A fumaça liberada por fogões à lenha se tornou uma ameaça à saúde de
grande parte da população mundial, tanto que chamou a atenção da
Organização das Nações Unidas. Não se trata de condenar o forno à lenha
da pizzaria ou do hotel-fazenda especializado em culinária mineira, e
sim de três bilhões de pessoas que ainda cozinham ou se aquecem do frio
por meio da queima de madeira, carvão e mesmo de esterco de gado.
O monóxido de carbono liberado nesses lares – localizados sobretudo na
África e na América do Sul – provoca dois milhões de mortes por ano
causadas por doenças respiratórias, segundo dados da ONU. São mais
óbitos do que os causados pela malária (800 mil anualmente). As maiores
vítimas, pessoas que vivem em condições de extrema pobreza, são mulheres
e crianças – como permanecem mais tempo em casa, ficam mais expostas
aos elementos tóxicos liberados pela queima. Ainda cabe às mães o
trabalho de recolher e carregar troncos e gravetos nas costas, um ritual
diário e extenuante.
Não bastasse o mal causado diretamente às pessoas, os fogões à lenha são
responsáveis pela maior parte do desmatamento no mundo. A República
Democrática do Congo, por exemplo, além de ter suas florestas
diariamente devastadas, sofre com a luta de grupos armados pelo mercado
ilegal de carvão vegetal. Outra nação africana, a Etiópia, tem apenas 4%
de sua vegetação nativa por conta do desflorestamento causado pela
dependência de lenha para cozinhar. Especialistas apontam que o Haiti,
além dos graves problemas sociais, tem a biodiversidade mais ameaçada do
mundo, já que suas matas literalmente viraram combustível.
“Fornos ineficientes são responsáveis por aproximadamente 25% das
emissões de carbono do mundo”, disse Achim Steiner, diretor-executivo do
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). No Peru, por
exemplo, dez milhões de habitantes vivem em casas pequenas e mal
arejadas, nas quais a poluição interna é 30 vezes maior do que o limite
aceito pela Organização Mundial de Saúde (leia mais dados no quadro).
Preocupada com o problema, a ONU pretende distribuir para populações
extremamente carentes 100 milhões de fogões à gás até 2020. Além de
consumir pouco combustível e poluir menos, os eletrodomésticos vão
reduzir o tempo gasto pelas mulheres em atividades do lar,
proporcionando a possibilidade de acesso à educação e a trabalhos fora
de casa. Uma solução simples que resolve vários problemas de uma vez.
Fonte: Isto é
Leia mais: Poluição por fogão a lenha
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