sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Num futuro próximo a água pode ser fonte de conflitos sociais

A medida que os países avançam para um desevolvimento econômico sustentável, a demanda por água aumenta. A crescente produção industrial de bens e alimentos força a um rápido aumento no consumo de água. Mas este recurso fica cada vez mais escasso com a tecnologia para dessalinização da água do mar ou de reciclagem das enormes quantidades do líquido utilizadas nas cidades sendo ainda muito custosa. Alguns estudos predizem que até 2025 poderemos ver algumas guerras originadas pela escacez da água. Portanto, hoje se faz necessário pesquisar sobre novas tecnologias para reaproveitamento da água.
O informe do Millenium da inglaterra indica que “sem importantes mudanças tecnológicas e políticas, podem haver três bilhões de pessoas em 2025 sem água devido às mudanças climáticas pelo crescimento da população e a crescente demanda per capita”.
De acordo com a publicação Next Power & Energy as reservas de água doce estão se esgotando. Do total de água disponível, o mundo somente pode usar 2,5% para o consumo humano. O crescimento econômico e a explosão demográfica no planeta geram maior demanda de um recurso escasso. As estatísticas mostram que uma de cada cinco pessoas não tem acesso à água potável segura.
O documento “Futuro negro para los Glaciares“, editado pelo Greenpeace, indica que a maior parte da água doce do planeta (1,975%) se encontra congelada nos glaciares do mundo, mas o aquecimento global está pondo em perigo a conservação destes espaços.
Em suas páginas, a Nextgen P&E assegura que durante o século passado o uso da água duplicou tão rápido quanto a população global. O principal uso deveria ser para hidratação, mas a agropecuária e a indústria de infraestrutura utilizam a água de forma intensiva.
Água contaminada
Muitas das grandes cidade, e mesmo pequenos povoados, vertem seus dejetos nos rios, ainda são poucas as cidades que aplicam políticas de reciclagem de águas resideciais. Os rios, ao longo de seu trajeto, acumulam resíduos até chegar ao mar. A quantidade de contaminantes é tão grande que já é possível ver do espaço um “continente de plástico”. Mas esta contaminação somente a parte visível, pois os dejetos que não flutuam ocupam espaço no fundo do oceano.
Na América Latina são frequentes as denúncias dirigidas a empresas mineradouras e pretrolíferas pela contaminação de rios. Em algumas cidades como Huaraz, no Perú, é possível encontrar rejeitos da mineração no rio Santa, estes contaminantes são arrastados pela corrente até outras cidades, onde as águas são utilizadas para a rega de campos de cultivo. Além disso, cabe considerar que os pesticidas e químicos utilizados na atividade agrícola podem contaminar a água subterrânea.
Fonte de conflitos
Durante um discurso sobre segurança nacional, Bob Ainsworth, secretário de defesa da Inglaterra, enfatizou que a água se converteria em um ponto de conflito: “nós podemos concluir que as atuais tendências no uso de recursos são insustentáveis, particularmente no contexto do crescimento da população mundial e o aumento das aspirações sociais. A competência no uso de recursos como água, terra cultivável e minerais pode exacerbar os conflitos”.
Adicionalmente, na conferência dos “Cinco maiores riscos” organizada por Goldman Sachs em junho de 2008, os analistas da situação global ressaltaram que uma falta de água catastrófica pode ser a maior ameaça para a humanidade, em comparação com o aumento no preço dos alimentos ou a falta de reservas de energia. Além disso, o especialistas asseguram que os aquíferos subterrâneos podem secar ao mesmo tempo que os glaciares derretem e desaparecem, cortando o fornecimento de água doce aos rios do planeta. Este cenário coloca muito poder nas mãos das empresas que fornecem água potável às cidades, inclusive alguns analistas indicam que estas empresas poderiam formar um “cartel da água”.
Para os especialistas na Nextgen P&E um cenário social em que poucos possuem controle sobre a água e milhões de pessoas buscam desesperadas acesso a algo do líquido, representa um risco eminente de guerra, sobretudo em países como China, Índia, Paquistão e todo o continente africano. Além disso, o risco se mostra ainda maior em países com acesso à armas nucleares.
Por outro lado, Steven Lonergan, da Universidade de Victoria, no Canadá, escreveu um artigo para o Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas que é pouco provável que se iniciem conclitos violentos por causa da água. De seu ponto de vista a possibilidade de uma guerra foi utilizada para aumentar o interesse nos meios de comunicação ou com finalidades políticas.
Lonergan descarta um conflito armado pela água, não descarta a possibilidade de originar algumas crises de índole econômica pela falta de água. Uma forte seca em uma região “pode afetar o resto do mundo, ameaçando o fornecimento de alimentos e o desenvolvimento econômico global. A comissão as Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável chega a conclusão de que estes programas poderiam resultar em uma série de crises de água a nível local e regional, com graves consequências a nível mundial”.
Recomendações
Em seu artigo, a Nextgen P&E ressalta que os Estados Unidos conseguiram um grande avanço em otimizar o uso da água com leis como a Clean Water Act. Além disso, indica-se que é necessário considerar tecnologias como a dessalinização do mar e a reciclagem, mas para um efetivo desenvolvimento nessa linha, os bancos devem considerar condições adequadas de financiamento para as centrais de tratamento de água, pois são projetos de longo prazo.

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