A cinco dias da Convenção das Nações Unidas sobre o Clima (COP 21), em Paris, que pretende alcançar um acordo entre representantes de diversos países para frear o aquecimento global e impedir que a temperatura suba mais de dois graus Celsius até o final do século, Porto Alegre discutiu os planos municipais, estaduais e nacional para gestão de resíduos sólidos no 6º Congresso de Gestão Ambiental, promovido pelo Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais (Ibeas) e realizado no Centro Universitário Metodista IPA.
No Rio Grande do Sul, 399 municípios encaminham seus resíduos
sólidos para descarte final em aterros sanitários, 97 fazem o descarte
em aterros controlados (categoria intermediária entre lixão e aterro
sanitário, com cobertura de grama e argila), e apenas um ainda utilizada
lixões para despejar seus resíduos. No total, 74% cidades dependem de
11 aterros sanitários compartilhados, geridos tanto pelo poder público
quanto pelo privado. O Estado conta com 60 unidades de disposição de
resíduos sólidos urbanos. Destas, somente 19 são consideradas adequadas.
Em todo o Rio Grande do Sul, somente o aterro de Minas do Leão tem
capacidade de absorver a quantidade de lixo produzida pela Capital, onde
são recolhidas, diariamente, 2 mil toneladas de resíduos. Destes,
somente 100 toneladas são de recicláveis. O diretor-geral do
Departamento Municipal de Lixo Urbano (DMLU), André Carús, ressalta que a
ausência de separação nas próprias residências dificulta o trabalho
final e o encaminhamento dos resíduos para as unidades de triagem
encarregadas da reciclagem. “Além da fiscalização, estamos aplicando
multas e punições mais severas”, contou o diretor. A ideia é resguardar a
parte da população que já está ciente da importância da separação de
lixo e estimular aqueles que ainda não o fazem.
Durante o congresso, Carús detalhou o Plano Municipal de
Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos da Capital, apresentando em
novembro de 2014. “Dentro das 46 ações previstas no plano, 60% já foram
implementadas ou estão em execução. As que ainda não começaram dependem
umas das outras para iniciar ou de órgãos externos ao DMLU, como a
Secretaria Municipal do Meio Ambiente e de Urbanismo. O que acaba
dificultando é a falta de recursos, nosso cobertor ainda é
insuficiente”, comentou. Carús também ressaltou a gravidade da conexão
entre as condições climáticas e os resíduos encaminhados de forma
inadequada. “Quando não tem um destino final, seja para aterros ou para
outras centrais, gera um efeito muito forte na geração de gases de
efeito estufa na atmosfera. Na medida que tivermos políticas públicas
que reduzam essas emissões de gases, podemos minimizar os efeitos na
poluição atmosférica.”
Carús ressaltou a importância da Marcha Gaúcha pelo Clima, que
ocorre no próximo domingo, a partir das 11h, no Parque da Redenção. O
diretor-geral concorda com a colocação do norte-americano Marc Weiss,
CEO do Global Urban Development, de que ainda existe uma cultura que crê
que a sustentabilidade não é lucrativa. “Gera renda e oportunidades
principalmente para as pessoas que mais precisam, com dificuldades
sociais mais elevadas. Aqui em Porto Alegre, por exemplo, as políticas
públicas existentes são voltadas aos galpões de reciclagem”, explicou.
Para ele, falta um entendimento maduro de quais tecnologias poderiam
servir. “Como ainda há pouco esclarecimento sobre isso, perdemos até
investimento de empresas. Falta estudo e aprofundamento sobre a
questão”, ponderou.
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