sexta-feira, 20 de maio de 2011

Desmatamento recorde em Mato Grosso


A entidade ambientalista WWF Brasil traz reportagem sobre o aumento do desmatamento no estado do Mato Grosso a partir da expectativa de mudança do Código Florestal.

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados nesta quarta-feira (18), em Brasília, apontam para um crescimento de cerca de 540% no desmatamento no Mato Grosso no mês de abril, em comparação com março. A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, demonstrou grande preocupação com o número. “Trata-se de um fato grave, atípico e contraditório. Em um mês, houve no Mato Grosso quase a quantidade total de desmatamentos ocorridos no ano passado”, comentou.

Os números foram apurados pelo sistema Deter do Inpe, que apura focos de desmatamento em grandes áreas em tempo real e tem como principal função alertar o governo para tendências de alta no desmatamento. Em março deste ano, no estado do Mato Grosso, foram detectados 74,7 quilômetros quadrados de desmates. Em abril, o número saltou para impressionantes 405,6 km2. Em toda a Amazônia brasileira o desmatamento passou de 115,6 km2 para 477,4 km2. Portanto, o estado mato-grossense respondeu por 85% dos desmates na região.

Ambientalistas concordam no sentido de apontar uma correlação direta entre o estrondoso aumento dos desmates nas regiões de fronteira do agronegócio mato-grossense e a perspectiva de aprovação do substitutivo que modifica o Código Florestal. O superintendente de conservação do WWF-Brasil, Carlos Alberto de Mattos Scaramuzza, salienta a gravidade da questão. “Os números são um reflexo da promessa feita pelos deputados ruralistas de anistia geral do desmatamento provocado pelo agronegócio”, disse.

Também para Nilo d’Ávila, coordenador de políticas públicas do Greenpeace, ruralistas estão apostando que uma eventual anistia aos desmates possa valer até a data em que o novo texto entre em vigor, com a sanção presidencial. “O mais sintomático disso é que o desmatamento em unidades de conservação e terras indígenas, que normalmente acompanha os índices das demais áreas, não cresceu”, salientou.

George Porto Ferreira, coordenador-geral de zoneamento e monitoramento ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), destaca que desmatamentos significativos foram registrados no entorno do município de Sinop, grande produtor de soja. “Surgiram ainda alguns polígonos de desmatamento nunca antes registrados. Houve expansão para áreas vizinhas de propriedades que trabalham com agricultura”, explicou Porto Ferreira.

Números do WWF-Brasil dão conta de que, em média, a soja apresenta uma lucratividade de R$ 300 a R$ 500 por hectare, mas que atualmente o valor já chega aos R$ 1000. “Essa garantia de lucros extremamente elevados, associada à perspectiva de impunidade generalizada gerada pelas discussões lideradas pelos ruralistas em torno das mudanças do Código Florestal, contribui imensamente para o desmatamento criminoso a que estamos assistindo no Mato Grosso”, declarou Scaramuzza.

Veja vídeo sobre as alterações do Código Florestal de março de 2011:


Fonte: PortoGente

Nenhum comentário:

Postar um comentário