A despeito do espaço que o tema tem conquistado na agenda do país, nem
os programas partidários eleitorais ou os eleitores consideram o meio
ambiente uma área prioritária para a definição do voto na opinião de
alguns especialistas.
“Dados os altos índices de poluição, devastação florestal, mudança
climática etc. [o meio ambiente] somente vai adquirir centralidade para a
população quando questões que afetam seu cotidiano estiverem mais bem
solucionadas”, afirmou Rachel Meneguello, professora do Departamento de
Ciências Políticas da Universidade de Campinas (Unicamp).
Os programas partidários continuam voltados para os temas que estão no topo do ranking
de preocupações apontadas pelos eleitores em pesquisas de opinião. “Em
um cenário em que o poder público não consegue dar conta de questões
básicas, medidas como o fim das sacolas plásticas têm pouca adesão,
porque se sabe que é uma medida muito parcial, e sua implantação afeta o
cotidiano da maioria das pessoas, que não recebeu alternativa para dar
conta, por exemplo, de parte do lixo doméstico”, acrescentou.
O resultado pode ser confirmado com o acompanhamento dos primeiros
programas eleitorais apresentados pelos partidos. “Em São Paulo, todos
os candidatos concentram a temática em problemas de saúde ou transporte,
refletindo as reivindicações básicas do eleitorado para o Poder
Público”, disse a professora, ao acrescentar que esses temas só deixarão
de ser dominantes quando tiverem sido solucionados para a maioria da
população.
Por outro lado, ainda há pouco investimento em uma política de educação
e mudanças de hábitos que possa sustentar medidas importantes nessa
direção. Algumas pesquisas sobre hábitos com relação ao meio ambiente
mostram que as pessoas têm informação sobre os materiais que poluem o
ambiente, mas a reciclagem ainda não atingiu números satisfatórios,
devido à falta de tempo das pessoas, a falta de motivação e a falta de
coleta seletiva no município.
Na semana passada, representantes da organização não governamental SOS
Mata Atlântica lançaram, no Congresso Nacional, um projeto para atrair o
comprometimento de candidatos com a área. Denominado Plataforma
Ambiental 2012, o documento reúne os principais pontos da agenda
socioambiental, que devem ser discutidos, respondidos e solucionados
pelos dirigentes do país, como a implantação da Política Municipal de
Meio Ambiente e o Sistema Municipal de Informações sobre Meio Ambiente,
além da identificação de áreas de preservação permanente (APPs).
“Nunca ouvimos tanto falar em sustentabilidade, mas sustentabilidade
para quem? Muita gente está falando sem saber sequer o que é. Tem gente
prometendo coisas que não vai acontecer porque sequer é competência do
vereador ou do prefeito”, alertou Mario Mantovani, diretor de Políticas
Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica.
Além de atrair o comprometimento de políticos, a proposta é que o
documento também seja usado pelos eleitores para acompanhar e avaliar
seus candidatos, sob pelo menos cinco áreas de ação, como medidas
voltadas ao desenvolvimento sustentável, clima, educação, saúde e
saneamento básico.
“O candidato pode aderir, e o eleitor também pode levar a plataforma
para o candidato e virar uma espécie de avalista desse candidato para
ver se é promessa política ou fato”, acrescentou Mantovani.
Fonte: Agencia Brasil
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