transformando-se na quarta maior desde 135 anos.
Além disso, 2014 foi para Islândia, Reino Unido, França, Suécia, Alemanha, Áustria e Suíça o ano mais quente desde que os registos climáticos estatais tiveram início. Na Espanha, Dinamarca e Finlândia foi o segundo ano mais quente da história.
A média anual de neve que cobriu o hemisfério norte ao longo de 2014 foi de 64,5 milhões de quilómetros quadrados. Os cientistas destacam que o número ficou abaixo da média no primeiro semestre, apesar de ter crescido consideravelmente até dezembro.
A extensão de gelo no Ártico foi de 28,46 quilómetros quadrados, a sexta menor quantidade em 36 anos. Porém, na Antártida, foram registados 33,87 quilómetros quadrados, recorde de extensão pelo segundo ano consecutivo.
O documento destaca também que seis meses de 2014 (maio, junho, agosto, setembro, outubro e dezembro) foram os mais quentes de 135 anos. Enquanto abril foi o segundo mês com temperaturas mais altas desde o início dos registos.
Além disso, os cientistas destacam que as temperaturas num mês nunca aumentaram tanto como em dezembro, quando foram 0,77 graus mais altas do que em todos os meses de dezembro do século XX.
Fonte: Esquerda.net
A temperatura da Terra subiu 0,69 graus centígrados em relação à média registada durante todo o século XX, que é de 13,9 graus, conforme o estudo. Os novos dados superam os recordes registados em 2005 e 2010, quando a temperatura aumentou 0,04 graus.
De acordo com os cientistas, com esses dados, a temperatura média anual do planeta ficou pela 38ª vez consecutiva acima do registado em 1977.
Desde 1880, quando começou o acompanhamento, os últimos 20 anos foram os mais quentes da história. Os cientistas destacaram principalmente o aumento de temperatura no século XXI, pois nove dos dez anos mais quentes ocorreram no novo século.
Em 2014, o oceano aqueceu como nunca. A temperatura média subiu 0,57 graus centígrados acima da média do século XX, superando os recordes de 1988 e 2003, quando foram registadas altas de 0,05 graus centígrados.
A temperatura da superfície da Terra também aumentou um grau em relação à média do século XX, transformando-se na quarta maior desde 135 anos.
Além disso, 2014 foi para Islândia, Reino Unido, França, Suécia, Alemanha, Áustria e Suíça o ano mais quente desde que os registos climáticos estatais tiveram início. Na Espanha, Dinamarca e Finlândia foi o segundo ano mais quente da história.
A média anual de neve que cobriu o hemisfério norte ao longo de 2014 foi de 64,5 milhões de quilómetros quadrados. Os cientistas destacam que o número ficou abaixo da média no primeiro semestre, apesar de ter crescido consideravelmente até dezembro.
A extensão de gelo no Ártico foi de 28,46 quilómetros quadrados, a sexta menor quantidade em 36 anos. Porém, na Antártida, foram registados 33,87 quilómetros quadrados, recorde de extensão pelo segundo ano consecutivo.
O documento destaca também que seis meses de 2014 (maio, junho, agosto, setembro, outubro e dezembro) foram os mais quentes de 135 anos. Enquanto abril foi o segundo mês com temperaturas mais altas desde o início dos registos.
Além disso, os cientistas destacam que as temperaturas num mês nunca aumentaram tanto como em dezembro, quando foram 0,77 graus mais altas do que em todos os meses de dezembro do século XX.
Fonte: Esquerda.net
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